30. Lirios no campo

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Jimin caminhava ao lado de Taehyung, absorto em seus próprios pensamentos. Antes, a ideia de manter Taehyung por perto parecia simples de realizar: ele poderia ser apenas um amigo próximo que serviria na corte real. Mas agora, essa ideia já não lhe parecia tão simples. Manter Taehyung na corte, com a nova consciência de seus sentimentos, soava mais como uma desculpa para tê-lo por perto, não apenas como um aliado, mas como alguém por quem nutria um afeto muito mais profundo.

Perceber isso fez Jimin hesitar. Seria justo oferecer algo assim a Taehyung sem a coragem de confessar seus verdadeiros sentimentos? Querer que o rapaz permanece-se na corte agora poderia significar um pedido implícito para ser mais que um simples membro do castelo... talvez até como um amante. Jimin percebeu, com um toque de surpresa, que esses sentimentos não eram novos—eles já habitavam seu coração havia muito tempo, disfarçados de algo menor.

Enquanto isso, Taehyung também estava imerso em seus próprios dilemas. A voz de seu pai ecoava em sua mente como um fantasma que ele não conseguia afastar. A dúvida sobre como sua família reagiria se soubesse de seus sentimentos pelo príncipe pesava em seus pensamentos. Será que ainda seria aceito por eles, ou seria visto como uma desonra? O temor de perder o laço que mal começara a criar com sua família lhe causava um medo profundo. E, ao mesmo tempo, ele sabia que não iria ignorar o que sentia por Jimin.

Quando finalmente chegaram ao castelo, foram recebidos por uma visão inesperada: os muros estavam sendo reconstruídos, e móveis estavam dispostos do lado de fora para secar. A cena sugeria que algo sério havia ocorrido. Assim que os trabalhadores reconheceram o príncipe, um deles se aproximou, visivelmente aliviado ao vê-los.

— Que bom que estão vivos! O sumiço de vocês durante aquela tempestade horrível deixou todo mundo apavorado! — exclamou o trabalhador. — A família Mangjeol veio ao palácio ontem à sua procura — disse, agora olhando para Taehyung. — Eles estavam furiosos, ameaçando o rei. Mas a rainha conseguiu acalmar tudo, já que você também havia sumido — acrescentou, piscando para Jimin. — Como vocês desapareceram nas terras deles, não dava para culpar a realeza dessa vez. O clima está péssimo por lá... a maioria das concubinas já foi embora, menos a principal.

Jimin sentiu uma onda de preocupação ao pensar em sua mãe, agora isolada no palácio com a concubina que ele tanto temia. Já Taehyung, apesar de toda a tensão da situação, não pôde evitar um pequeno alívio ao saber que sua família se importava o suficiente para procurá-lo. Enquanto processavam as novidades, uma jovem saiu do castelo carregando uma mala, seguida por alguns rapazes que levavam mais pertences. Ela era magra, de cabelos cacheados, e vestia roupas simples, mas com um toque delicado de pequenos lírios bordados.

O rosto de Jimin se iluminou ao reconhecê-la de alguns desenhos que Miguel havia mostrado antes. Ele se aproximou, ansioso, enquanto a jovem olhava para ele com surpresa evidente.

— Você é a Liliana? Sabe onde está o Miguel? — perguntou ele, tentando manter um tom coloquial, apesar da pressa em sua voz.

A moça o observou por um momento, como se estivesse processando uma informação complicada, enquanto os rapazes atrás dela trocavam murmúrios.

— Ih, o Miguel não tava mentindo, olha só... — disse um deles, quase em tom de brincadeira.

— Agora me sinto mal — respondeu o menor, coçando a cabeça, — eu pensei que ele tava rou...

Antes que pudesse terminar, Liliana virou e deu uma batida com a mala nele, fazendo-o calar. Depois, voltou-se para Jimin, visivelmente mais séria.

— Ele está no palácio, Vossa Majestade — respondeu, fazendo uma reverência desajeitada. — Ele foi com minha sogra para acompanhar a rainha.

Os outros rapazes se apressaram em fazer reverências também, enquanto Jimin se despedia e começava a procurar uma carruagem para que pudessem partir o mais rápido possível para o palácio.

Taehyung o deteve, perguntando o que ele estava procurando, e, pouco depois de entender, o puxou para um ponto um pouco afastado do castelo. Jimin, confuso, o seguiu, e logo cavalos selvagens apareceram, surgindo como se tivessem sido chamados por um comando invisível.

— Como assim? Eu entenderia se fossem peixes no mar, mas cavalos? — Jimin perguntou, cada vez mais encantado pelos mistérios que envolviam Taehyung.

— [O patriarca das famílias reais do oceano é o deus do mar e... numa briga com sua irmã, ele criou os cavalos e nessa região tem muitos cavalos selvagens] — sinalizou Taehyung antes de pegar impulso e subir em um dos cavalos, puxando Jimin para montar com ele, com uma facilidade surpreendente.

Jimin tinha agora mais perguntas na cabeça. Ele se agarrava ao rapaz para não cair do cavalo, mas o pensamento que o dominava era um só: Taehyung era também descendente de um deus?

PS: A Atualização em um dia diferente é porque hoje é meu aniversario! Parabéns para mim, mas o presente é para vocês!

Destiny - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora