13. Mangjeol

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Jimin entra na carruagem e suspira.

— [Ele proibiu a viagem?] — sinaliza Taehyung.

— Não, a viagem foi aprovada — Jimin responde.

Taehyung percebe que algo está errado, pois o semblante de Jimin está diferente.

— [O que aconteceu?] — Tae sinaliza, preocupado.

— Vou ter um irmão mais novo... ou irmã — Jimin diz, a voz incerta.

— [Isso não é uma boa notícia?] — Tae sinaliza, curioso.

— Bem, é... mas tem seus "poréns". O bebê é meu meio-irmão, e a existência dele pode... complicar as coisas para minha mãe. — Ele faz uma pausa, como se buscasse as palavras certas. — A concubina que está grávida pode ganhar mais influência agora, por causa da criança. Acredite, eu não odeio o bebê, só... só estou preocupado com minha mãe — Jimin confessa, a preocupação estampada em sua expressão.

Taehyung entende a situação e reflete sobre isso. Algo assim nunca aconteceria com ele. Seu pai sempre foi devoto à memória de sua mãe e nunca se casou novamente, focando apenas em seus deveres reais. E como já havia um herdeiro, o conselho nunca o pressionou para tomar uma nova esposa.

A viagem segue, com a tensão pairando no ar. A cada quilômetro, Taehyung sente o peso da situação em seus ombros, e também o que ele mesmo estava escondendo. A carruagem avança, e o silêncio entre eles fala mais do que qualquer palavra.

Somente ao fim da tarde eles chegam às terras do clã Mangjeol. A família já sabia da visita de Vossa Alteza, pois um mensageiro fora enviado na noite anterior para avisá-los, o que levou a todos a passarem o dia inteiro em preparativos para a chegada ilustre e especulações sobre o verdadeiro motivo da visita.

Ao descer da carruagem, Jimin é recebido com sorrisos e gestos educados. Mas quando Taehyung desce logo em seguida, os olhares se voltam para ele e a mudança no clima é palpável. A matriarca do clã, uma senhora de aparência austera, o observa por um longo momento, seus olhos percorrendo cada detalhe de suas feições. O coração de Taehyung acelera. E a matriarca, com sua expressão fechada, parece saber muito mais do que está dizendo.

— Este é Taehyung — Jimin se apressa a apresentá-lo, sua voz carregada de respeito.

A velha senhora estreita os olhos, observando Taehyung com um olhar que poderia perfurar a alma. Taehyung sente o pânico crescer dentro de si. Ele não pertence a esse lugar. Ele não é um deles então porque essa senhora está o olhando dessa maneira?

— Posso já deduzir o motivo da visita. Ele parece que é um de nós, um possivel bastado — a matriarca declara com uma voz firme. — Estou certa de que quer legitimá-lo, correto?

Taehyung observa a matriarca com atenção e a culpa começa a pesar ainda mais em seus ombros. Tudo isso estava indo longe demais. Seria ele capaz de enganar aquela senhora também? Deixar que ela acreditasse que ele poderia ser um neto ou bisneto dela? Esses pensamentos o consumiam e ele sentia o peso de suas mentiras cada vez mais.

— Sim, mas... — Jimin hesita, tentando encontrar uma forma de explicar sem revelar demais. — Ele é um náufrago. Não lembra dos detalhes de sua vida.

Os olhos da matriarca se estreitam, e ela balança a cabeça lentamente.

— Ah, um náufrago? — Sua voz se enche de dúvida — Nós não sabemos nada sobre ele. Se ele é um de nós, foi criado longe.

Respirando fundo, Taehyun decide se apresentar.

— [Olá, sou Taehyung] — Tae sinaliza, olhando diretamente nos olhos da velha senhora, tentando não demonstrar a confusão interna que sentia.

Ela lança um olhar significativo para Taehyung, como se esperasse que ele revelasse algo mais. Taehyung, lutando para manter a calma, sinaliza com as mãos trêmulas.

— [Acho que tenho 18 anos] — Tae sinaliza, tentando esconder o caos dentro de si.

A matriarca parece calcular algo em sua mente. Após um longo silêncio, ela finalmente fala:

— Todos os homens da casa, com mais de 38 anos, devem se reunir amanhã. Vamos descobrir o que aconteceu.

Uma das criadas, intrigada, questiona a decisão da matriarca:

Criada: — Mas todos, até o...?

Matriarca: — Principalmente ele! — responde a velha senhora, com um olhar firme. — Olhe a cara do rapaz. Ser padre não necessariamente o impediria de ser o pai dele — completa ela, sem rodeios.

O coração de Taehyung batia mais forte. A teia de segredos estava se fechando ao seu redor. Ele estava sendo arrastado para algo maior do que imaginava, e, ao olhar para Jimin, sabia que não poderia escapar tão facilmente dessa vez.

A senhora, já recuperada da emoção inicial, se vira para Jimin e Taehyung com um semblante mais sereno.

— Seus quartos estão prontos — informa ela com um sorriso gentil. — Vocês devem estar exaustos depois de uma viagem tão longa.

Jimin e Taehyung agradecem a hospitalidade, cada um a sua maneira e logo cada um segue para seus aposentos. Os quartos eram confortáveis. E ambos, cansados da jornada e dos eventos do dia, não demoram a se deitar e logo caem no sono profundo.

Destiny - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora