A viagem a cavalo foi desconfortável para Jimin, pois a ausência de uma sela fazia com que ele sentisse cada movimento do animal de forma brusca. Contudo, a beleza ao redor compensava um pouco o incômodo. A brisa do mar se misturava ao perfume das plantas ao longo do caminho, proporcionando uma rara sensação de liberdade. E, claro, a proximidade com Taehyung, enquanto seus braços o envolviam, trazia um conforto inestimável.
Quando finalmente chegaram ao palácio, Jimin notou mudanças significativas no ambiente. O local, que antes parecia desorganizado e quase abandonado em algumas partes, agora exibia uma ordem e disciplina impressionantes. Talvez fosse o reflexo da presença de sua mãe, sempre meticulosa e cuidadosa com os detalhes.
Os dois desceram do cavalo e foram recebidos pelos guardas do palácio, que os anunciaram rapidamente. Em pouco tempo, o duque Mangjeol apareceu, visivelmente ansioso. Ao avistar Taehyung, ele correu até ele e o envolveu em um abraço apertado. O alívio era claro em seu rosto, e suas mãos tremiam levemente enquanto segurava os ombros de Taehyung.
— Graças aos deuses, você está bem! — exclamou o duque, a voz embargada. — Pensei que tinha te perdido de novo!
Taehyung procurou rapidamente uma desculpa para seu desaparecimento, mas Jimin interveio, sentindo-se responsável pela situação.
— Ele lembrou de coisas do passado e teve uma crise. Saímos para ele se acalmar, mas a tempestade nos isolou por um dia inteiro. Desculpem, eu deveria ter informado vocês, mas estava preocupado com ele e priorizei tentar acalmá-lo.
O duque olhou para os dois com desconfiança, mas acabou cedendo, aliviado por saber que ambos estavam bem.
— Você vai voltar conosco, certo? Agora que lembrou das coisas, seria bom passar alguns dias com sua família. Temos muito para conversar — disse o duque, voltando sua atenção para Taehyung.
As palavras trouxeram de volta o antigo medo de Jimin. Era evidente que a família de Taehyung o queria por perto agora, e ele temia que isso pudesse afastá-los. Nesse momento, Miguel surgiu ao lado da rainha, vestido com roupas um pouco diferentes, indicando uma possivel nova posição.
A rainha abraçou Jimin, aliviada, e depois se afastou para conversar com o duque. Miguel olhou para os dois e sorriu, acenando para Jimin e sinalizando um cumprimento para Taehyung, que respondeu com um leve murmúrio de surpresa. Embora a garganta de Taehyung ainda estivesse desconfortável, ele já não sentia tanta dor ao emitir um som.
— Espera aí, você murmurou? Pelo que eu me lembro, você nunca emitia som nenhum! — exclamou Miguel, espantado. — Estou aprendendo língua de sinais para falar com você, sabia?
— Ele lembrou de algumas coisas e está com a cabeça cheia — Jimin interveio novamente, tentando aliviar a situação. — Dê um tempo para ele, Miguel.
— Ele também lembrou que pode emitir sons? — Miguel continuou, curioso, olhando para Taehyung, que revirou os olhos antes de sinalizar.
— [Minha primeira língua é a de sinais. Mesmo que agora eu possa emitir sons, não tenho interesse em aprender a falar. É desconfortável para mim] — respondeu Taehyung, suas mãos ágeis expressando as palavras com fluidez e precisão.
— Vocês vão passar uns dias separados — provocou Miguel. — Vão conseguir?
Taehyung sentiu o peso das palavras, mas manteve a expressão firme. Ele olhou para Jimin antes de sinalizar, com uma determinação que parecia desafiar a própria ideia de separação:
— [Não vamos, não. Jimin pode ir comigo passar uns dias com minha família; eles vão gostar da presença dele] — sinalizou Taehyung, enquanto Miguel tentava entender. Jimin traduzia para ele o que Taehyung disse.
— Ah, mas o Jimin tem que ficar aqui ao lado da mãe dele, pois aquela mulher horrível, a concubina, está tentando minar a popularidade da sua mãe com o povo, para que eles aceitem ela como segunda esposa do rei...
Jimin sentiu o peso da situação cair sobre seus ombros, e olhou para Taehyung com um misto de tristeza e resignação. Taehyung, por sua vez, não gostou do que ouviu. Não era do seu interesse se afastar de Jimin, mas priorizar a presença dele ali em vez de estar com sua família seria estranho. Isso poderia afetar ainda mais a posição de Jimin, levantar suspeitas e colocar sua família contra a realeza novamente.
Após a conversa tensa, Miguel levou a eles seus pertences, que tinham sido entregues no palácio no dia anterior. Ele provocou Jimin ao comentar sobre os desenhos, deixando Taehyung curioso. O rei, escondido à distância, observava os três rapazes com um olhar carregado de ódio e ressentimento. Sua mente trabalhava em silêncio, cada pensamento mais sombrio que o anterior. Suas desconfianças foram confirmadas ao ver o filho de Yuna ali. Para o rei, aquele encontro era como reviver um pesadelo do passado, uma cena que ele desejava esquecer, mas que insistia em voltar para assombrá-lo.
O rei sentiu um frio na barriga ao perceber que Jimin e o filho de Yuna eram tão próximos. O calafrio percorreu sua espinha enquanto pensamentos de pura determinação o consumiam. Se pudesse se livrar de Jimin, não apenas eliminaria aquele fantasma incômodo, mas também abriria caminho para um futuro diferente. Deixaria o lugar de príncipe herdeiro vago, e, talvez, por fim, encontrasse a oportunidade de finalmente viver a sua própria história.
E não importava sua conexão sanguínea de Jimin—não aos olhos do rei. Se livrar dele era uma necessidade para garantir que o passado permanecesse enterrado, e para assegurar que ninguém mais ousasse reviver aquilo que ele desejava tanto apagar.
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Destiny - Vmin
أدب الهواةCriado em uma mundo onde a música é a linguagem do amor, Taehyung, um príncipe órfão de mãe, vive isolado e infeliz por não conseguir falar. Sua condição o condenou a viver em silêncio, em um mundo onde expressar emoções através da música é essencia...