Miguel foi arrancado do sono por mãos que o sacudiam com força, despertando em meio à escuridão. Ele pensou que fosse o príncipe a acordá-lo, mas então, lembrou-se: o príncipe havia partido para uma viagem a alguns dias, sem possibilidade de retorno tão rápido.
Ainda atordoado, Miguel se sentou na cama, tentando enxergar através das sombras e entender o que estava acontecendo. Quando seus pés tocaram o chão, sentiu a água fria subindo por seus tornozelos. Uma onda de adrenalina percorreu seu corpo enquanto ele percebia, com um arrepio, que o quarto estava sendo inundado. A água corria rapidamente ao seu redor, os movimentos amplificados pelos ecos nas paredes de pedra do dormitório.
Sem tempo para pensar, Miguel se lançou para fora do quarto, seus pés escorregando no chão molhado enquanto lutava para manter o equilíbrio. O gosto salgado da água invadiu sua boca, e ele percebeu que não era água comum — era água do mar. Lutando contra a corrente que atravessava os corredores da ala dos criados, ele se perguntou, desesperado, se um tsunami teria atingido a costa, pois, embora o castelo fosse próximo ao mar, as ondas nunca haviam chegado tão longe antes.
A situação fora do quarto era ainda mais desesperadora: partes da ala dos criados estavam submersas, e os gritos ecoavam pelos corredores enquanto os criados tentavam se agarrar a móveis flutuantes ou buscavam refúgio em locais mais altos. As velas apagadas boiavam pela água, junto com mesas e cadeiras viradas, enquanto o caos tomava conta de cada canto.
Miguel tentou controlar sua respiração ofegante, mas tudo ao redor parecia estar sendo engolido pela água. Ele precisava agir rápido. Uma sensação de pânico ameaçou dominá-lo, mas ele sacudiu a cabeça, forçando-se a manter o foco. Precisava entender o que estava acontecendo e ajudar os outros antes que todos fossem arrastados pela correnteza crescente.
Correndo pelo corredor inundado, Miguel chegou ao quarto de sua mãe, encontrando-a no caminho tentando se equilibrar em meio à água que subia rapidamente. Com esforço, conseguiu ajudá-la a leva-la para um lugar seguro. Ela insistia que ele não deveria voltar, que era perigoso demais, mas Miguel não conseguia descansar sabendo que alguns dos criados mais velhos ainda estavam presos lá dentro. Determinado, ele mergulhou de volta para a ala inundada, sua coragem inspirando outros jovens que já haviam escapado a segui-lo.
Juntos, eles conseguiram resgatar os criados mais velhos e finalmente evacuaram a ala submersa. Do lado de fora, encontraram a rainha, que se recusava a deixar o local antes que todos estivessem a salvo, mesmo com o risco de a área em que estavam começar a alagar também. Miguel observou sua postura firme, o olhar determinado que varria o caos ao redor, e naquele momento entendeu por que aquela senhora era tão respeitada, seja pela nobreza ou pelo povo.
Quando os últimos criados deixaram o castelo, um estrondo ecoou, e parte do muro ruiu, mas, por sorte, os destroços não atingiram ninguém. A rainha então os dispensou, permitindo que voltassem a suas casas usando os cavalos do haras. A maioria dos criados morava no castelo, mas tinham familiares em vilarejos próximos, para onde muitos seguiram. No entanto, alguns, incluindo Miguel e sua mãe, decidiram acompanhar a rainha até o palácio.
No caminho, os cavalos que puxavam a carruagem mostraram-se cada vez mais agitados, até que parar se tornou inevitável. A carruagem que levava a rainha, Miguel, sua mãe e a dama de companhia freou em um ponto elevado, teoricamente seguro. A água caía pesada do céu e o vento uivava, mas a agitação dos animais era tão intensa que permanecer na carruagem tornou-se arriscado demais. Todos desceram, preferindo enfrentar a chuva a arriscar um acidente.
Foi então que Miguel olhou em direção ao mar distante e congelou ao ver uma tromba d'água imensa emergir do oceano, mais alta e poderosa do que qualquer outra que já tivesse visto. Mas havia algo de profundamente errado naquela visão — não era apenas uma força da natureza; parecia ter uma vontade própria, uma energia sombria que pulsava em cada gota d'água.
A tromba d'água girou violentamente no horizonte, e de repente se quebrou, arremessando uma massa de água contra uma porção de terra bem afastada de onde estavam mas ainda visivel. Um som estridente, como um grito distante que não parecia humano, cortou o ar, deixando todos os presentes em um silêncio atordoado. Miguel sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e a certeza de que aquilo não era um fenômeno natural tomou conta de sua mente.
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Destiny - Vmin
ФанфикNos confins do oceano e no coração de um reino terrestre, dois mundos colidem através de segredos, alianças políticas e um amor proibido. Jimin, o príncipe herdeiro de um reino humano, luta contra a opressão de um rei cruel e os perigos de uma corte...