24. Algumas verdades

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No final de tudo, Jimin ficou um pouco frustrado por não ter ganhado uma cauda, mas pelo menos conseguia falar. Suas palavras não se transformavam mais em bolhas de ar.

— Eu não virei um tritão — disse, chateado, lançando um olhar de decepção para Taehyung.

— [Isso é mais difícil! Só a minha tia sabe fazer isso corretamente; foi ela quem me transformou] — explicou Taehyung, encarando Jimin com um olhar meio culpado. — [Agora eu posso explicar as coisas com calma, já que você não está mais se afogando].

Jimin ficou em silêncio por um momento, seu olhar fixo nos olhos de Taehyung, como se tentasse ler algo além do que ele sinalizava. Quando percebeu que Taehyung ainda não continuava, a impaciência o dominou.

— Fala logo, então! — Jimin cruzou os braços, tentando manter uma expressão firme

— [Bem, há umas duas semanas, eu te salvei de se afogar. Você estava preso nos destroços de um navio, e eu...] — Taehyung hesitou, escolhendo as palavras. — [Eu não poderia te deixar morrer, então te levei até a praia e depois voltei para o mar].

Jimin ficou surpreso, mas começou a ligar os pontos. O que Taehyung dizia fazia sentido, mas também trazia à tona a realidade de que, sem ele, Jimin não estaria ali agora. Ele tentou organizar os pensamentos, processando a situação.

— [Mas você estava quase morto e eu me senti mal. Então minha tia...] — Jimin o interrompeu:

— A sua tia é a sereia que segurou aquele tritão?

Taehyung assentiu lentamente, desviando o olhar por um segundo, como se aquilo o envergonhasse de alguma forma.

— [Ela fez um feitiço que durava uma semana para eu poder verificar se você estava vivo e para me acalmar. E foi assim que você me encontrou na praia].

Jimin franziu a testa, confuso.

— Se era só para ver se eu estava vivo, por que você ficou na terra? Mentiu para mim e continuou mentindo? 

Taehyung suspirou, tentando reunir a coragem.

— [Eu só... bem, eu queria explorar a terra, e você me deu uma chance de fazer isso] - A franqueza de Taehyung era quase dolorosa para Jimin. Ele sentiu a frustração crescer novamente, mas se controlou. Ele não queria deixar que seus sentimentos sobre Taehyung mudassem de novo tão rapidamente, nem que a mágoa tomasse conta da conversa.

— Então, você é um tritão? Acho que isso vai causar muita confusão no reino. Aquela família era reclusa, mas eles são produtores de insumos importantes para o reino. A família vai culpar a realeza por desaparecerem com outro integrante... e você nem é do clã — disse Jimin, tentando manter a conversa em um tom racional, tentando evitar seus sentimentos conflitantes nela.

Taehyung lembrou-se do que aconteceu no clã e decidiu que precisava ser honesto sobre isso também, mesmo que a verdade fosse complicada e incerta.

— [Talvez... talvez eu seja da família. Yuna era o nome da minha mãe e é basicamente a única coisa que sei sobre ela. O irmão dela parece mais fisicamente comigo que meu próprio pai!]

Jimin olhou para ele, confuso.

— Então, você acha que é um mestiço?

— [Talvez. Quando minha tia voltar, eu vou perguntar a ela sobre isso. E se meu pai estiver mais calmo, vou exigir a verdade].

Jimin fez uma pausa, assimilando a informação.

— Pai? Quem é seu pai?

Taehyung fez uma expressão de desconforto antes de responder:

— [O tritão... aquele que minha tia estava contendo].

Jimin o encarou, processando a revelação.

— O quê? Ele tentou me matar duas vezes! Por que seu pai quer tanto me matar? — Jimin perguntou, a preocupação visível em seu rosto, embora ele não parecesse apavorado.

— [Eu não sei, tá bom?] — sinalizou Taehyung, igualmente confuso. — [Isso tudo não faz sentido, mas acho que ele deve ter te confundido com alguém, tipo... ele te chamou de Sung Hoon mas  você é Jimin].

— Sung Hoon é o nome do rei... meu pai. — Jimin o interrompeu

Antes que pudessem falar mais, a porta da casa se abriu, e Úrsula entrou, acompanhada pelo pai de Taehyung, que agora parecia mais calmo. Mas mesmo em seu aparente controle, o olhar dele sobre Jimin era carregado de ódio. O ambiente ficou tenso. Taehyung foi em frente, posicionando-se entre Jimin e seu pai, as mãos tremendo enquanto sinalizava para o tritão manter distância.

— [Não vou deixar você machucá-lo!] — Taehyung fez os sinais com firmeza.

O tritão rangeu os dentes, mas Úrsula interveio antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, colocando uma mão no ombro do irmão.

— Eu cuido dele, Taehyung. Vá conversar com seu pai. — Sua voz era baixa, mas autoritária.

Taehyung olhou para Jimin uma última vez, hesitando, mas acabou acenando em concordância. Ele sabia que precisava dessas respostas e Jimin estava em boas mãos.

Destiny - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora