Pov: Nina
Acordei com um cheiro forte de suor e cigarro. Meus olhos demoraram alguns segundos para se ajustar à escuridão, mas quando o fizeram, a sensação de pânico já tomava conta do meu corpo. Estava deitada em um chão duro, frio, com os pulsos amarrados por alguma corda que cortava minha pele toda vez que eu tentava me mover. A cabeça doía, latejando por causa do impacto de algum golpe que eu não conseguia lembrar direito.
Tentei me levantar, mas o mundo girou. Minha respiração acelerou, e foi então que percebi: eu estava num lugar desconhecido. Não em casa. Não ao lado de Quinn.
O som abafado de passos ecoava pelo espaço, e vozes — algumas ríspidas, outras sussurradas. Tentei puxar as lembranças de como cheguei ali, mas tudo era um borrão de dor e medo. A última coisa de que me lembrava era estar voltando para casa, depois de uma caminhada noturna. A cidade, como sempre, parecia indiferente à escuridão e à solidão das ruas. Eu estava a poucos quarteirões de casa quando um carro desacelerou ao meu lado. Então, o som de pneus cantando, mãos ásperas me puxando... E depois o vazio.
O gosto metálico de sangue ainda estava na minha boca.
Ouvi uma risada ao longe, rouca e cruel. Cada som parecia amplificado no silêncio que me cercava, e o medo rastejou pela minha espinha como uma serpente, se enrolando em meu corpo. Mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim se recusava a ceder ao pavor completo. Eu sabia por que estava ali. Sabia de quem eram essas vozes.
A Yakuza.
Quinn tinha me contado sobre eles, em uma dessas noites onde ela finalmente desabava, confiando em mim seus segredos mais sombrios. Ela havia trabalhado para eles. Eles a queriam de volta. Mas ela jurou que havia se livrado disso. Eu quis acreditar. E agora eu estava aqui, uma peça nesse jogo perverso, usada para atingi-la.
A raiva misturou-se ao medo. Eles não tinham o direito de me arrastar para isso.
- Ela acordou - uma voz disse, quebrando meus pensamentos. Fria. Sem emoção. Eu não conseguia ver o dono da voz, mas o som de passos se aproximando me fez encolher involuntariamente.
A porta de metal rangeu ao ser aberta, e uma luz forte invadiu o quarto escuro, me cegando por um momento. Eu piscava freneticamente, tentando me ajustar. Quando finalmente consegui, vi dois homens. Ambos vestidos de preto, com tatuagens que cobriam seus braços e pescoços. Um deles sorria, aquele tipo de sorriso que fazia meu estômago revirar.
- Nina, certo? - Ele perguntou, embora soubesse muito bem quem eu era. Não respondi. Apenas o encarei com toda a força que pude reunir, mesmo que por dentro eu estivesse tremendo.
- Você vai cooperar - ele continuou, sem se importar com meu silêncio. - Ou... vai ficar muito pior.
- Kitsune vai te matar - eu disse, sem saber de onde tirei a coragem para falar aquelas palavras. Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza de que ele podia ouvir.
O homem riu.
- Kitsune? - Ele trocou olhares com o outro, que parecia tão impassível quanto uma estátua. - Ela vai vir. É exatamente o que queremos.
O medo, agora, deu lugar a um vazio gelado. Eu sabia o que eles queriam — usar a mim para trazê-la de volta. Para forçá-la a se submeter novamente. Eu não era nada além de uma ferramenta, uma armadilha.
- Você deveria se preocupar menos com ela e mais com o que vai acontecer com você, se ela não seguir as regras - o homem disse, com uma voz que pingava veneno.
Senti uma raiva tão forte que, por um momento, pareceu suprimir o medo. Eles achavam que poderiam usar Quinn, manipular sua mente, jogar comigo como se eu fosse apenas um peão. Mas eles não conheciam Quinn. Não sabiam do que ela era capaz. E eu sabia — com cada fibra do meu ser — que ela viria por mim. Não importava o preço.
Os dois homens ficaram me observando por um tempo, como predadores avaliando sua presa. Então, sem mais palavras, o que estava sorrindo saiu, deixando o outro como guarda à porta. Não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento, a não ser esperar.
Eu fechei os olhos e me forcei a respirar devagar. A imagem de Quinn veio à minha mente, seu rosto atormentado, mas cheio de determinação. Eles haviam cometido um erro. Se achavam que sequestrar-me era o suficiente para dobrá-la, subestimaram a mulher que ele havia se tornado.
Agora, tudo o que eu podia fazer era esperar por ela, torcendo para que, quando chegasse, não fosse tarde demais.
_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-
Mais tarde vou postar a ultima parte ❤️🩹
VOCÊ ESTÁ LENDO
Moments - Kitnina
RomanceAlguns momentos do nosso casal Kitnina para nos deixar de coração quentinho. <3 "-Eu senti tanto a sua falta, Quinn - ela sussurra, e antes que eu possa responder, ela inclina a cabeça e seus lábios tocam os meus. O beijo começa suave, mas logo...