Blame

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Pov: Kit

Eu deveria ter desligado o telefone. Deveria ter respirado fundo, contado até dez, qualquer coisa, mas não... Deixei a raiva me controlar. As palavras saíram como lâminas afiadas, cortando o que mais amo. "Você é controladora", eu disse, e naquele momento pensei que estava certa. Estúpida, arrogante... Como eu pude ser tão cega?

Lembro cada segundo daquela conversa como se estivesse gravada a ferro em brasa na minha mente. O tom das mensagens de Nina, decepcionada, quase suplicando para que eu entendesse o que ela queria dizer. E eu, surda pelo meu próprio orgulho, jogando mais gasolina no fogo. Não me dei conta do que estava por vir, de como a vida pode virar do avesso em questão de minutos.

Agora, seis dias se passaram. Seis dias de silêncio, de vazio. Eu tento imaginar onde ela está, se está com medo, se está machucada... E tudo que consigo pensar é na última coisa que ela disse, "eu me retiro". Desde então, meu coração não voltou a bater no ritmo certo.

A Yakuza sabia onde me atingir, sabia exatamente onde me faria sangrar. Eles sempre souberam. Fui uma idiota ao pensar que poderia fugir deles, que minha vida antiga ficaria para trás sem consequências. Eu deveria ter protegido Nina, deveria ter sido mais esperta. Mas, ao invés disso, estava ocupada jogando nossa relação na lama com uma briga estúpida.

Eu me arrependo de cada palavra dita naquele dia. Se ao menos eu pudesse voltar no tempo... Se pudesse abraçá-la e dizer o quanto sinto muito, o quanto a amo. Mas não posso. E isso me devora por dentro. O que era uma briga tola virou meu pesadelo. Eles a têm, e ela está pagando o preço por algo que eu fiz muito antes dela entrar na minha vida. É isso que mais me dói — a culpa.

A verdade é que eu sempre soube que eles voltariam, mais cedo ou mais tarde. Fui uma peça importante para a Yakuza, fiz coisas das quais me arrependo, mas Nina não tinha nada a ver com isso. Ela não deveria estar envolvida. Nunca quis que meu passado sujasse a nossa vida juntas, mas ele encontrou uma maneira de me alcançar, e ela foi a primeira a sofrer.

Eu fico relembrando nossa última conversa, e as palavras "você é controladora" ficam ecoando na minha cabeça, como se a própria frase tivesse o poder de me castigar. Eu queria poder desfazer tudo, queria que aquelas palavras nunca tivessem saído da minha boca, mas não tem como. Agora, o que resta é a incerteza, o arrependimento e a culpa.

Não durmo há seis dias. Cada vez que fecho os olhos, vejo o rosto de Nina, assustada, em algum lugar escuro. Penso nas mãos imundas da Yakuza sobre ela e sinto a raiva subindo como um incêndio, queimando tudo em mim. Mas a raiva não adianta, não traz ela de volta, não desfaz o que eu fiz. Só aumenta a sensação de impotência.

Eu me pergunto se ela pensa em mim agora, se está com raiva ou com medo. Pior, eu me pergunto se ela se culpa também. Se acha que brigamos porque ela fez algo errado. Isso me destrói. A ideia de que Nina, a mulher que amo mais que tudo, poderia estar achando que de alguma forma isso é culpa dela... Eu falhei com ela. Como esposa, como parceira, como protetora.

Tudo que posso fazer agora é esperar. Esperar e tentar manter a cabeça no lugar para encontrar uma forma de tirá-la dessa. Mas cada segundo que passa sem uma notícia, sem um sinal... é como um lembrete de que, por mais que eu lute, talvez seja tarde demais.

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😭😭

Moments - KitninaOnde histórias criam vida. Descubra agora