Pov: Kit
Eu estava em casa, olhando a tempestade pela janela, quando o telefone tocou. Era Nina. Eu atendi, esperando ouvir sua voz tranquila depois de passar o dia com o irmão. Mas a voz que veio do outro lado da linha era um grito desesperado.
- Quinn! Eu... eu sofri um acidente... preciso de ajuda! - Ela ofegava, e havia algo de terrivelmente errado na sua voz. Meu coração disparou.
- O quê? Onde você está? - Minhas palavras saíram como uma ordem, mas eu estava entrando em pânico. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ouvia os sons ao fundo — chuva batendo no vidro, o vento uivando, e um leve gemido de dor de Nina.
- Na rodovia... um carro derrapou... são quatro carros... bati a cabeça... Quinn, eu estou presa!
Ela tinha ido ver o irmão e, no caminho de volta, ficara presa naquele caos. Só conseguia imaginar a cena — carros espalhados, luzes piscando, a chuva tornando tudo uma névoa confusa. Sem pensar duas vezes, peguei as chaves e corri para a garagem. Não importava quão forte a tempestade estivesse, eu precisava chegar até ela.
[...]
A chuva caía como se o céu estivesse desabando, ofuscando minha visão enquanto eu avançava pela estrada. O limpador de para-brisa mal conseguia acompanhar, e cada curva da rodovia parecia um risco. Eu sentia minhas mãos trêmulas no volante, e minha respiração era curta, controlada apenas pela necessidade de não perder o controle. O medo me consumia. O pensamento de Nina, ferida e sozinha naquela estrada molhada, me apavorava mais do que qualquer tempestade.
Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, avistei as luzes de emergência ao longe. Três carros estavam amontoados na pista, um deles virado de lado. O coração quase saiu pela boca quando vi o carro de Nina no meio deles, amassado, as luzes ainda ligadas.
Estacionei o mais perto que consegui e saí correndo, escorregando na lama e na água. O vento chicoteava meu rosto, mas eu não conseguia pensar em mais nada além de chegar até ela.
- Nina! - Eu gritei, correndo até seu carro. A porta estava amassada, o vidro estilhaçado, e eu a vi, pálida, com a cabeça caída levemente para o lado, o cinto de segurança ainda segurando-a. A chuva batia forte no para-brisa, e seus olhos estavam meio fechados, como se estivesse lutando para se manter consciente.
Com toda a força que eu tinha, puxei a porta, mas ela não se mexia.
- Droga! - Eu bati na janela, tentando chamar sua atenção. Ela virou a cabeça lentamente, me reconhecendo, e seus olhos se encheram de lágrimas.
- Quinn...- Sua voz era fraca, quase um sussurro, mas ela estava viva. Isso era o que importava.
- Eu vou tirar você daí! - Eu prometi, mesmo sem saber como. Meus dedos estavam trêmulos, e tudo parecia desmoronar ao meu redor, mas eu não podia falhar. Não com Nina.
Usei todo o peso do meu corpo para forçar a porta de novo, e finalmente, com um estalo agudo, ela cedeu. Abaixei-me para alcançá-la, sentindo o cheiro de ferro e o toque frio da chuva nos nossos rostos. Soltei o cinto de segurança dela com um puxão rápido, tentando não pensar no sangue na sua testa.
- Amor, você está comigo agora. Vai ficar tudo bem.
Ela olhou para mim, seus olhos cansados, mas cheios de confiança, como se soubesse que eu sempre viria. Com cuidado, passei meu braço em volta dela, ajudando-a a sair do carro.
O vento quase nos derrubou, mas eu a segurei firme, sentindo seu corpo contra o meu. Ela estava tonta, seus passos cambaleantes, mas nós conseguimos nos afastar dos destroços. A cada segundo, meu coração parecia mais leve, como se eu estivesse resgatando mais do que apenas seu corpo — eu estava trazendo de volta a parte de mim que não conseguia viver sem ela.
Quando finalmente estávamos a uma distância segura, eu a puxei para mim, segurando seu rosto com as mãos, ignorando o mundo ao nosso redor. A tempestade rugia, mas naquele momento, só havia nós duas. A tensão, o medo e a adrenalina se transformaram em algo mais profundo, mais intenso. Olhei nos olhos dela, e sem dizer uma palavra, nossos lábios se encontraram em um beijo desesperado e apaixonado. Era como se, naquele instante, toda a dor e o medo tivessem se dissipado, deixando apenas o calor de estarmos juntas, seguras.
Eu podia sentir as lágrimas dela se misturando com a chuva, mas não importava. Nós tínhamos passado por aquilo. Ela estava viva. E eu nunca a deixaria ir.
- Eu te amo - sussurrei contra seus lábios, com a voz rouca.
- Eu também te amo, Quinn - ela respondeu, com uma fraqueza que me partiu o coração, mas ainda assim cheia de amor.
E ali, no meio da tempestade, com a escuridão ao nosso redor, nada mais importava.

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Moments - Kitnina
RomanceAlguns momentos do nosso casal Kitnina para nos deixar de coração quentinho. <3 "-Eu senti tanto a sua falta, Quinn - ela sussurra, e antes que eu possa responder, ela inclina a cabeça e seus lábios tocam os meus. O beijo começa suave, mas logo...