Pov: Kit
Quando recebi a mensagem, meu corpo gelou. Era um número desconhecido, sem identificação. Na tela do celular, uma notificação simples, fria: "Para você, Kitsune." Embaixo, um vídeo. Meu coração já sabia o que era antes mesmo de eu apertar o play. Tremi dos pés à cabeça, minha mente gritava para eu não assistir, mas meus dedos agiram sozinhos. E então, o inferno começou.
O vídeo era curto, mas o suficiente para acabar com o que restava da minha alma. Nina... meu amor... Eles a mataram. Não houve misericórdia. Eu vi o medo em seus olhos, o sofrimento. Tudo o que ela passou... por minha causa. A Yakuza sabia que destruir Nina era a única maneira de destruir a mim. E eles conseguiram. Cada segundo daquela filmagem foi um golpe mortal, cada suspiro de dor dela, um eco de tudo o que eu jamais poderei desfazer.
Minha Nina, minha luz, minha paz... Ela estava me chamando com os olhos, pedindo ajuda. E eu não estava lá. Fiquei paralisada, sem conseguir desligar o vídeo, como se assistir fosse minha punição. Eu falhei. Falhei com a mulher que mais amei. Não protegi a única pessoa que me deu razão para sair do abismo onde vivi por tanto tempo. Agora, ela se foi, e o mundo parece um lugar vazio, sem vida.
A culpa é esmagadora. A Yakuza a pegou por minha causa, pelas escolhas que fiz, pelo passado que achei ter deixado para trás. Se eu nunca tivesse cruzado aquele caminho, ela estaria viva. A briga estúpida que tivemos antes do sequestro, as palavras que dissemos... nada disso deveria ter importado. Eu a amava com tudo o que sou, mas nem isso bastou. E agora, tudo que resta é o vazio, o ódio por mim mesma e a dor que me devora de dentro para fora.
O apartamento logo se encheu de gente. Mimi foi a primeira a chegar. Ela entrou, olhou para mim, e por um momento, pensei que ela iria dizer alguma coisa, mas ficou em silêncio. Nos conhecemos bem demais para palavras. Ela se sentou ao meu lado, silenciosa, mas sua presença me ancorou, mesmo que nada pudesse aliviar o que eu estava sentindo. Ela sempre esteve comigo, desde o começo. Mas agora, nem Mimi, minha melhor amiga, conseguia penetrar essa escuridão. Ela sabia. Sabia que falar não adiantaria.
Eloá, por outro lado, chorava por todos os cantos. Desde o momento que soube, ela não parava de se culpar. "Eu estava com ela, Kit! Era para eu ter feito alguma coisa!" Ela repetia isso sem parar, sua voz trêmula de tanto chorar. Ver Eloá assim, despedaçada, só me afundava mais. Ela era como uma irmã para Nina, e agora carregava a culpa de ter sobrevivido quando minha esposa não. Eu tentei consolá-la, mas como eu poderia confortar alguém quando eu mesma estava quebrada?
Matheus, Luciano, Cláudio, Lurdes, Natasha, todos vieram. Cada um com sua dor, tentando lidar com o luto. Mas ninguém... ninguém sofreu tanto quanto Léo. Ele entrou pela porta como um furacão. O ódio queimava em seus olhos de um jeito que nunca imaginei ver. Ele não conseguia acreditar no que tinha acontecido, recusava-se a aceitar. Eu sabia o que ele estava pensando — ele queria vingança, queria ver cada um dos responsáveis morto. E, honestamente, eu não podia culpá-lo. Eu mesma queria isso. Mas nada... nada traria Nina de volta.
Foi em uma noite, depois que a maioria das pessoas já tinha ido embora, que Léo finalmente falou comigo. Ele estava sentado no chão da sala, os olhos fixos no vazio, os punhos cerrados de tanta raiva que as juntas estavam brancas. Eu me aproximei, sem saber o que dizer. A dor entre nós era insuportável, como se a simples presença um do outro trouxesse à tona tudo o que havíamos perdido. Mas, de alguma forma, sabíamos que precisávamos nos enfrentar.
- Léo...- Minha voz saiu falha, trêmula. Não era fácil falar, nem para ele, nem para mim.
- Ela era tudo pra mim, Kit. - Ele disse, a voz baixa, quase um sussurro carregado de ódio. - E eu a perdi.
Eu o olhei, vendo o irmão da minha esposa tão quebrado quanto eu. Ninguém nunca tinha visto Léo assim. Ele sempre foi um pilar de força, a pessoa que protegia todos ao seu redor. Mas agora, ele estava em pedaços, e nada que eu dissesse ou fizesse mudaria isso.
- Eu sei - respondi, com a garganta apertada. - Ela era tudo pra mim também.- Eu queria dizer mais, queria prometer que íamos fazer justiça, que íamos acabar com todos que causaram isso, mas não consegui. As palavras me escapavam.
- Você devia ter protegido ela.- A acusação estava lá, crua e direta. Ele estava certo. Eu sabia disso. Eu devia ter protegido Nina, e não o fiz.
- Eu sei - murmurei, sentindo as lágrimas queimar meus olhos, mas sem deixá-las cair. - Eu falhei com ela... falhei com todos nós.
Léo não disse mais nada, apenas se levantou e saiu da sala. Mas antes de ir, ele parou na porta e olhou para trás, os olhos cheios de uma dor que eu jamais esquecerei.
- Se você não acabar com eles, Kit, eu vou.
Ele saiu, e eu fiquei ali, no silêncio sufocante. Eu sabia que Léo falava sério. Ele não pararia até ver sangue. E talvez fosse isso que eu precisava também.
Os dias que seguiram foram insuportáveis. O apartamento parecia uma prisão, cada canto ecoando com a ausência de Nina. Cada lembrança do seu sorriso, do seu toque, era uma facada no meu peito. As pessoas vinham, traziam comida, tentavam conversar, mas nada penetrava o vazio em que eu estava afundada.
Eu nunca fui de demonstrar emoções. Sempre fui dura, sempre controlei o que sentia. Mas agora... agora não havia controle. Todos me olhavam como se não me reconhecessem mais. Porque, de certa forma, eu não era mais a mesma pessoa. Kitsune, a mulher forte, fria, que sempre tinha tudo sob controle... morreu junto com Nina naquele vídeo.
Tudo que restou de mim foi uma casca, consumida pela culpa, pela dor e pela sede de vingança.
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Ideia da @Ana_Lesw 🫶🏻♥️
Pessoas, essa semana e a próxima vão ser MUITO corridas para mim, então não prometo capitulo novo com tanta frequência, sorry
Não me culpem, culpem meus professores

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Moments - Kitnina
RomanceAlguns momentos do nosso casal Kitnina para nos deixar de coração quentinho. <3 "-Eu senti tanto a sua falta, Quinn - ela sussurra, e antes que eu possa responder, ela inclina a cabeça e seus lábios tocam os meus. O beijo começa suave, mas logo...