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CHRISTOPHER UCKERMANN

Depois de um banho juntos, que resultou em uma rapidinha no chuveiro, estou preparando o nosso jantar, enquanto Dulce está atirada no sofá, entretida no celular. A folgada se recusou a me ajudar, esfregando a aposta na minha cara.

A maldita aposta.

O Corinthians ultimamente só me dá desgosto, puta que pariu.

Desligo a panela do arroz e jogo o brócolis e a cenoura para refogar na manteiga. O purê de batata já está pronto e o filé de frango, grelhado.

Dou um passo para trás quando uma gota quente respinga no meu abdômen nu e olho para baixo, vendo os arranhões avermelhados na pele, que, embora não sejam tão profundos quanto os que ela fez na primeira vez que trepamos, ardem um pouco.

Transei com Dulce Maria de novo.

Não apenas transei, como praticamente implorei por um repeteco, quando a filha da puta exigiu. E dessa vez não tenho qualquer desculpa para usar além da que eu quis.

Eu quis pra caralho e, porra, continuo querendo, apesar de ter saído da boceta apertada há apenas alguns minutos.

Odeio não estar no controle dos meus desejos, odeio querê-la a ponto de contrariar as regras que estabeleci, odeio me sentir vulnerável. Mas odeio ainda mais a ideia de me afastar e reerguer as barreiras que nos mantiveram afastados por tantos anos.

Nunca fui um cara mulherengo. Quando estava solteiro, tive a minha cota de mulheres, não sou nenhum santo, mas não conseguia enxergar o apelo que a maioria dos homens vê em enfiar o pau no máximo de bocetas possível. Se rolasse, ótimo. Se não, não era o fim do mundo.

O que vem tirando o meu sono é que com nenhuma delas, nem mesmo com Natália, encaixou tão bem de primeira como aconteceu com Dulce Maria.

Em geral, o sexo melhora com a prática e a intimidade. Com ela, o meu corpo se comportou como se já soubesse o que fazer, onde tocar, quanto forçar. E a maneira que a infeliz respondeu a cada toque meu foi como se tivesse nascido para isso.

Que bagunça do caralho.

Eu não deveria ter cedido, porque depois de experimentar o gosto da maldita, de ouvir seus gemidos, de ver a forma como seu corpo convulsiona ao gozar e de sentir o aperto surreal da sua boceta ao redor do meu cacete, não quero parar.

Quero mais.

Quero foder Dulce Maria até essa espécie de feitiço que ela parece ter jogado em mim desaparecer.

Bruxinha dos infernos.

Despejo os legumes em um prato grande e o coloco no balcão. O resto da comida fica nas panelas, em cima do fogão. A mesa de dois lugares é pequena para comportar todas elas.

– Está pronto – aviso, lavando as mãos. – Vai pelo menos colocar a mesa ou essa tarefa também está incluída na aposta?

Não há resposta. Olho para trás e vejo seus dedos deslizando freneticamente na tela do celular. Curioso, me aproximo para descobrir o motivo de tanta concentração.

– O que é tão interessante que você nem me ouviu dizer que o jantar está feito?

Ela desvia a atenção para mim e se senta, me entregando o aparelho.

– Estou com dificuldades para encontrar um local aqui perto dentro do meu orçamento. Essa quitinete apareceu hoje, parece ser boa e fica só a três quadras, mas ainda não tem nenhuma avaliação. O que acha?

Franzo o cenho ao ler o nome do site.

– Airbnb? Eles cobram por noite. Vai sair muito mais caro do que alugar um imóvel com uma imobiliária ou direto com o proprietário.

Acordo de desafetosOnde histórias criam vida. Descubra agora