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CHRISTOPHER UCKERMANN

Se eu fosse um cara religioso, diria que estou passando por algum tipo de provação espiritual. Só isso explicaria a quantidade obscena de desgraça que tem acontecido comigo desde a semana passada.

Não tive a intenção de ser um escroto com Dulce Maria. Sim, porra, detesto que mexam em minhas coisas, mas sei que ela não fez por mal.

O que me fodeu foi vê-la vestindo o caralho da minha camisa. Será que a garota não sabe como funciona a cabeça dos homens? Ver uma mulher usando uma blusa sua desperta um sentimento incontrolável de posse.

É ridículo, mas acontece. Remete ao pós-sexo, à intimidade depois da transa, e tudo que não precisava era imaginar Dulce Maria na minha cama.

Fiquei tão atormentado com a intensidade da minha reação à cena que acabei reagindo de forma desproporcional.

Não satisfeita, a infeliz me desgraçou ainda mais se despindo diante de mim sem a menor cerimônia, porque fui obrigado a aceitar o fato que venho lutando contra desde que ela apareceu sem avisar e despencamos juntos no chão da cozinha.

Dulce Maria é gostosa.

Ela não é mais a menina que vivia para cima e para baixo com Poncho, com os dedos sujos de tinta e um sorriso doce nos lábios. Nem a adolescente tímida que uma vez acreditou estar apaixonada por mim.

Ela é uma mulher de vinte e seis anos absurdamente linda e gostosa.

Os cabelos emoldurando o rosto perfeito, os peitos empinados, apertados no sutiã rosa-claro, a cintura fina, a barriga lisa, as pernas... Porra, ela tem as pernas mais deslumbrantes que já vi. E eu, como o bom filho da puta que sou, imaginei como seria tê-las ao meu redor enquanto estivesse afundado em sua boceta.

Que inferno! Desde quando é aceitável pensar na boceta de Dulce Maria?

Devo estar ficando maluco.

Desnorteado, finalmente saio do transe e entro no banheiro, trancando a porta. Preciso de um banho gelado, porque me recuso a ter uma ereção por causa dela.

Não sou mais um adolescente cheio de hormônios incapaz de controlar o próprio tesão.

A água fria gela até os ossos, mas não tem o menor efeito no meu pau, que, apesar dos meus esforços, endurece.

Talvez esse seja o meu problema. Um deles. Preciso gozar para liberar um pouco do estresse acumulado. Faz uns quinze dias que não sei o que é ter um orgasmo e depois de me aliviar com certeza voltarei à razão.

Apoio uma mão no azulejo, comprimo os olhos e fecho os dedos ao redor do meu pau, massageando de leve.

Tentar não pensar na filha da mãe é uma batalha perdida. O rosto de Dulce Maria domina os meus pensamentos enquanto aumento a intensidade da punheta.

Imagino como seria delicioso coloca-la de joelhos e foder a boquinha atrevida até fazê-la se engasgar. Então, quando estivesse quase lá, puxaria o pau pra fora e esporraria em seus peitos.

Um calafrio percorre minha coluna, sinto uma contração aguda no abdômen e nas bolas e, jogando a cabeça para trás, gozo forte, ofegante, com dificuldades para me manter em pé.

O alívio dura pouco.

A onda de culpa por ter me masturbado pensando em Dulce Maria não demora a me atormentar e eu solto um palavrão, dando um soco na parede.

Porra, a minha vida se transformou em uma bagunça infernal.

[...]

Dulce Maria retorna muitas horas depois, no fim da tarde, com os braços cheios de sacolas de uma loja de roupas femininas. Ignorando a minha presença na sala, põe as compras no sofá e dá a volta no balcão para ir à cozinha, abrindo a geladeira e enchendo um copo com água.

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