Flowers And Death - VegasPete

Capítulo 23

O barulho dos carros e da moto em alta velocidade pela cidade era como um aviso distante, mas na casa abandonada, o silêncio era quase sepulcral. A lua estava em seu ponto mais alto, e as sombras longas das árvores criavam um cenário distorcido, quase surreal. Pete desacordado, tremia de frio e gemia de dor.

Vegas, diferente dos seus seguranças que estavam de carro, ele pilotava sua moto vermelha em alta velocidade, passando entre os carros com agilidade. Em sua mente só tinha Pete, e nada mais. Depois que recebeu aquela ligação, ele ligou para Xiao Zhan, e pediu que rastreasse de onde havia vindo a ligação que Pete fez, e em menos de cinco minutos, Vegas teve um retorno.

O rugido do motor preenchia o ar da noite, misturando-se ao som cortante do vento. Vegas apertava o guidão da moto, o corpo inclinado para frente, enquanto a moto acelerava pelas ruas escuras da cidade. Ele podia ouvir o som insistente dos carros atrás de si, os faróis altos iluminando sua silhueta.

O vento chicoteava seu rosto, e o asfalto passava sob as rodas a uma velocidade que fazia tudo ao redor parecer um borrão. Vegas manobrava com precisão por entre os carros, que se tornavam obstáculos móveis. A adrenalina pulsava em suas veias, e ele sabia que um único erro poderia ser fatal.

Inclinou-se bruscamente para a direita, guiando a moto em uma curva acentuada que o levou a uma rua lateral estreita. Os pneus guincharam no asfalto, mas a moto permaneceu estável. Ele tinha que chegar o mais rápido possível, Pete precisava de se. Com esse pensamento, Vegas acelerou ainda mais, desviando de caixas de lixo e barracas abandonadas, enquanto as paredes de concreto dos edifícios passavam por ele a uma velocidade vertiginosa. Vegas sentiu o coração acelerar ainda mais, como se isso fosse possível. Faltava pouco para ele chegar, mas esse pouco parecia uma eternidade.

Acelerando mais ainda, ele virou a direita, e pode ver no fim da rua uma casa grande abandonada pelo tempo. E como se sua vida dependesse de chegar no fim da rua - o que provavelmente dependia - Vegas sentiu seu coração pulsar como louco, e o vento cortar seu rosto. A velocidade da moto já excedia, o ponteiro que marcava a velocidade, nem ao menos funcionava mais.

Chegando perto da casa abandonada, Vegas girou o guidão, derrapando a moto para dentro, com as rodas cantando contra o concreto áspero. O local estava mal iluminado, mas sem tempo de ligar para o que tinha ao redor, Vegas nem se deu o trabalho de estacionar a moto, ele apenas parou de acelerar e pulou abandonando sua amada moto de qualquer jeito.

A porta rangeu ao abrir, e o ar pesado da casa abandonada invadiu os pulmões de Vegas como uma lâmina fria. Ele parou por um segundo, o coração batendo em um ritmo tão frenético que ele mal conseguia pensar com clareza. O silêncio absoluto da sala era sufocante, quebrado apenas pelo leve som de respiração – ofegante, irregular.

Ele correu por entre os cômodos, mas não conseguiu achar Pete em nenhum deles, e quanto estava a ponto de ligar para Xiao Zhan, e brigar com ele, dizendo que ele tinha localizado o lugar errado, Vegas se lembrou que não havia procurado na parte de trás da casa. Correndo para o quintal, ele abriu a porta, olhou em volta.

E então ele o viu.

Pete estava ali, caído na grama alta. Seu corpo desnudo, encolhido, estava marcado por hematomas visíveis sob a luz da lua. A pele pálida contrastava com o sangue seco que manchava seu rosto, os cabelos desgrenhados caindo sobre seus olhos. O peito dele subia e descia com dificuldade, como se cada respiração fosse uma batalha. As marcas de cordas nos pulsos estavam profundamente cravadas em sua pele.

Vegas sentiu o chão desaparecer sob seus pés. O mundo ao redor parecia se desfazer em um borrão de sensações: o cheiro de sangue e mato, o som abafado de sua própria respiração, e o peso esmagador da visão diante de seus olhos. Cada fibra de seu corpo gritava em dor ao vê-lo daquele jeito. Era como se o universo inteiro tivesse se fechado em torno daquela imagem, tornando impossível pensar em qualquer outra coisa. Ele nem ao menos escutou o som de carros freado, e portas abrindo e fechando na parte da frente da casa.