Aviso de crueldade a frente.
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O ambiente era escuro e úmido, com um silêncio opressivo que só era quebrado por ocasionais gotas de água caindo de algum cano enferrujado no teto. A sala parecia ter sido esquecida por todos, como um túmulo improvisado, envolvida em sombras que não deixavam transparecer a passagem do tempo. O cheiro era uma mistura de mofo, poeira antiga e algo mais ácido, como ferrugem que se misturava com o cheiro de sangue e carne podre.
No centro do espaço sombrio, uma única figura estava amarrada a uma cadeira de metal.
As mãos de Taiwan estavam amarradas com cordas ásperas e apertadas atrás das costas, tão firmemente que a pele em volta dos pulsos estava marcada, avermelhada e inchada, algumas partes até sangrando. Os tornozelos estavam igualmente presos às pernas da cadeira, impedindo qualquer movimento, forçando o corpo a uma posição rígida e desconfortável.
A sede era como uma chama queimando na garganta, um incômodo constante que parecia escalar e se intensificar a cada respiração superficial. A boca estava seca, os lábios rachados e cobertos de feridas, algumas abertas, outras curadas e esbranquiçadas. A cada tentativa de engolir, o gosto metálico do sangue misturado ao gosto amargo da boca ressecada era um lembrete de que o corpo estava lentamente se desligando.
Os olhos, entreabertos, estavam fundos nas órbitas, cercados por olhos escuros que denunciavam noites de insônia, dor e desespero. A pele em volta era quase translúcida, como se a vida estivesse sendo sugada lentamente, centímetro por centímetro. Eles piscavam lentamente, tentando se ajustar à escuridão da sala, mas a visão começava a falhar, se desfazendo em borrões e manchas de luz quando a consciência vacilava.
Por vezes, uma pessoa mexia a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse tentando fugir dos pensamentos, ou possivelmente delírios que começavam a tomar conta. Já não era possível distinguir o que era real e o que era fruto da mente desesperada e enfraquecida pela fome e pela sede. A cabeça girava, e barulhos distantes e indistintos ecoavam na mente — como vozes sussurrando, ou o barulho da própria pulsação latejando nos ouvidos.
No chão, havia uma poça d' água formada pelo gotejamento constante de um cano furado, a apenas alguns metros de distância, mas impossível de alcançar. Cada gota que caía parecia ecoar na sala, um som sutil que, ao longo das horas e dias, havia se tornado uma tortura. Era como um lembrete cruel de que a solução para sua sede estava ali, tão perto, e ainda assim fora de alcance.
A fome também era um tormento constante, uma dor surda no estômago que às vezes explodia em cólicas tão fortes que faziam o corpo estremecer. No início, havia uma urgência desesperada por comida, qualquer coisa que pudesse ser mastigada e engolida, mas, com o tempo, essa sensação de fome havia se tornado uma dor persistente e entorpecente, como se o corpo estivesse lentamente desistindo da luta.
O som das gotas de água preenchia o silêncio com um ritmo monótono, hipnotizante. Tic... tic... tic... cada gota parecia cravar uma nova agulha de desespero na mente de quem estava ali, como um relógio cruel que marcava a passagem lenta e inexorável do tempo. Por vezes, Taiwan tentava mexer os lábios secos, tentando umedecê-los ou pronunciar algo, mas a voz já não saia mais — era como se a garganta houvesse esquecido como formar palavras. Apenas grunhidos baixos e roucos, que se dissolviam no silêncio da sala.
A fraqueza era tanta que o corpo mal conseguia se sustentar na cadeira, e a cabeça caía para frente, balançando lentamente. A mente vagava, se perdia em memórias vagas e distantes — flashes de lugares e rostos que pertenceram a uma outra vida, uma vida antes de estar ali, antes de tudo se reduzir a essa sala sufocante e sombria. Havia memórias de sorrisos, de luz do sol brilhando, de momentos de paz que agora compensavam impossivelmente distantes. Mas essas imagens rapidamente se dissolvem em sombras e escuridão, engolidas pela realidade presente.
Se ele ao menos ele não tivesse o sequestrado e torturado, nada disso estaria acontecendo.
O ar parecia cada vez mais pesado, difícil de respirar, como se houvesse uma pressão invisível esmagando o peito. Cada respiração era curta, rápida, um esforço consciente para manter o corpo funcionando um pouco mais. A sala não tinha janelas, nenhuma fonte de luz natural, e parecia que o tempo havia parado ali, uma eternidade de penumbra e agonia.
E, assim, Taiwan permanece, preso em uma prisão que não era feita apenas de cordas e cadeiras, mas de desespero, solidão e dor. O corpo ainda estava ali, mas a mente começava a se desprender, flutuando entre o presente e lembranças do passado, entre a esperança de que alguém pudesse entrar pela porta a qualquer momento e o medo esmagador de que ninguém jamais viria.
E ninguém veio!!!
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Nota Da Escritora: Feliz dia das bruxas ou Halloween, meus amados leitores. Espero que tenham gostado deste especial.
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Flowers And Death - VegasPete
FanfictionSe uma dia uma pessoa entra-se em sua loja e cai-se desacordada em seu chão recém limpo, o, sujando de sangue, o que você faria?