Capítulo 26

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Nota Da Escritora: Aviso de tortura


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A sala estava mergulhada na escuridão, exceto por uma única lâmpada suspensa no teto, que balançava levemente, projetando sombras erráticas nas paredes de concreto manchadas. O ar era saturado com o cheiro pesado metálico de sangue e suor, como se a própria sala guardasse o eco de acontecimentos do passado.

Taiwan estava amarrado a uma cadeira no centro do cômodo, os braços presos com força por trás do encosto. Sua cabeça pendia para frente, o rosto sujo e ensanguentado, e o corpo tremia em espasmos de dor. Ele tinha perdido a noção do tempo, perdido em um ciclo interminável de medo e agonia, sem saber quando o próximo golpe viria ou se teria uma pausa para respirar. O que antes era uma mistura de raiva e determinação agora era apenas uma expressão vazia e exausta.

— Bom dia, Taiwan. — Disse Not, com uma voz que soava casual, quase como se estivesse diante de um encontro amigável. — Espero que tenha descanso um pouco. — Ele acendeu um cigarro, soprando a fumaça lentamente, deixando-a formar uma nuvem fina que se dispersava no ar. — Sabe, eu sinto muito por você ter que esperar, sei que isso pode está sendo difícil, mas sabe como é essa coisa de ser pai. Vegas ficou muito ocupado depois da paternidade. Então espero que não se importe em esperar mais um pouco.

Taiwan levanta a cabeça com esforço, seus olhos semicerrados, tentando focar em Not. Sua boca se abriu, as palavras saíram de forma suave, por causa da garganta seca e dolorida. — Eu... por favor... não fui eu... — Sua voz era um sussurro rouco, quase inaudível.

Not inclinou-se para a frente, deixando o cigarro suspenso entre os lábios. Ele pegou uma pequena faca da mesa ao lado, girando os dedos enquanto falava. — Eu acredito que você pode achar que não fez nada, mas nós dois sabemos que isso não é verdade. — Ele pressionou a ponta da lâmina suavemente contra o braço de Taiwan, não para ferir, mas para sentir o tremor involuntário que percorreu o corpo do homem. — E eu tenho todo o tempo do mundo para te convencer disto.

Taiwan fechou os olhos, tentando afastar o medo de que apertasse seu peito, mas sabia que não adiantava. Not, não tinha pressa. Ele era meticuloso, paciente. O tipo de pessoa que gosta de espremer todas as gotas de esperança antes de começar a realmente machucar. E Taiwan sabia que Not era apenas o prato de entrada, e que o prato principal ainda estava por vir. Se Taiwan conhecia Vegas bem, ele sabia que o pior ainda estava por vir, e não seria nada agradável.

— Vamos tentar de novo. — Disse Not, tirando o cigarro da boca e esmagando-o no chão, antes de pegar uma cadeira e sentar-se perto, a faca ainda em mãos. — O que pretendia fazer com Pete?

Taiwan respirou fundo, cada inspiração trazendo uma dor que queimava em seus pulmões. Ele sabia que revelar a verdade significaria condenar sua alma ao diabo. E mesmo ali, à beira do colapso, ele se agarrou a essa última fagulha de resistência. — Eu... não sei... do que você...

Not suspirou, como um professor paciente tentando explicar uma lição difícil a uma criança teimosa. — Eu não queria fazer isso, sabia? Eu prefiro quando as pessoas colaboram. Facilita para todo o mundo. Mas, infelizmente, parece que você quer fazer as coisas do jeito mais difícil. — Fechou os olhos respirando fundo. — Eu realmente queria chegar em casa mais cedo hoje. — Diz pensando em Macau, e na promessa que fez ao mesmo.

Ele levantou da cadeira e pegou uma garrafa de água da mesa, derramando um pouco no rosto de Taiwan, não para refrescá-lo, mas para acordá-lo, para trazer seu foco de volta. O toque frio fez ele estremecer, seus olhos arregalando-se por um momento, apenas para ver Not observando-o.

Flowers And Death - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora