Capítulo 25

93 14 1
                                    

O quarto do hospital era mais silencioso do que antes, um silêncio tranquilo, quase reconfortante. O sol da manhã entrava pelas janelas, banhando o ambiente com uma luz suave e cálida. Pete estava deitado na cama, o corpo exausto, mas sentindo uma leveza que não experimentava há dias. As dores tinham diminuído, e agora, o som mais oferecido no quarto era o leve bip do monitor ao lado, que parecia acompanhar a tranquilidade do local.

Vegas estava ali, sentado ao lado dele, segurando sua mão com carinho. Seus olhos estavam vermelhos de cansaço, mas havia um brilho neles que Pete não via há dias. Era como se, finalmente, ele pudesse respirar aliviado. Ele acariciava os cabelos de Pete suavemente, como se tentasse afastar qualquer resquício de medo e dor que ainda estivesse presente.

Pete havia esquecido toda a dor que sentiu em seu sequestro, e agora seu foco era todo em seus filhos. As pessoas sempre falam que filhos fazem seus pais esquecerem das dores do mundo e que eles podem curar tudo. E Pete estava comprovando isto naquele momento.

A porta do quarto se abriu, e a médica começou, sorrindo. O sorriso era verdadeiro, acolhedor, e Pete sentiu uma onda de esperança tomar conta de si só de olhar para ela. A médica caminhou até a cama, segurando um tablet com alguns exames recentes, e se sentou, com aquele mesmo cuidado gentil que tinha demonstrado desde que Pete deu entrada no hospital a três dias atrás.

— Pete, Vegas. — ela começou, a voz suave, mas firme. — Eu sei que as últimas horas foram assustadoras, mas eu tenho novas notícias.

Pete sentiu o coração pular no peito, e ele segurou a mão de Vegas um pouco mais forte, como se precisasse se ancorar para ouvir o que vinha a seguir. — O que... o que aconteceu? — ele disse, a voz trêmula de ansiedade.

— Conseguimos estabilizar o fluxo de sangue para o bebê e resolver o problema que estava causando as complicações. Seu corpo reagiu muito bem ao tratamento, e o bebê está seguro. Ele ainda é pequeno, e precisamos continuar monitorando de perto, mas posso dizer com confiança que ele vai ficar bem. Seus dois bebês estão ótimos.

As palavras mencionadas levam segundos intermináveis ​​para serem absorvidas. Pete piscou algumas vezes, tentando ter certeza de que tinha entendido corretamente. —Ele... ele vai ficar bem? — Pete repetiu, como se precisasse ouvir aquilo de novo, apenas para confirmar qualquer dúvida.

A médica assentiu, sorrindo ainda mais. — Sim, Pete. Vai ficar tudo bem. Ele ainda precisa de cuidados, e talvez você precise ficar em repouso por algum tempo, mas o pior já passou. Vocês três são fortes, e isso fez toda a diferença. Sei que passou por muita coisa.

Pete sentiu as lágrimas brotarem nos olhos, mas, desta vez, não eram de medo ou de desespero. Eram lágrimas de rompimento, de gratidão. Ele se virou para Vegas, que também tinha os olhos brilhando, e viu a mesma emoção refletida no rosto dele. Ele se inclinou e o beijou na testa, um gesto cheio de amor e promessa. — Você conseguiu, amor. — ele sussurrou, com a voz embargada. — Vocês três conseguiram.

— Eu sei que foi um susto enorme, e que ainda há um caminho a percorrer, mas estou confiante de que, com o cuidado adequado, vocês vão chegar ao final dessa jornada do jeito que sempre imaginamos.

Pete fechou os olhos por um instante, deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo rosto. Ele sentiu uma mistura de cansaço e ruptura que a deixou sem palavras. — Obrigado. — ele conseguiu dizer, a voz embargada, olhando para a médica e depois para Pete. — Eu... eu nem sei como agradecer.

— Vocês não precisam agradecer. — disse a médica, levantando-se. — Foi um esforço de equipe, e vocês fizeram a parte mais difícil. Agora é só focar em descansar. Foram longos dias.

Flowers And Death - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora