•Além Da Marra

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•Lavínia•

Eu só fiz chegar em casa e capotei, minha mãe anda tava acordada e perguntou como foi, respondi pouca coisa e subi indo dormir pensando no dia de hoje.

Eu nunca imaginei que o Vitor pudesse fazer isso um dia, também não sei o motivo pelo qual eu aceitei sair com ele hoje, mas foi o único convite que me fez realmente querer ir, ter vontade de sair de casa.

Depois do "sequestro", eu criei uma confiança enorme nele, como se fosse realmente um lugar seguro, porque ele basicamente me salvou de muitas coisas horríveis que poderiam ter acontecido comigo.

Eu sou muito grata a tudo que ele fez por mim, me salvou, então eu não poderia negar isso a ele, sem contar que me ajudou muito nessa fase que eu me encontro sem vontade de fazer nada, eu não posso me permitir a me afogar de novo na solidão, e me entregar a depressão.

Só eu sei o quanto eu sofri com esse problema, sempre tive pessoas que se importavam comigo ao meu redor, mas nada adiantava. Eu só não quero passar por isso mais uma vez, e ele apenas hoje me ajudou muito nisso.

Acordo no outro dia super cansada, porém diferente, não sei explicar, mas não tô igual aos outros dias que nem da cama eu queria levantar.

Vou no banheiro fazer minhas necessidades e aproveitar pra já tomar um banho pra me sentir melhor. Minha sorte foi que depois de todo o ocorrido, eu expliquei tudo lá no salão onde eu trabalho, e aí a dona me deu folga essa semana.

E eu agradeço muito, pois tá sendo muito importante pra mim esses dias em casa, pra mim poder refletir sobre tudo da minha vida no geral, saber se estou no caminho entre outras coisas.

Tem vezes que eu gosto de parar um pouco e refletir sobre tudo que aconteceu na minha vida, das coisas tristes e felizes também. E eu sempre carrego comigo que tudo nessa vida acontece por um propósito.

Eu sou fechada e mais fria por conta das minhas feridas que estão cicatrizando, devagar, mas estão. Isso tudo é um processo longo que eu vou conseguir superar.

Depois do banho, coloquei uma roupa confortável e passei perfume, hidratante, pra ficar cheirosa claro, mas o meu único problema de hoje é o meu cabelo.

Ele ontem tava a coisinha mais linda do mundo, todo finalizado, mas depois ficou péssimo, acho que foi pela ventania na praia, aí ficou cheio de frizz.

[...]

•1 semana depois

Consegui me recuperar, depois daquele dia com o Vitor Gabriel eu fui voltando a sair aos poucos, sai com a Bia, com o João, e até mesmo com minha mãe que fez questão de sair comigo.

O morro tava um pouco agitado, polícia entrando aqui toda hora, até teve um tiroteio, mas recuaram rápido. O Vitor sempre me manda mensagem perguntando como eu tô, e se estou melhor, mostrando realmente se importar.

E eu sou muito grata, de verdade mesmo, oque ele fez não é qualquer um que faria não, e até minha mãe disse isso pra mim, que não é todo mundo que faria isso por outra pessoa.

Pego meu celular lendo as mensagens que recebi, como todo dia, a Bia mandando bom dia e perguntando como eu tô, o João falando que vai vim aqui me ver e minha mãe avisando que foi no asfalto comprar sei lá oque, então tô sozinha em casa.

Amanhã eu volto pro trabalho, tô bem animada, pois aos poucos eu tô voltando a minha rotina, de lá pra cá, eu já evolui muito, graças as pessoas ao meu redor que sempre me ajudaram.

E é nós piores momentos que você vê quem realmente se importa com você e com sua amizade, nunca me deixaram na mão nesses momentos, por isso são meus irmãozinhos.

Olho pela notificação a mensagem que chega no meu celular, o nome do Vitor aparece na tela e eu clico entrando na conversa.

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Vitor: abre aqui pra mim, pretinha.

Eu: abrir oque?

Vitor: a porta, tô aqui embaixo.

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Fico surpresa, não esperava ele aqui, mas pelo menos tô cheirosa, já o cabelo tá uma tristeza. Desço as escadas indo abrir a porta pra essa benção que nem me avisou que vinha.

Encaro seu rosto que me olha de cima a baixo. Ele não diz nada, apenas deixa um selinho em meus lábios e entra, todo folgado já.

-Tá se achando o dono da casa né, nem avisa que vem, minha mãe podia tá aí né fantasma.- falo quando vejo ele no sofá sentado.

Fantasma: primeiro que eu já sou de casa, segundo que eu procurei saber e me passaram a visão que ela saiu do morro, terceiro que pra você meu nome não é fantasma, tá ligada?

-Não entra na minha cabeça, mas ok.

Fantasma: Ah e mesmo que tua mãe tivesse aí, ela não ia se importar, porque ela já gosta de mim.- dou risada dele que me encara sério.

-Tá bom Vitor, já entendi que você tem todos os argumentos contra mim.

Fantasma: ainda bem que você sabe, agora faz uma massagem aqui.

-Virei oque agora? Tô fora fantasminha.- subo as escadas indo pro me quarto e ele vem atrás.

Fantasma: tu voltou ao normal, tá chata já, toda ignorante.

-Quem vê nem imagina que é dramático desse jeito.- ele fica emburrado mexendo no celular.

-Tira o chinelo pra poder deitar na cama- ele tira e se deita junto comigo.- vou voltar a trabalhar amanhã já.

Fantasma: Já? Dahora pô, vai voltando a fazer teus bagulho aos poucos mermo. - concordo e fico mexendo no cabelo dele, fazendo um carinho.

-Tá com sono?- pergunto vendo ele bocejar enquanto eu mexo nos cabelos dele.

Fantasma: tô mermo, sem dormir direito esses dias, e agora tu me mexendo no meu cabelo assim, aí que dá sono mermo.

-Pode dormir, tu tá cansado, Jajá vai tá com umas olheiras horríveis e eu te mando embora.- brinco.

Fantasma: Ãn, duvido.

-Pois duvide bem muito.

Sinto ele puxar minha cintura pra mais perto dele, ficando uma conchinha, ele bem maior que eu, e eu pequena no meio, encolhida.

Ligo o ventilador do meu quarto, já que o bendito ar condicionado resolveu quebrar, e agora tô vivendo de ventilador o dia todo.

O quarto todo escuro e friozinho, perfeito pra dormir, mas eu tô sem sono, acordei quase agora. Ele tava com sono mesmo, já dormiu.

Olhando assim nem parece que mata gente e troca tiro. Levanto da cama devagar pra ele não acordar e quando consigo sair, vou pra cozinha fazer alguma coisa pra mim tomar café, porque nem tomei ainda.

Minha barriga tava roncando ali no quarto e eu não ia ficar com fome né.

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