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•Lavínia•

Abro os olhos lentamente sentindo minha cabeça latejar de tanta dor. Não lembro de nada que aconteceu, a única coisa que ainda vem na minha cabeça é quando eu fiquei tonta ainda na festa e depois daí não lembro de mais nada.

Tento me mover, mas minhas mãos e pés estão amarrados por uma corda que tá me machucando e já deixou minha mão vermelha de tão apertada.

Me xingo mil vezes no pensamento por ter sido tão burra a esse ponto de ter deixado meu copo na mesa sozinho, se eu estava desconfiada e não tinha confiança nele, o mínimo que eu deveria ter feito era ter cuidado para evitar qualquer coisa.

Nesse momento eu só consigo me achar burra ingênua de ter confiado em um bandido que mata centenas de pessoas tão rápido, como se ele fosse uma pessoa normal, sendo que não é.

Por incrível que pareça eu não estava em  nenhum cativeiro, estava no quarto da casa que nós estávamos, deve ser por isso que nada era arrumado apenas o quarto que eu e a Bia ficamos.

Observe o local apenas com uma luz que vem da janela indicando que já está amanhecendo. Meu corpo dolorido e eu não consigo lembrar de nada que aconteceu ontem, o que me deixa mais aflita ainda só de imaginar as milhares de coisas que ele e os capangas dele podem ter feito com a gente.

Mesmo com pouca luz consigo enxergar a Beatriz do outro lado do quarto, ela ainda está desacordada em meu coração acelera me deixando preocupada e começando a ficar nervosa.

Aos poucos eu entro em pânico e decidi chamar a Beatriz que, como esperado, não reage. Engulo em seco tentando pensar em alguma forma de conseguir sair daqui. A única coisa que ainda me deixa aliviada nem que seja apenas 1%, é saber que eu mandei a localização em tempo real para o João e sei que ele vai achar estranho e espero que entenda o que eu queria dizer com isso.

O silêncio é absurdo só se pode escutar o barulho dos carros passando na estrada. Tento me mexer, levo as mãos amarradas até a boca tentando de alguma forma desprender a corda, mas como imaginava foi sem sucesso.

Depois de algum tempo de aflição finalmente a Beatriz acorda, parecendo estar assustada assim como eu. Chama sua atenção que assim que me ver abre a boca e o estado de choque começando a gente se desesperar.

Eu conheço a Beatriz sabia que ela estava muito nervosa, e já imaginava que ela iria entrar em crise de ansiedade, e assim foi ela começou a chorar incontrolavelmente e começaram a ficar com falta de ar.

Minha preocupação só aumentava, meu coração faltando pular pela boca e e meu corpo doendo a cabeça rodando, tudo de ruim que você possa imaginar eu estava naquele momento. Escuto passos se aproximando cada vez mais.

A porta se abre revelando o indivíduo que se não fosse bandido com toda certeza seria um ator, se fez de bonzinho muito bem. Ele entra com cara de vitorioso, como se tivesse feliz com essa desgraça de agora.

Eu o encarava com ódio, tenho certeza que essa era a pior cara que eu poderia fazer pra alguém, enquanto ele sorria com cara de bonzinho, oque m deixava ainda mais irritada.

Buarque: Acordou princesa?- ele pergunta sínico e sorrio irônica.

-Não, ainda não acordei, acho que ainda é o efeito do remédio que você colocou pra mim beber né?

Buarque: Eu? Você tá me acusando de uma coisa que eu não fiz minha linda.- ele se aproxima de mim encostando sua mão nojenta no meu rosto, alisando ali me fazendo virar o rosto na mesma hora.

-Não encosta seu dedo em mim!

Beatriz: Lavínia, se controla - ela diz enquanto chora.

Buarque: Sabe, eu te acho linda, mas você não se deu o valor e é uma vadia qualquer, puta de morro.

-Quem você acha que é pra falar isso de mim? Você me conhece? Sabe da minha história? Então não vem querer falar oque tu não sabe seu escroto.- cuspo as palavras- E sabe oque mais? Tu só fala isso tudo aí, pq eu não quis ficar com você, só te beijei e teu ego tá aí ferido.

Buarque: Será mesmo que a gente só se beijou? - ele dá risada sozinho me fazendo engolir em seco pela frase, ele fez alguma coisa comigo...

-Se você tiver encostado algum dedo em mim, eu juro pela minha vida que você vai pagar, nem que eu venha do inferno te buscar.

Buarque: Relaxa princesa, eu esperei você acordar pra poder lembrar desse momento tão especial. - ele aperta meu braço forte começando a tirar minha roupa contra minha vontade, tento relutar, mas meu corpo parece não ter força perto dele.

Escuto o choro e gritos da Beatriz que assiste tudo isso tentando me ajudar de alguma forma, mas não adianta nada, já que ela não pode impedir esse monstro de fazer nada.

Quando ele ia terminar de tirar minha blusa meu celular que eu nem sabia que estava ali começou a tocar sem parar, ele fez cara de quem se irritou com aquilo e foi até meu celular mostrando a tela pra mim.

Vejo seu nome na tela querendo tanto que ele estivesse aqui, talvez nada disso teria acontecido, mas infelizmente a culpa disso tudo é minha, sempre minha...

Buarque joga o celular na parede fazendo quebrar, ainda tinha esperança, mas agora foi embora pois sem o celular os meninos não iam conseguir rastrear, se é que eles perceberam que eu e Bia estamos precisando deles.

Ele sai do quarto parecendo estar preocupado e com raiva, talvez tenha se tocado que alguém pode vim atrás de nós, porém na minha cabeça isso é apenas um talvez, não sei se eles já chegaram da viagem, não sei se viram minha mensagem, não sei se vão perceber que estou em perigo, é sempre um não sei que ecoa na minha mente.

Beatriz: Tenta se soltar de alguma forma, eu também tô tentando.

-Não dá Bia, tá muito preso e parece que eu perdi minhas forças, não sei explicar.

Beatriz: A gente vai morrer, aqui, juntas...- ela chora sozinha.

-Não vamos, eu que te coloquei nisso tudo então eu que tenho que te tirar.

Beatriz: Lavínia, escuta por favor, você não tem culpa de nada ouviu? De nada mesmo. - ela tenta me convencer e eu nego.

-É tudo culpa minha, eu que trouxe você, eu que aceitei, eu que fui a burra, eu tudo Beatriz... - começo a chorar tudo que estava entalado e a Beatriz também chorava comigo.

Fecho meus olhos começando a orar, essa era um das coisas que meu pai sempre falava, e eu lembro até hoje da frase que eu sempre ouvia " Quem tem fé tem tudo, oque você quiser em qualquer momento, tenha fé que Deus vai lhe atender minha filha".

-Senhor, eu sei que eu não mereço estar te fazendo esse pedido, sei que não frequento tua casa e nem sou presente, sei que sou pecadora e tenho muitos erros, mas hoje vim te pedir pro senhor tirar a gente dessa, me meti nisso tudo e eu sei bem que a culpa é minha, não sei como vamos sair daqui, mas quero que o senhor nos ajude, mande alguma luz que nos ajude aqui, meu pai sempre disse que tem que ter fé pra conseguir, e eu tenho... E obrigada por me proteger sempre, quase que ele ia me obrigar a fazer coisas com ele e meu celular tocou bem na hora, então obrigada Deus, por esse livramento.

Abro os olhos finalizando com um amém e respiro fundo, oque nos resta é esperar.


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•Além Da MarraOnde histórias criam vida. Descubra agora