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•Lavínia•

Esse fim de semana passou voando, eu mal tive tempo de nada, na verdade nunca tenho, mas mesmo assim ainda consigo sair e aproveitar minha vida.

Tirei esses dias pra resolver tudo que estava pendente, organizar tudo mesmo. Inclusive uma viagem bem aleatória que organizamos.

Fim de semana em Angra dos Reis, com tudo pago. Fui convidada pra ir, é uma casa de praia que o Buarque tem por lá, vai os amigos dele e enfim, ele disse que eu poderia chamar quem eu quisesse, e óbvio que vou levar meu chaveirinho né.

No começo eu confesso que tive um pouco de medo, por ele ser um traficante dono de morro que mata várias pessoas, mas sei que ele é uma pessoa boa, e pelo menos não irei sozinha.

Por mais que não pareça sei me defender, e vi transparência no Buarque, por isso estou indo nessa viagem com ele.

Eu tô muito ansiosa, não vejo a hora de chegar lá e aproveitar ao máximo, na mente só imaginando as fotos que eu vou tirar pra postar, registrar tudo.

Tenho que arrumar minha mala ainda, não coloquei nada, mas quando eu chegar em casa a primeira coisa que vou fazer vai ser isso.

Hoje eu finalmente decidi fazer minha tatoo, a tão esperada e desejada por mim, então tomei coragem e marquei pra fazer, daqui a pouco tô indo pro estúdio fazer.

Pensei muito, muito mesmo e decidi fazer uma nas costas, um verso da música do Filipe Ret "Só quem se arrisca merece viver o extraordinário".

Pra mim essa frase diz muito sobre mim e minha vida e eu gosto muito, então vou fazer, estou morrendo de medo e só de imaginar eu começo a tremer, mas irei fazer.

Não vai ser minha primeira tatuagem, pois já tenho uma no pulso, com o nome e a data que o meu pai faleceu, doeu um pouco, mas não quanto a dor que eu senti quando perdi ele...

Por mais que não seja a primeira tatoo o frio na barriga não muda, é impossível você não ficar nervosa mesmo sabendo que é dboa, só em algum locais que realmente dá aquela dorzinha.

[...]

Entro no studio vendo algumas pessoas no local, demorei um pouco pra chegar aqui pois não é no morro então de qualquer forma demora a chegar até aqui.

O tatuador tá fazendo o decalque enquanto meu coração quase pula da boca de uma vez só, se eu abrir a boca ele sai, de tanto nervosismo que eu tô aqui.

Ele marca o lugar da tatuagem de uma ponta a outra, mostrando o tamanho que vai ser e me mostra, pra confirmar se é assim que eu quero mesmo.

Sinto o molhado do álcool 70% em contato com minha pele e logo um tipo de papel é colocado nas minhas costas, ele tira, ficando assim a marca da tatuagem que eu quero.

A maquininha é ligada e o frio na barriga aumenta sabendo oque me espera, o moço passa o gel anestésico no local da tatuagem e inicia, perfurando minha pele.

Fecho os olhos e reprimo os lábios sentindo a dor fina nas costas, da última vez não doeu assim, ou eu esqueci que doía.

O ambiente gelado e eu só conseguia ouvir o som da música tocando no fundo, me dando mais uma relaxada, de olhos fechados.

Assim que acabei a tatuagem, me olhei no espelho vendo a perfeição que estava, sempre que eu olhava minhas costas sentia alguma coisa faltando,e eu encontro, faltava essa linda tatuagem aqui.

Paguei o moço que foi super gente boa comigo, teve paciência e perguntou a todo momento se podia continuar, e enfim, amei muito.

Chamei um Uber e fui direto pra casa me amando, minha autoestima estava a mil e ninguém hoje iria me abalar, assim eu espero.

Até pensei em postar uma foto no espelho mostrando a tatoo, porém desisti, na internet tem muito olho grande então vai que minha pele caia ou encraquele, sei lá, melhor não arriscar.

Tomei um banho rápido pra não bagunçar o cabelo que já estava finalizado, todo lindinho. Vesti uma roupa bem vibe de viagem mesmo.

Depois de pronta mandei mensagem pra Beatriz vim logo pra cá, e esperar o Buarque chegar. Beatriz é sonsa, pensa que eu não sei oque ela anda fazendo.

Conversando com um dos amigos do Buarque que também vai pra Angra com a gente, por isso a animação dessa safada pra ir, mas ela não me engana, só espero que se o JV descobrir, não sobre pra mim também.

Eles não tem nada, mas mesmo assim ele dá uma de louco e fica cobrando tudo que ela faz, boba é ela que deixa e não fala nada, até porquê eu sei muito bem que João não é santo coisa nenhuma, deve estar aprontando horrores junto com o fantasma nessa viajem sabe Deus onde.

E eu como não sou besta nem nada, não vou gastar meu tempo perguntando ou mandando mensagem para seu ninguém, até porque é aquele ditado né "se quisesse estava falando comigo".

Não vou ficar esperando ninguém não, tenho que viver minha vida, deixei ela por muito tempo parada, sem ver nem a luz do sol, então agora eu quero e tenho que aproveitar muito. Vi com meus próprios olhos que sua vida se acaba em um assopro, sem você ao menos esperar.

-Finalmente né? Chegar lá em Angra só a noite desse jeito.

Beatriz: Lavínia, tenha paciência por favor, nem os meninos chegaram aqui ainda e tu nessa agonia.- fala entrando no meu quarto.

-Falando nele...- viro o celular pra ele mostrando a ligação do Buarque, atendo colocando o celular no ouvido.

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-Oi?

Buarque: Já chegamo aqui, explica tua casa que tamo brotando, sei muito andar por aqui não.

-Vou te mandar a localização em tempo real, aí tu vê. Conseguiu passar Dboa da barreira?

Buarque: os cara já me conhece, morro aliado do meu, aí foi suave, já chego ai, princesa.

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Desligo a ligação sem saber oque responder e a Beatriz me encara querendo saber oque era.

Beatriz: Desembucha logo.

- Era só pra explicar aqui direito que ele não sabe andar por aqui.

Beatriz: hum sei.

Pouco tempo depois escutei um barulho de carro aqui e já levantei pegando minhas coisas sabendo que é ele e a Beatriz fez o mesmo, começando a passar um monte de perfume, dou risada.

Buarque: Boa tarde aí.- ele diz vindo falar comigo.

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•Além Da MarraOnde histórias criam vida. Descubra agora