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|𝐕𝐄𝐍𝐂𝐄𝐌𝐎𝐒?

O lugar onde eles estavam agora parecia maior, quase como uma câmara subterrânea de formato irregular. As paredes, antes estreitas e opressivas, agora se alargavam, e a luz das lanternas revelava superfícies cobertas por um material viscoso, quase como uma membrana biológica, pulsante em alguns pontos. O teto era mais alto, mas ainda assim sufocante, com formações semelhantes a teias de aranha que pendiam dos cantos superiores. O chão era irregular, parecido com um círculo grande, coberto de raízes grossas e enegrecidas, que pareciam crescer diretamente do coração daquele lugar. No centro, um emaranhado de raízes mais grossas se interligavam, como se fosse uma veia exposta de algo muito maior e muito mais vivo.

— Acho que aqui é o centro. — Steve disse finalmente, depois de comparar o mapa com o que estava à sua frente. A voz dele soava abafada no pano em seu rosto.

Os outros se aproximaram, seus olhos seguindo os movimentos de Steve, enquanto ele iluminava o lugar com a lanterna. Zoe deu um passo à frente.

— Encharquem. — Ela disse com firmeza, e os outros prontamente começaram a agir.

O grupo se espalhou pela câmara, cada um carregando consigo latas de gasolina. Eles trabalharam em silêncio, o som do líquido espirrando contra as raízes e o chão quebrando o silêncio ameaçador do lugar. A gasolina se espalhou como um rio, criando poças nos cantos e se infiltrando nos emaranhados de raízes e na vegetação retorcida que cobria o chão e as paredes. Eles sabiam que precisavam agir rápido, mas precisavam também ser meticulosos. Passaram longos minutos ali, certificando-se de que não havia um único canto do lugar que não estivesse saturado de gasolina.

Havia algo profundamente errado com aquele espaço. Zoe conseguia sentir isso no ar, na forma como o solo parecia pulsar levemente sob seus pés, como se a própria terra estivesse viva e consciente da presença deles ali. E de novo o pensamento de ser uma mente humana por trás de tudo a atingiu.

— Certo, isso deve bastar. — Steve disse, sua voz abafada, mas cheia de urgência. Ele olhou para os outros e para o trabalho que haviam feito, certificando-se de que todo o centro estava completamente encharcado de gasolina. O cheiro forte e nauseante invadiu seus pulmões.

O grupo começou a se mover rapidamente para um dos túneis adjacentes que levava à saída, o mesmo que foram até lá. Era uma das inúmeras passagens que se ramificavam daquele centro subterrâneo, como as veias de um organismo vivo.

Zoe segurava o braço de Dustin, guiando-o para dentro do túnel. Ela mantinha os olhos sempre voltados para trás, uma espécie de inquietação crescendo dentro dela. Algo não parecia certo, e ela não conseguia se livrar da sensação de que estavam sendo observados, como presas prestes a serem caçadas.

Ao se agruparem no túnel, eles se apertaram, procurando uma sombra que os escondesse o máximo possível. As lanternas estavam todas acesas. Steve colocou a lanterna no chão, deixando o feixe direcionado para a câmara, enquanto segurava o isqueiro na outra mão. Seus dedos estavam cobertos de manchas de gasolina, e ele percebeu que, por mais cuidadosos que fossem, a próxima parte seria arriscada.

Todos prenderam a respiração. A atmosfera densa do lugar parecia apertá-los como um punho invisível, e até mesmo o som de suas respirações parecia ecoar alto demais.

— Todos prontos? — Steve perguntou, olhando para trás.

— Sim. — Responderam em uníssono, exceto Dustin.

— Acende. — Dustin falou tenso, mas encorajado.

— Assim que eu acender, corram sem olhar para trás. — Steve falou, sua voz baixa e cheia de urgência. Ele olhou para cada um deles, buscando a confirmação silenciosa de que todos prestaram atenção. Max, Mike, Lucas, Zoe e Dustin assentiram, seus rostos tensos e iluminados apenas brilho da lanterna.

𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐈𝐓'𝐒 𝐂𝐎𝐋𝐃  || Steve harringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora