|𝐋𝐔𝐓𝐎
O luto é um processo profundo e inevitável que todos, em algum momento da vida, enfrentam. E cada pessoa lida com esse vazio de maneira única. O luto é como uma névoa densa, obscurecendo tudo, e nos deixando emocionalmente à deriva. É comum sentir-se sobrecarregado por uma tristeza que não cede, que toma conta de cada pensamento e momento. Questionamos por que algo tão doloroso aconteceu, tentando encontrar um sentido para algo que muitas vezes é inexplicável.
No entanto, o luto começa a se transformar. A dor nunca desaparece por completo, mas com o tempo, ela se suaviza. Aos poucos, a pessoa aprende a conviver com a ausência, a encontrar significado nas lembranças, em vez de ser constantemente esmagada por elas. Surge um espaço para a aceitação.
𝐃𝐞𝐳𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨, 𝟏𝟗𝟖𝟑.
O laboratório mantinha uma vigilância implacável sobre todos que conheciam a verdadeira história. Após os eventos, eles forçaram cada pessoa a concordar em manter o segredo, deixando claro que qualquer deslize poderia ter graves consequências. A cada passo, os olhos invisíveis da organização estavam lá, monitorando suas vidas. Telefonemas eram grampeados, e agentes discretos seguiam cada um, observando atentamente suas rotinas diárias, atentos a qualquer comportamento suspeito. Zoe sabia que cada movimento que fazia era potencialmente monitorada. O controle do laboratório não deixava espaço para erros, transformando a vida daqueles que sabiam a verdade em uma prisão sem muros.
Era Natal, a época do ano que Zoe mais amava. Sempre foi um tempo mágico para ela, cheio de tradições que aqueciam seu coração. Ela e o pai tinham um ritual simples, mas especial: passavam a noite assistindo a algum filme clássico, depois jantavam juntos e trocavam presentes, sempre sorrindo diante das surpresas. Seu pai, James, costumava ir dormir cedo, deixando Zoe com algumas horas livres antes da noite acabar.
Nesse tempo extra, ela, Hanna, Jonathan e Dean tinham sua própria tradição. Reuniam-se na casa de Dean, onde passavam a madrugada jogando, trocando presentes e rindo até que suas barrigas doessem. Era uma noite de alegria despreocupada, em que o mundo parecia se resumir àquele grupo de amigos.
Mas esse Natal seria diferente. Não haveria mais risadas até o amanhecer, nem a presença calorosa de Dean para tornar tudo mais leve. Aquele laço que costumava tornar a data tão especial havia sido rompido, e o Natal, antes sua época favorita do ano, agora parecia incompleto.
Já havia se passado um mês desde a morte de Dean, mas para Zoe, parecia que o tempo havia parado. Ela se sentia mal por tantas razões. Se sentia mal porque nunca mais veria seu melhor amigo novamente, mal por se culpar, revivendo cada decisão daquela noite fatídica, imaginando o que poderia ter feito de diferente. Mas talvez o pior de tudo fosse o peso da mentira. Zoe havia mentido para o pai de Dean, um homem destruído pela perda de seu filho, mas que, ainda assim, acreditara na falsa história de que tudo não passara de um acidente de carro. Ele acreditava que entre os três amigos – Dean, Hanna e Zoe – as únicas que sobreviveram ao desastre foram as garotas. E, apesar de a verdade ser muito mais sombria, Zoe sabia que ele nunca poderia conhecê-la.
Ela também mentiu para seu próprio pai. Quando voltou para casa após dois dias desaparecida, o olhar furioso de James Brooks encontrou o dela, cheio de preocupação e medo. Ele queria respostas, queria saber onde ela esteve, por que sumira, e porque estava tão machucada fisicamente. No entanto, diante da dor que via nos olhos da filha, ele não teve forças para brigar. Zoe contou a mesma história sobre o acidente de carro, algo vago que não precisava de detalhes, e ele, compreensivo diante da perda que sabia que ela estava enfrentando, não pressionou. Apenas pediu, com uma voz carregada de tristeza e exaustão, que ela nunca mais fizesse aquilo.
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𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐈𝐓'𝐒 𝐂𝐎𝐋𝐃 || Steve harrington
FanficWHEN IT'S COLD || "Algumas vezes, coisas ruins acontecem para definirem a direção das melhores coisas que poderíamos viver."