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|𝐋𝐔𝐓𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐈𝐋𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐎




No dia seguinte, Steve acordou antes do sol despontar, seus pensamentos inquietos. Ele olhou para o quarto de Zoe, onde ela dormia tranquilamente, como se o mundo ao redor estivesse congelado em um momento de paz. Com cuidado, ele deixou um bilhete em cima da mesa de cabeceira, explicando que tinha que sair, mas que voltaria mais tarde. Antes de sair, despejou um beijo suave em sua testa, um gesto que tinha o peso de mil promessas.

Quando Zoe finalmente despertou, horas depois, seu coração se apertou ao torcer para que tudo aquilo não passasse de um pesadelo terrível. Porém sabia que era tudo real. Com um nó na garganta, ela hesitou em abrir o papel. Em vez disso, apenas mudou de posição, sentando-se com as costas apoiadas no travesseiro. Seus olhos foram automaticamente atraídos para um ponto específico na parede, ao lado da porta, onde seu pai sempre marcava sua altura. Ali, ele tinha registrado cada centímetro de seu crescimento, parando exatamente em um metro e sessenta. O sol da tarde ainda iluminava fracamente  o cômodo, mas ela não conseguia se afastar daquela marca, como se estivesse presa a um momento do passado.

O dia avançou, e Steve voltou, acompanhado de Jonathan e Hanna. Ao entrarem no quarto, viram Zoe dormindo, na verdade estava fingindo. Ela não queria interagir com ninguém naquele momento.

Durante o dia inteiro Zoe pareceu estar em um transe profundo, sua expressão vazia e distante. Ela não se movia, apenas olhava fixamente para o canto, seu álbum de fotos com seu pai aberto ao seu lado. Vez após vez, ela revisava as memórias, então cochilava, e logo depois voltava a encarar o ponto na parede. A sensação de perda era quase como um peso que a impedia de respirar.

Zoe permaneceu imóvel até que a casa ficou em silêncio, quando finalmente ouviu a porta da entrada se fechando, sinalizando que eles haviam ido embora. Com um esforço considerável, levantou-se e caminhou até o banheiro. A imagem de seu pai a assombrava, e ela agarrou um pote de remédios que estava ali, desejando desesperadamente apagar. Tomou uma pílula, mas em poucos instantes, seu estômago rebelde não suportou, e ela vomitou na privada. Não havia comido nem bebido nada o dia inteiro. A descarga ecoou no silêncio, e ela se viu sozinha de novo, fechando a porta atrás de si.

Steve, que ainda estava na sala e prestes a sair, ouviu o barulho de vômito e rapidamente voltou, batendo na porta do banheiro.

— Você está bem? — a preocupação na voz dele transparecia.

Zoe se surpreendeu com sua presença. Pensara que ele já tivesse ido embora.

— Estou. — respondeu num sussurro, sem certeza se ele realmente escutou.

Após um momento, ela decidiu que precisava de um banho, se levantou do chão gélido e se despiu. A água quente escorrendo sobre sua pele parecia um pouco mais reconfortante do que o vazio que a consumia. Vestiu uma roupa leve e confortável, algo que a fizesse sentir-se um pouco mais como ela mesma, e desceu para a cozinha em busca de algo para comer. Ao entrar na sala, encontrou Steve ali, sentado no sofá parecendo mais aliviado por vê-la.

— Você não precisa ficar aqui para cuidar de mim, Steve, — disse ela, tentando soar mais forte do que realmente se sentia.

Ele olhou nos olhos dela, a determinação clara em seu olhar. — Eu quero ficar. Você não precisa passar por isso sozinha.

Os dois se acomodaram no sofá da sala, e Steve ligou a televisão. Enquanto um filme começava a rodar. O enredo passava, mas suas mentes estavam longe, perdidas em seus próprios pensamentos. Zoe prestou atenção ao filme mais do que Steve, que, depois de um tempo, acabou adormecendo ali mesmo, a cabeça levemente inclinada para o lado.

Quando finalmente voltou para o quarto, a realidade do silêncio a envolveu novamente. A noite se arrastou, e embora seu corpo estivesse cansado, seu espírito se recusava a descansar. Os pensamentos giravam em sua mente, replaying memórias de seu pai, risadas e momentos que agora pareciam tão distantes. Ela se virou de um lado para o outro, incapaz de encontrar paz, enquanto a escuridão da noite parecia abraçá-la.

𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐈𝐓'𝐒 𝐂𝐎𝐋𝐃  || Steve harringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora