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No dia seguinte, ela estava no porão de Mike juntamente com os outros meninos, agora ela passava mais tempo com crianças do que com seus amigos, ela queria poder contar para Hanna e Dean sobre tudo, e principalmente para Jonathan, mas não antes de entender o que estava acontecendo.
Dustin se aproximou de Zoe.
— Hanna está muito desconfiada comigo, fica fazendo um monte de perguntas, ela sabe que eu tô escondendo algo.
— Talvez devêssemos contar pra ela...
— Não! de jeito nenhum! — Mike se intrometeu.
— Acham mesmo que a esquisita sabe onde o Will tá? — Lucas sussurrou somente para os três a sua frente.
— Só confia em mim, tá bem? — murmurou Mike a Lucas.
— Ta bom.
— Pegou os suprimentos?
— Peguei — Lucas começou a mexer em sua mochila. — binóculos do vietnã, faca de combate, martelo, bandana camuflada e estilingue de punho.
Zoe tinha a mão sobre a boca tentando ao segurar a risada, a maioria das "armas" eram apenas brinquedos.
— Vai derrotar o demogorgon com um estilingue? — Dustin levantou as sobrancelhas.
— Em primeiro lugar, é um estilingue de punho. E em segundo lugar, o demogorgon não é real, é inventado. Mas se existir alguma coisa lá fora, eu vou atingi-lo no olho. E cegá-lo!
— Dustin o que você trouxe? — Mike perguntou para o amigo.
O garoto de cabelos cacheado virou a mochila sobre a mesa, depositando várias comidas sobre ela. — Tá legal, temos chocolate, balas, confeitos, batatas, biscoito wafer, maçã, banana e castanhas. — Sorriu.
Zoe soltou uma gargalhada sincera.
— É sério? — Lucas perguntou decepcionado para o amigo.
— Precisamos de energias para nossa viagem, pra termos força. Além disso, por que precisamos de armas? Estamos com ela. — apontou para Onze.
— Ela só fechou uma porta!
— Com a mente! Isso é insano, imagina só o que ela poderia fazer. Tipo... Eu aposto que ela vai fazer isso voar — Dustin se afastou para pegar uma nave espacial de brinquedo. — se concentra tá? — Ele soltou a nave e ela caiu no chão.
— Ela não é um cachorro! — Mike tomou o brinquedo dele.
(...)
Onze estava os levando a algum lugar. Já havia anoitecido, andaram a tarde inteira.
—Aqui. — Onze apontou para a casa dos Byers
— Aqui é onde o Will mora. — Zoe explicou para a menina.
— Escondido.
No mesmo instante, Zoe lembrou-se de quando ela virou o tabuleiro, falou a mesma coisa,"escondido", pensou que talvez Will pudesse estar mesmo na casa dele, mas talvez em um lugar diferente, seus pensamentos não faziam sentido, afastou a ideia maluca quando percebeu que se tratava da vida real, não de um filme sobre universos paralelos. Mas levou em consideração novamente quando se lembrou que havia uma garota com superpoderes bem na sua frente.
— Não, aqui é onde ele mora, ele desapareceu daqui, entendeu?
— Por que a gente veio pra cá?
— Ela disse que ele está escondido. — Mike respondeu Lucas.
— Eu juro, se viemos andando até pra nada... — Dustin lamentou.
— Foi exatamente o que fizemos! Eu te disse que ela não sabia do que tava falando!
— Por que nos trouxe aqui? — Mike perguntou a ela.
—Mike, não perca o seu tempo com ela.
— E o que você quer fazer? Lucas!
— Chamar a polícia como deveríamos ter feito.
— Não vamos chamar a polícia!
— Gente, será que podem parar um pouquinho com esse chilique? — Zoe perguntou enquanto observava as viaturas policiais passando na rua. — Olhem.
— Will. — Mike sussurrou. Então todos subiram em suas bicicletas e seguiram uma das viaturas. Se esconderam atrás de uma ambulância. Zoe não conseguiu acreditar no que estava vendo, o corpo de Will sendo retirado do lago, foi como se tudo tivesse ficado em câmera lenta, já não escutava Mike gritando com a Onze, apenas sua voz em sua própria mente falando que aquilo era culpa dela, mesmo Jonathan e Joyce falando que não a culpavam, ela ainda se sentia daquele jeito. Lutou contra as lágrimas que queriam cair, precisava parecer forte na frente das crianças.
Zoe observou Mike sair com sua bicicleta.
Depois levou Lucas e Dustin para casa, e esperou ficar um pouco mais tarde para tentar entrar pela porta dos fundos, no porão de Mike, para deixar a garota la, provavelmente a raiva do garoto já teria passado. Ela estava sentada com Onze no chão atrás da casa de Mike.
— Eu não menti. — Ela falou com a cabeça baixa.
— Eu sei, On, acredito em você. — Sorriu fraco. Mas mesmo que Zoe soubesse que ela não havia mentido propositalmente, Will ainda estava morto.
Um bom tempo já havia se passado quando ela decidiu bater nas portas dos fundos.
— Mike? Sou eu, abre por favor.
Demorou alguns segundos até ele abrir. Zoe deu uma boa olhada nele, seus olhos já estavam inchados de tanto chorar.
Ele abriu a passagem para as duas entrarem. Os três ficaram em silêncio por alguns minutos, ninguém tinha coragem e nem vontade de falar nada. Mike observava alguns desenhos que Will fez e deixou lá, enquanto Onze mexia no walkie talkie de Mike. Zoe fitava o chão.
Um som um tanto que conhecido soou no walkie talkie, era Will, estava cantando. Zoe e Mike correram até Onze.
— Will, é você? É o Mike! Ta me ouvindo? — Mike soltou o objeto. — Quem era?
— Will. — Onze respondeu.
Um alivio tomou conta da jovem, então aquilo que havia pensado, sobre ele realmente estar em outro lugar, não nesse universo, poderia ser real. Só precisava arrumar um jeito de alcançá-lo.
