Leonardo Monteiro
Eu sempre fui do tipo que gosta de desafios. Talvez seja porque nada na minha vida veio fácil. Cresci em uma família simples, bom, fui criado pelos meus avós maternos, por isso sei que cada conquista tinha que ser suada, e essa mentalidade me seguiu até aqui. Tenho 25 anos, e sou enfermeiro há alguns anos já. Sempre me dediquei de corpo e alma a essa profissão, não porque fosse uma vocação nobre ou algo assim, mas porque eu realmente gosto do que faço. Talvez seja a sensação de poder ajudar alguém, de fazer a diferença, que me atrai.
Quando me falaram sobre a Laura e sua fama de ser difícil, eu não pensei duas vezes antes de aceitar o trabalho. Não que eu fosse o tipo de pessoa que se impressiona facilmente com histórias, mas a ideia de trabalhar com alguém que todos achavam ser indomável acendeu algo em mim. Eu gosto de pensar que não existe ninguém impossível de se lidar, é só uma questão de encontrar o jeito certo de fazer isso.
Eu sabia que Laura era uma mulher rica, mimada, que provavelmente estava acostumada a ter as coisas do jeito dela. Mas a verdade é que isso não me intimidava nem um pouco. Já lidei com todo tipo de gente, e sei que no fundo, todos têm suas fraquezas. E é aí que eu entro. Não sou o tipo que desiste fácil, e ela não seria páreo para mim. Eu ia domar a fera, e isso era uma promessa que eu fiz para mim mesmo desde o momento em que aceitei o trabalho.
Além disso, não vou mentir, sou um homem atraente, e sei disso. Não que eu me gabe por aí, mas ser mulherengo é algo que faz parte de quem eu sou, talvez seja a maneira como levo a vida, sempre buscando o próximo desafio, a próxima aventura. E, até agora, isso tem funcionado bem para mim, compromissos assustam-me.
Enquanto me preparava para o dia, não pude deixar de pensar no que estava por vir. Laura era bonita, isso eu tinha que admitir, mas não era só isso que me fazia querer ficar. Era a ideia de provar para ela, e para mim mesmo que eu era diferente das várias enfermeiras que ela já tivera. Que eu não ia embora fácil, que não ia recuar diante das dificuldades.
Ela podia ter fama de difícil, mas eu estava pronto. E de uma coisa eu sabia: ela não era páreo para mim.
O primeiro dia na fazenda foi mais intenso do que eu esperava. Depois dos exercícios de reabilitação com a Laura, fiquei um tempo observando como ela reagia a cada movimento que eu fazia. Começamos com os exercícios básicos, tentando manter a circulação ativa nas pernas. Fiz alongamentos, massagens nos músculos para evitar a atrofia, e finalizei com exercícios de mobilidade para os tornozelos e quadris. Claro, ela estava resistente, mas isso era esperado.
Apesar da postura dura, dava para ver que ela estava acostumada com esse tipo de rotina. Era óbvio que Laura era disciplinada, provavelmente, uma característica que ficou da época em que ainda praticava equitação. Mas havia uma frustração latente em cada movimento, uma resistência que não vinha só da dor física, mas de algo muito mais profundo.
Depois de terminarmos os exercícios, ela me olhou e, pela primeira vez, parecia um pouco vulnerável.
- Me leva até o meu quarto, por favor.—Sua voz era quase um sussurro, um pedido que eu poderia facilmente atender, mas que eu sabia que não ajudaria em nada no longo prazo.
Eu me levantei devagar e, ao invés de empurrar a cadeira, cruzei os braços e fiquei ali, parado.
- Não. Você precisa parar de se esconder, Laura. Ficar enfiada naquele quarto só vai te fazer mais mal.—Falei, a firmeza na minha voz talvez a pegando de surpresa.
Ela me encarou com aqueles olhos desafiadores, como se eu tivesse acabado de insultá-la.
- Você não sabe nada sobre o que eu preciso. Só faz seu trabalho e me leva até lá, Leo.—O tom dela estava cheio de uma autoridade forçada, tentando manter o controle da situação.
- Faz parte do meu trabalho cuidar de você, e isso inclui te tirar desse buraco em que você se enfiou. Você não precisa se esconder de mim ou de ninguém. A vida continua, Laura. Você precisa sair desse quarto, respirar um pouco de ar fresco, ver outras coisas além das quatro paredes.
Ela estreitou os olhos, claramente irritada, mas eu percebi que havia algo mais ali. Talvez fosse frustração por eu não estar cedendo como as outras pessoas. Ou talvez fosse porque eu estava certo, e ela sabia disso.
- Você acha que entende tudo, não é? Que pode me dizer o que fazer só porque está aqui há algumas horas? Eu sei o que é melhor para mim!
- Talvez você soubesse antes, mas agora é diferente. E você sabe disso tanto quanto eu. Não vou ser mais um que vai te deixar fazer o que quer só porque é mais fácil. Eu estou aqui para te ajudar, e isso significa te empurrar para fora dessa bolha.— Respondi, e talvez houvesse mais do que apenas preocupação no meu tom.
Havia uma faísca de desafio no ar, algo que eu percebia cada vez que ela falava. Aquela era uma mulher que estava acostumada a lutar, a se afirmar, e a situação atual a deixava furiosa.
- Você não me conhece, Leonardo. Acha que pode me manipular, mas não vou cair nessa.— Ela falou, a voz firme, mas havia uma leve hesitação, quase imperceptível.
- Não estou tentando te manipular. Estou apenas dizendo a verdade. E se isso te incomoda, talvez seja porque você sabe que tenho razão no que estou dizendo. Agora, por que não fazemos um acordo? Eu te levo para o outro lado do jardim, onde você pode tomar um ar, e depois te deixo voltar para o quarto se ainda quiser. Que tal?— Perguntei, suavizando o tom, mas deixando claro que eu não ia ceder tão fácil.
Ela ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos nos meus, avaliando, ponderando. Havia uma tensão no ar, algo que ia além da simples discussão. Talvez fosse a faísca de algo mais profundo, algo que nenhum de nós estava pronto para admitir.
- Você é insuportável, sabia?—Ela disse finalmente, mas não havia mais raiva na voz, apenas uma resignação relutante.
- Pode me chamar do que quiser, mas a verdade é que, lá no fundo, você sabe que estou certo. Vamos lá, Laura. O jardim está te esperando.
Ela bufou, mas finalmente assentiu. Senti uma pequena vitória, mas sabia que era apenas o começo. A verdadeira batalha seria ganhar sua confiança, e isso seria muito mais complicado. Mas eu estava pronto para isso. Afinal, domar a fera era algo que eu sempre gostei de fazer.
********Foi realmente uma manhã difícil para mim, ela é realmente impossível, muito difícil de lidar, mas agora está lá em seu quarto, o que tanto ela queria, agora eu estou na cozinha esperando algo para comer, estou morrendo de fome, enquanto espero sento á mesa que tem pela cozinha sofisticada dessa fazenda, fico mexendo no telefone, respondendo umas mensagens, e um sorriso que não consigo evitar se desenhou em meus lábios.
- Sorrindo de que se posso saber?
Ouvi a voz de uma mulher, ao tirar os olhos do aparelho reparo que a mesma está me encarando apoiando os cotovelos na mesa.
- Não podes saber, pois não é da sua conta senhora.
- Pode me chamar de Marta, Mar, ou do que quiser.
A mulher sorriu, quer dizer ela tinha 18 anos, era praticamente uma adolescente apesar da maioridade, contudo era bonita tal como a irmã, dá pra me divertir, enquanto trabalho com a fera, por isso sorrio.
Diversão hein!😏
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Além Do Toque
RomanceNo coração do Bengo (Angola), em uma vasta e próspera fazenda chamada "Fazenda Nova Esperança", a vida de Laura Mendonça, uma jovem de 20 anos, mudou drasticamente após um trágico acidente de cavalo. Outrora uma jovem cheia de vida e paixão pela equ...