Capítulo 7

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Laura Mendonça

    

    Meus pais não demoraram muito para descerem e juntos fomos para a sala de jantar, é um lugar formal, com uma grande mesa de madeira e cadeiras estofadas, adequada para recepções e jantares familiares, meu pai pediu para uma das empregadas chamar Marta. Estávamos todos á mesa degustando de um prato de sopa algo leve para o jantar, Marta estava calada durante o jantar, não que eu deseje que ela fique implicando comigo, mas é estranho ela não o fazer, o jantar decorria normalmente em um silêncio normal quando meus pais resolvem quebra-lo.

- E então Laura como foi com o enfermeiro?—meu pai perguntou me encarando.

- Normal.—respondi simples.

   Até porque esse tal enfermeiro não dura muito por aqui mesmo, não adianta, pois eu não gostei dele.

- Você gostou dele filha?

- Sinceramente falando, não mãe.

   Minha voz saiu mais áspera do que eu desejei, mas era essa a verdade, também nunca gostei mesmo de nenhuma enfermeira que trabalhou por aqui, vou deixar que eles percebam que eu não preciso disso, eles vão se cansar de gastar o dinheiro deles.

- Nunca gostas de ninguém Laura, faz um esforço pois este será o último enfermeiro está bem, não podemos ficar gastando dinheiro com alguém que não quer melhorar.

   Estás palavras do meu pai me fizeram perder o apetite, apenas olhava para ele enquanto todos olhavam para mim, notei o seu semblante de arrependimento após proferir tais palavras... Como ele pode dizer isso! Eu estou perdendo a minha vida, estou, presa nessa cadeira, não são eles que sofrem todos os dias vendo que não podem mais fazer o que faziam antes.

- Perdi o apetite, com licença.

   Fui movendo a cadeira para sair de perto deles.

- Filha espera eu não....

- Claro que queria pai, mas eu não o culpo.

   Subi a rampa indo logo para o meu quarto, batendo a porta com força, respiro fundo não vou chorar por isso, mas doeu ouvir estas palavras, é como se eu não estivesse fazendo nada para melhorar e isso não é verdade, me aproximo da janela ouvindo o som estridente do toque do meu telefone ecoando pelo quarto silencioso era outra vez o Pê, melhor atender logo ou ele não para.

(Ao telefone)

- Alô!

- Finalmente dama, o que estavas a fazer, e não digas que estavas ocupada porque só ficas nessa fazenda.

   Sua voz saiu em tom de irritação e deboche ao mesmo tempo.

- Diz logo o que queres não tenho paciência hoje.—falo irritada.

- Desde o acidente que a tua paciência foi pelo ralo querida, mas queria saber como estás? Como as enfermeiras lidam contigo com esse humor?

   Reviro os olhos mesmo sabendo que ele não pode ver.

- Estou bem, sempre sentada nessa cadeira, e essas enfermeiras não tem estômago pra mim, chegou um novo enfermeiro hoje, mas também não dura muito.

- Não digas isso devias te focar em tentar melhorar...

- E voltar a andar, eu sei o que vais dizer... Para de falar da minha vida, o que andas a fazer.

- Estudando medicina.

- E...

- E não tem mas nada para contar dama.

   A noite foi indo enquanto conversava com Pedro um amigo meu, bastante inteligente, se continuar assim vai ser um bom medico não duvido.

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