Laura Mendonça
Meus pais não demoraram muito para descerem e juntos fomos para a sala de jantar, é um lugar formal, com uma grande mesa de madeira e cadeiras estofadas, adequada para recepções e jantares familiares, meu pai pediu para uma das empregadas chamar Marta. Estávamos todos á mesa degustando de um prato de sopa algo leve para o jantar, Marta estava calada durante o jantar, não que eu deseje que ela fique implicando comigo, mas é estranho ela não o fazer, o jantar decorria normalmente em um silêncio normal quando meus pais resolvem quebra-lo.
- E então Laura como foi com o enfermeiro?—meu pai perguntou me encarando.
- Normal.—respondi simples.
Até porque esse tal enfermeiro não dura muito por aqui mesmo, não adianta, pois eu não gostei dele.
- Você gostou dele filha?
- Sinceramente falando, não mãe.
Minha voz saiu mais áspera do que eu desejei, mas era essa a verdade, também nunca gostei mesmo de nenhuma enfermeira que trabalhou por aqui, vou deixar que eles percebam que eu não preciso disso, eles vão se cansar de gastar o dinheiro deles.
- Nunca gostas de ninguém Laura, faz um esforço pois este será o último enfermeiro está bem, não podemos ficar gastando dinheiro com alguém que não quer melhorar.
Estás palavras do meu pai me fizeram perder o apetite, apenas olhava para ele enquanto todos olhavam para mim, notei o seu semblante de arrependimento após proferir tais palavras... Como ele pode dizer isso! Eu estou perdendo a minha vida, estou, presa nessa cadeira, não são eles que sofrem todos os dias vendo que não podem mais fazer o que faziam antes.
- Perdi o apetite, com licença.
Fui movendo a cadeira para sair de perto deles.
- Filha espera eu não....
- Claro que queria pai, mas eu não o culpo.
Subi a rampa indo logo para o meu quarto, batendo a porta com força, respiro fundo não vou chorar por isso, mas doeu ouvir estas palavras, é como se eu não estivesse fazendo nada para melhorar e isso não é verdade, me aproximo da janela ouvindo o som estridente do toque do meu telefone ecoando pelo quarto silencioso era outra vez o Pê, melhor atender logo ou ele não para.
(Ao telefone)
- Alô!
- Finalmente dama, o que estavas a fazer, e não digas que estavas ocupada porque só ficas nessa fazenda.
Sua voz saiu em tom de irritação e deboche ao mesmo tempo.
- Diz logo o que queres não tenho paciência hoje.—falo irritada.
- Desde o acidente que a tua paciência foi pelo ralo querida, mas queria saber como estás? Como as enfermeiras lidam contigo com esse humor?
Reviro os olhos mesmo sabendo que ele não pode ver.
- Estou bem, sempre sentada nessa cadeira, e essas enfermeiras não tem estômago pra mim, chegou um novo enfermeiro hoje, mas também não dura muito.
- Não digas isso devias te focar em tentar melhorar...
- E voltar a andar, eu sei o que vais dizer... Para de falar da minha vida, o que andas a fazer.
- Estudando medicina.
- E...
- E não tem mas nada para contar dama.
A noite foi indo enquanto conversava com Pedro um amigo meu, bastante inteligente, se continuar assim vai ser um bom medico não duvido.
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Além Do Toque
RomanceNo coração do Bengo (Angola), em uma vasta e próspera fazenda chamada "Fazenda Nova Esperança", a vida de Laura Mendonça, uma jovem de 20 anos, mudou drasticamente após um trágico acidente de cavalo. Outrora uma jovem cheia de vida e paixão pela equ...