Capítulo 20

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Laura Mendonça

    Estou afundando na dor, sem ninguém para me ajudar a sair, as lembranças boas de uma mentira bem contada me seguem a cada dia que passa, meu coração continua doendo como se fosse a primeira vez, pois ele se quebrou, não estou morta contudo, não estou vivendo mais, talvez isso passe com o passar dos dias, mas vai ser difícil...Tenho saudade do seu sorriso, das suas provocações, dos seus lábios ou das suas mãos em meu corpo, o vazio me aflige, gelando o meu corpo.

   Já faz uma semana desde que ele foi embora e não põe os pés aqui, pedi que Maria lhe pagasse o que se devia pelos seus serviços, ele fez um mês trabalhando como meu enfermeiro. O dia começa para mim da mesma forma, sem muito ânimo, a sala de jantar está tão calma e silenciosa, perfeito para mim, meus pais apenas comem, Marta deve estar a dormir ainda ou nem deve ter dormido em casa, sinto os olhares dos meus pais sobre mim, óbvio que querem perguntar algo e eu estava pronta para responder.

- Laura, não vemos mais o Leonardo por aqui, aconteceu algo?—minha mãe finalmente perguntou.

  Após dar um gole no meu chá, eu encaro a mulher  a minha frente.

- Ele foi embora, o dispensei já não precisava dele estou bem.—minha voz saiu o mais natural possível.

- Mas não nos avisasse.—indagou o meu pai.

- E era necessário? Ele era meu enfermeiro, acho que é lógico que eu o dispensasse, ou ele ficaria aqui para sempre?—encarei os dois.

- Claro que não Laura só que faz pouco tempo que ele chegou.—meu pai explica.

- A partir de hoje eu vou fazer as coisas sem ajuda de enfermeiro algum, tudo bem?

    O casal se entreolhou achando tudo isso muito estranho, mas logo aceitaram mesmo não estando muito certos do que ia acontecer, eu não enlouqueci, entretanto a ausência de Leonardo me deu a capacidade de enchergar que ele não ficaria para sempre cuidando de mim, eu posso fazer tudo, ele também me falava, então que isso comece logo. Após meus pais sairem eu pedi a Maria que me trouxesse minha bolsa pois eu também ia sair, pedi também que ele avisasse ao motorista que preparasse o carro.

  O motorista dirigia em silêncio pelas estradas asfaltadas do Bengo, me fazendo viajar.....

   Eu estava sentada na cama, passando creme nas minhas pernas, algo que se tornou parte da minha rotina diária com mais frequência após o banho. A sensação da loção na pele era suave, mas meus pensamentos estavam longe naquele dia. A porta do quarto se abriu lentamente, e antes mesmo de olhar, eu soube que era Leonardo. Ele entrou sem dizer nada, com aquele sorriso provocador no rosto que me deixada desnorteada.

- O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando parecer indiferente, mas com um sorriso no canto dos lábios.

     Ele fechou a porta atrás de si e me olhou, seu olhar intenso e cheio de intenção.

- Eu só queria estar com você, little dove — respondeu ele, com a voz baixa e calorosa, aquele apelido carinhoso que sempre me desarmava.

    Nós sorrimos um para o outro, e ele se aproximou de mim, sentando-se na minha cadeira de rodas como se fosse a coisa mais natural do mundo. A maneira como ele fazia isso, tão descontraída, me fazia esquecer de toda a minha frustração por estar nela. Ele começou a empurrar a cadeira lentamente, dando voltas suaves pelo quarto, enquanto eu o observava, rindo baixinho.

   Depois de algumas voltas, ele parou bem na minha frente, inclinando-se um pouco para me olhar nos olhos.

- Vem, senta aqui no meu colo. — Ele apontou para suas pernas, os olhos brilhando com aquela mistura de brincadeira e desejo.

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