Capítulo 15

0 0 0
                                    

Leonardo Monteiro

   

     Não achei que o que eu disse para Laura foi cruel ou demais, pois ela precisava realmente ouvir tais palavras, ela precisa ver que é mais, que estar naquela cadeira não significa nada, ela ainda pode ser uma mulher proactiva, e viver... Espero que as minhas palavras tenham tido efeito porque não gosto de ver como ela se menospreza, fiquei um pouco irritado mas isso passou assim que saí do seu quarto antes de ontem. Ela tem a sua razão no que disse, eu sou um enfermeiro e não deveria beijar ou tentar algo com ela, nunca me envolvi com nenhuma das minhas pacientes, isso é errado, mas Laura... É diferente, e estás palavras são clichê.

   Eu queria ver ela reagir, parar de ficar em sua bolha, mas passei o meu limite, e agora me pego desejando aquela mulher, algo que não estava nos planos, o plano era apenas cuidar dela e a fazer melhorar, assim o meu trabalho seria mais reconhecido, mas fiz borrada me deixei levar, eu nunca devia ter beijado ela. Vejo minha avó vindo até mim, ela devia estar a descansar.

    Não apareci no trabalho ontem. Minha mente estava em outro lugar, preocupada com minha avó. Ela tem sido tudo pra mim desde que minha mãe preferiu viver sua vida, e vê-la mal me despedaça. Antes de ontem à noite, ela começou a se queixar de uma dor forte no peito e nas costas. Achei que fosse algo passageiro, mas logo percebi que era mais sério. Ela respirava com dificuldade e suava frio, o que me fez pegar o carro e levá-la direto ao hospital. Não poderia pensar em outra coisa enquanto a via tão frágil.

    Os médicos disseram que foi uma crise cardíaca leve, causada pelo estresse acumulado. Eles a internaram para monitoramento, e eu fiquei ao lado dela o tempo todo. Ver a pessoa que sempre foi minha rocha tão vulnerável me fez sentir impotente, voltamos ontem para casa, foi por isso que não consegui aparecer na fazenda ontem. Minha cabeça estava longe, e o coração ainda mais. Precisei estar com minha avó, assim como ela sempre esteve por mim.

- Avó devias estar a descansar —dou um beijo em sua testa.

- Estou bem meu filho.

- E meu avô?— fiz ela se sentar á mesa.

- Saiu cedo para ir na lavra do ti Beto.

- Mas esse homem não escuta! Ele tem que ficar aqui com a senhora eu trabalho para vocês.—coloco um copo de sumo de laranja na mesa e um prato com mandioca fervida.

- Nos não podemos ficar só em casa, isso nos deixa tristes, temos e ver as outras pessoas faz bem.

- Eu percebo velha mas...

- Senta para comer, tens que ir trabalhar forte.

     Me sentei após colocar o meu prato também. Ela foi falando e me dando conselhos até falou de encontrar um boa moça para casar, porque as de hoje em dia só pensam em dinheiro e imediatismo, eu concordo com ela, a nossa sociedade está infestada de mulheres assim.

- Não faça muito esforço.—dou um último beijo em sua cabeça e saio com minha mochila no ombro.

                      ********

     Desço do carro após para-lo dentro da fazenda Nova Esperança, o tranco e vou andando de uma maneira descontraída enquanto cumprimento os trabalhadores, o trabalho por aqui começa logo cedo, é bom começar o dia sentindo o ar fresco do dia. Hoje resolvi que seria bom Laura passar para as sessões de hidroterapia lá na piscina do ginásio, é um bom exercício para dar força as pernas. Entro na cozinha pela porta de serviço avistando Maria, a cumprimento e aviso que já cheguei, pedindo o favor dela avisar isso a Laura, ela me encontraria lá no ginásio mesmo, mas antes peço que ela me traga uma roupa de banho dela, sem que ela perceba, sei que não vai gostar nada, principalmente por ser comigo essa sessão de hidroterapia.

Além Do Toque Onde histórias criam vida. Descubra agora