Capítulo 29

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Laura Mendonça

  
    Ter Leonardo bem na minha frente, foi como um choque para mim, nunca imaginei vê-lo hoje ainda mais depois de ter lido o final do livro e ter aberto o conteúdo da carta, reagi bem diante dele eu acho, mas tive que resistar a uma vontade de abraçar ele... Está tão lindo.

    Quando abri aquele envelope e vi o anel de noivado da avó de Leo, meu coração parou por um segundo. Eu não conseguia acreditar no que estava diante de mim. O anel era antigo, delicado, mas cheio de significado. Leo não apenas estava me entregando um anel, estava me entregando uma parte da sua história, da sua família, do seu coração.

  "Eu sei que, agora, as circunstâncias não nos permitem viver o que poderíamos, mas não quero que esse anel simbolize um pedido de casamento, e sim uma promessa de que você sempre terá uma parte de mim, onde quer que esteja. Mesmo que já tenha seguido em frente, isso não muda o que sinto. O anel é a forma mais pura de dizer que, independente do que aconteça, você sempre estará no meu coração."

    Quando li essas palavras, senti uma mistura de emoções que me arrebatou. Parte de mim queria devolver o anel, afinal, eu estava tentando seguir em frente com minha vida, com outra pessoa. Mas outra parte sabia que Leo estava certo. O anel não era sobre um compromisso formal, não era sobre um pedido que eu devia aceitar ou recusar. Era sobre nós. Sobre o que tínhamos vivido, o que sentimos, o que compartilhamos e, de alguma forma, ainda compartilhamos, mesmo com a distância.

     Ele sabia. Leo sempre soube que nossas almas estavam ligadas de uma forma que nenhum relacionamento poderia apagar. O anel era um lembrete silencioso de que, não importa onde a vida nos levasse, ele ainda faria parte de mim. E, de certa forma, eu também faria parte dele.

   Naquela hora eu só pensei em colocar o anel num fio, segurando-o entre meus dedos por alguns segundos antes de colocá-lo no pescoço. Era leve, mas o peso do que significava era enorme. Enquanto o fio encostava na minha pele, senti uma paz estranha, como se estivesse aceitando uma verdade que sempre soube, mas evitava. Leo estaria sempre comigo, mesmo que fosse só em espírito, em memória, em coração.

    Por isso o coloquei, ele nem deve ter visto ele em meu pescoço, fechei os olhos, tentando controlar as lágrimas que queriam sair. O anel balançava levemente no meu pescoço, e enquanto o sentia ali, a única coisa que consegui pensar foi que, por mais que o tempo passe, por mais que eu tente seguir em frente, ele sempre seria uma parte de mim que eu não poderia apagar.

"Obrigada, Leo" —sussurrei baixinho para mim mesma.—"Obrigada por me lembrar que, no fim, o amor verdadeiro não desaparece. Ele apenas encontra novas formas de existir."

   Sinto alguém tocar em meu ombro e me viro imediatamente, era Mateus sorrio automaticamente.

- Por que estás aqui sozinha e o Leonardo?— ele perguntou bem na minha frente.

- O deixei á vontade para desfrutar da festa.

- Está bem.—ele me puxou pela cintura nos aproximando.—que tal a gente sair amanhã?

- Só se for depois da faculdade.

- Sim...

- E não tens trabalho?—pergunto

- Um pouco vou sair cedo.

- Ok.—ele me beija por breves instantes.

- Vamos lá para a festa.

   Ele pega em minha mão e vamos nos dirigindo a festa para perto da animação das crianças. Eu e Mateus nos aproximamos muito mais durante a minha reabilitação e começamos a sair e uma coisa leva a outra, ele me pediu em namoro 1 ano atrás e desde então estamos aproveitando o que essa relação proporciona para nós. Lúcio estava muito feliz com sua festa de 3 anos e os avós também, porém como era de se esperar Marta não estava por aqui ela nem se dignou a aparecer e para os nossos pais isso era a gota d'água, ela fazia e desfazia e nada acontecia, desta vez não vou defende-la, não mais.

*****

   A festa estava a pelo vapor, eu avistava Leonardo lá sentado em uma mesa bebendo, nossos olhares se encontravam de vez em quando. Eu estava perto de Mateus e Lúcio em uma mesa.

- Sua irmã não vem?—ele pergunta enquanto Lúcio comia um salgadinho.

- Não sei, ela não aprende.

- Ela é quem perde— Mateus olha para Lúcio com ternura ele o trata como um filho.

- Gosto de ver como tratas o Lúcio.—pego em sua mão por cima da mesa.

- Eu gosto muito dele... É um menino bem inteligente.

  Ele seria um óptimo pai, peço licença pois precisava ir só banheiro.... Me afasto e entro na casa indo para o banheiro no rés do chão. Assim que termino lavo as mais me olho ao espelho e saio, mas pelo corredor acabo me deparando com Leonardo.

Leonardo...

  Seu nome se repete em minha mente.

- Voltamos a nos encontrar.—ele fala meio sem graça.

- Estamos na mesma casa então é algo normal —sorrio de leve.—então como vão as coisas?

  Ele fica calado por alguns minutos.

- Bem, e como vão as coisas para ti? Agora que estás com a mobilidade aumentada, mais saídas com amigos, um namorado talvez.

  Namorado.

- Você está namorando?—pergunto tão curiosa para ouvir a resposta, ele deve ter notado o meu interesse.

   Ele estava sorrindo sem mostrar os dentes é aquele sorriso desafiador e debochado que eu sempre gostei e admirei nele.

- Eu perguntei primeiro.

- Eu não costumo sair muito mesmo tendo recuperado a mobilidade, não tenho muitos amigos, e sim estou namorando há exatamente 1 ano.

   Vejo sua alegria diminuir um pouco mas ele continuava a sorrir, me olhando.

- Que bom, ele tem sorte.

- Então pode me responder.

- Ao que exatamente?—se fez de desentendido.

- A pergunta que eu fiz sobre ter uma namorada.

- Ah.... Claro, não tenho namorada, não posso ter uma.

    Ele não tem namorada! Mas isso também pode ser mentira, mas ele nem tinha necessidade de mentir para mim. E porquê diz que não pode ter uma? Será que está com alguma doença terminal? Meu peito aperta só de pensar nisso.

- Porquê dizes isso? —ele apenas sorria e que sorriso lindo meu Deus!

- Bom tu sabes, eu não preciso explicar.—engulo em seco— apenas, sinto falta de algo que não consigo alcançar com minhas mãos, algo que se esconde entre o silêncio das palavras não ditas.

  Estás palavras....

   Ele as escreveu no livro, eu me lembro, meu coração está acelerado acho que eu vou desmaiar, ele está falando que não estava com alguém por mim.

- Estás bem?—sua voz era de pura preocupação ele quis tocar em mim, mas eu fugi ligeiramente.

- Claro só...

- Não te preocupes eu já vou, foi bom ver-te.—ele começou a andar.

- Eu não te expulsei.—vi ele parar ainda de costas a mim.

- Eu sei mas é melhor eu ir...

- .... Também foi bom te ver.—falei antes dele ir embora.

   Respiro fundo e volto para perto de Mateus e Lúcio, a festa continuar.

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