Capítulo 10

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Laura Mendonça

   

    Dei graças a deus por todo esse exercício ter terminado, pois eu não estava mais aguentando essa proximidade entre nós, ele estava me provocando, me levando ao limite, estava me tocando onde já se viu isso? Isso não é de um enfermeiro, e eu não consegui fazer nada, ele estava se aproveitando da situação, ser uma invalida inútil não ajuda nesses casos. Eu já estava sentada na cadeira, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. O choque daquilo ainda reverberava em meu corpo, me deixando irritada e confusa. Não podia acreditar na ousadia de Leonardo, de como ele havia me tocado, de como havia ultrapassado todos os limites.

- Como você se atreve?—comecei, a voz tremendo de raiva enquanto o encarava. — Tocar em mim daquele jeito, sem a minha permissão? Você passou dos limites, Leonardo!

    Ele, em vez de parecer arrependido, apenas sorriu. Um sorriso tranquilo e, para minha crescente frustração, arrogante.

- Relaxa, Laura— disse ele com um tom despreocupado, quase brincalhão.— Eu só estava explorando o que estava ali, tão... acessível.

- Você é um idiota— retruquei, apertando as mãos nos braços da cadeira, tentando não gritar. — Eu não sou um brinquedo pra você ficar tocando quando bem entender!

    Ele se aproximou, a expressão permanecendo suave, o sorriso ainda presente nos lábios.

-  E quem disse que eu te vejo como um brinquedo?— Ele se abaixou até ficar à minha altura, os olhos fixos nos meus. — Você não sabe o quanto adoraria te ver de lingerie.— ele murmurou, a voz baixa, carregada de um calor perigoso.

    Senti meu rosto queimar, uma mistura de vergonha e raiva.

- Você está ultrapassando todos os limites.—eu consegui dizer, minha voz quase falhando.

   Ele não se abalou, ao contrário, sua mão se ergueu lentamente até tocar meu rosto, o polegar acariciando minha bochecha com uma delicadeza que contrastava com suas palavras.

- Talvez— ele respondeu suavemente.— mas não consigo resistir. Você me deixa curioso, Laura. E adoro desafios.

   Eu me afastei, tentando me desvencilhar do toque dele, mas a cadeira não me dava muita escolha.

- Eu não sou seu desafio, Leonardo— disse, tentando manter a compostura.— Eu sou sua paciente, e você deveria se lembrar disso.

- Eu nunca esqueço, Laura—ele respondeu, a voz ainda baixa, quase um sussurro.—Mas também sei que você não é só isso. Há muito mais em você, muito mais que essa cadeira de rodas não pode esconder. E eu quero ver tudo.

  O atrevimento dele era insuportável, mas havia algo no tom dele, no jeito como ele falava, que me fazia tremer, uma parte de mim querendo ceder, mas a outra resistindo com todas as forças.

- Eu não quero nada disso— falei com firmeza, embora minha voz tenha saído menos convicta do que eu pretendia.— Não estou aqui para satisfazer suas... curiosidades.

    Ele se inclinou ainda mais perto, tão próximo que pude sentir o calor da respiração dele.

- Talvez não agora— ele sussurrou, os olhos nunca deixando os meus.—Mas eu sou paciente, Laura. E sei que no fundo, você também quer isso. Só ainda não percebeu.

    Eu fechei os olhos por um momento, tentando me recompor. Quando os abri novamente, ele ainda estava ali, tão perto, tão confiante, como se tivesse certeza de que já tinha ganho.

- Você não me conhece—consegui dizer, a voz carregada de raiva contida.

- Estou começando a te conhecer—ele retrucou, o sorriso voltando a seus lábios.— E estou gostando do que vejo.—Com isso, ele se levantou lentamente, os olhos nunca deixando os meus, e se afastou com a mesma confiança com que havia se aproximado.

   Fiquei ali, sozinha, com as palavras dele ecoando em minha mente, tentando me convencer de que tudo o que eu sentia era apenas raiva, nada mais do que isso. Mas, no fundo, sabia que ele tinha mexido com algo dentro de mim, algo que eu não estava pronta para enfrentar.

****

   Acabei de descer para a sala, meu olhar foi de encontro a do enfermeiro atrevido que sorria ele sabia que era charmoso por isso fazia esse tipo de coisa, mas estava despertando em mim algo que há um ano estava adormecido, algo que pensei que nunca mais fosse sentir, não sei ao certo o que ele tem, mas me atrai, contudo não vou ceder, até porque pode ser só um jogo, espécie de desafio para ele e eu não vou cair, de jeito nenhum não sou uma criança. Ele continua me olhando com o seu olhar atraente e desafiador ao mesmo tempo, aquele sorriso que podia derreter o coração de qualquer uma estava lá estampado em seu rosto, eu permaneci séria não podia mostrar que ele me afetada e em apenas três dias, o que ele tem afinal! Mas também acho que ele sabe que mexe comigo que loucura, ele precisa ir embora.

  O silêncio daquele momento fora quebrado com a repentina chegada da minha querida irmã que entrelaçou os braços no dele sorrindo feito boba, bom, ela é mesmo boba está caidinha por ele, reviro os meus olhos, porém acho que nenhum deles viu pois estavam se olhando.

- Leo vais ficar para almoçar?
  
  Nesse momento tanto eu como ele respondemos ao mesmo tempo só que respostas diferentes, totalmente opostas, "sim" ele disse e eu falei que não, ficamos nos olhando os três, Marta parecia meio confusa com a minha resposta mas ela devia saber como eu sou, Maria chega nesse exato momento.

- Meninos os almoço está na mesa.—fala feliz.

- Vamos lá então.—minha irmã está toda empolgada.

- Deixa que eu empurro a cadeira.

   Leo se solta da minha irmã e se põe atrás da minha cadeira mesmo eu falando que não precisava disso, ele era teimoso e irritante. Chegamos até a sala de jantar e ele puxou a cadeira para a minha irmã, "irritante". Maria terminou de colocar tudo na mesa e nós nos servimos, eu me mantive calada enquanto eles estavam a conversa, uma ou outra vez Leonardo olhava para mim, era mais uma troca de olhares, mas logo ele estava entretido com a minha irmã novamente, comecei e ficar irritada, sério parece que ele queria algo com a minha irmã, não dá para acreditar que estou presenciando isso.

   O som estridente do telefone de Marta fez os dois despertarem da conversa o que me deu um alívio, pois ela se levantou para ir atender, e Leonardo ficou me encarando.

- Com ciúmes?— seu olhar estava em mim com intensidade ele estava com um brilho invulgar nos olhos.

- Porquê eu ficaria com ciúmes? És apenas meu enfermeiro, nada mais.

- Posso ser muito mais que isso.

- Nos teus sonhos.

   Ele sorri em desafio, ele sabia me tirar do sério, que loucura.

- É bom sonhar, quando não é um pesadelo.

   Ele mordeu seu lábio, ahh... Sexy demais, mas não podia perder o foco, mesmo que isso custasse mais do que eu poderia imaginar. Logo Marta voltou e se sentou do lado dele, já tinha terminado de comer por isso os deixei a vontade para fazerem o que quisessem não estou afim de os ver tão amiguinhos, me afeta, mesmo não querendo ele mexe comigo, desperta algo em mim... Sei que é loucura isso pois esse é só o terceiro dia dele por aqui e já está despertando um sentimento em mim, não vou dizer que é amor, porque seria ainda mais louco, mas talvez paixão, desejo... Um desejo outrora adormecido como os meus membros inferiores, mas que agora está ganhando vontade outra vez.

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