Capítulo 2

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Anahi Portilla

O que foi que eu fiz? Eu tenho probleminha na cabeça, só pode ser isso. É a única razão para o que acabou de acontecer, para eu ter permitido ser tocada daquela forma pela primeira vez na vida. Não que ninguém tenha tentado antes. E por ninguém, me refiro ao meu noivo. Ex-noivo. Não sei. É realmente difícil deixar o rótulo de lado quando tudo está tão recente ainda. Sou interceptada por Dulce no meio da saída da boate. Ela agarra meus ombros com força e tem os olhos arregalados ao me olhar, ao ver meu estado eufórico e minhas alças fora do lugar. Imagino que eu não esteja lá muito bem recomposta agora.

— O que foi? — pergunta, mas mal a escuto pelo barulho alto damúsica que toca, apenas leio seus lábios.

— Eu me sinto... estranha. Posso ir embora? — grito perto do seu ouvido, e ela apenas acena, tocando a minha cintura e dando um tchau para quem quer que ela estivesse se entretendo na noite.

— Dul, não precisa acompanhar. Vou sozinha. Ela me ignora e segue me guiando até a saída, sempre tão atenciosa companheira. Assim que piso para fora da boate que não tem nada a ver como tipo de ambiente que estou acostumada, respiro de alívio. Meu corpo está trêmulo, quente e... excitado. A imagem do homem me vem à cabeça, e sinto meu rosto esquentando. Fico de costas para Dulce porque minha amiga me conhece bem demais e basta um olhar para saber tudo o que acontece comigo. Até quando nem mesma eu entendo o que se passa, ela sabe.

— O que foi, Anahi? Você me assusta sempre que aparece com esses olhos gigantes e cheios de lágrimas. Isso tem que parar de acontecer, minha amiga.

Dul me vira para que eu fique de frente para ela. Eu suspiro, prendendo o choro. Sim, talvez minha amiga esteja acostumada com minhas crises bobas e exageradas de choro. E ela é a melhor para lidar com todas elas.

— Não me diga que viu o embuste do seu ex-noivo com o pau dentro de outra pessoa de novo?

— Anahi! Cadê o seu tato? — A lágrima escorre antes que possacontrolar, e eu a limpo rapidamente. Ainda dói muito me lembrar disso.

— Desculpa, às vezes me esqueço de que você é sensível demais — fala com a voz mais branda e me puxa para um abraço.

— Você está quente e tremendo, Any. O que aconteceu ali dentro?

— Nós podemos sair daqui antes? Eu... — Olho para a entrada daboate luxuosa, e meu corpo treme de medo daquele... ser de outro mundo aparecer aqui. Dulce assente e já pega o celular para pedir um Uber. Não demora para o veículo chegar e nós entrarmos ali. Ela não fala nada durante o caminho, me conhecendo bem demais para saber que eu preciso do meu tempo para processar tudo antes de despejar as coisas em cima dela. Dulce sabe lidar bem demais com as minhas crises de choros ao contar meus dramas. Essa mulher é mesmo perfeita. Assim que o carro para na sua casa, ela sorri fraco para o motorista do Uber e passa o braço ao redor dos meus ombros. Abraço-a quase na bunda porque ela é bem alta do que eu. Um mulherão, completamente diferente de mim. Sabe o clichê sem graça? Sou eu. Enquanto Dulce tem os cabelos volumosos vermelhos, um corpo de violão que ela faz questão de exibir por aí,uma pele clara, maravilhosa e bem cuidada, eu tenho o cabelo cor de ovo, um olho azul cor de água suja e um corpo que precisa de muitas técnicas para que se destaque. A vida não é justa.

— Vamos. Você não vai escapar de me contar o que aconteceu. — Minha amiga me guia em direção ao seu quarto e se senta na cama, batendo no colchão para que eu faça o mesmo. — Me diga que não teve outro surto por causa do emb... Marcos. Faço um beicinho para ela, agradecendo por controlar a fala tão direta em um momento de confusão mental como esse.

— Não. É exatamente ao contrário. Você me conhece, não é? — falo, sentido sentindo meu corpo quente. — Sabe que eu jamais faço nada por impulso, que sempre fui sensata e que nunca me... entreguei ao desconhecido. Nem ao conhecido para falar a verdade.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora