Capítulo 3

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Alfonso

Estou contando até dez para não perder a paciência com o idiota que está do meu lado, mas é uma puta tarefa difícil porque ele é um incompetente.

— Eu tenho uma reunião em vinte minutos, Macedo. Cadê a porra do contrato? O advogado da empresa me olha como se fosse um ratinho assustado e começa a gaguejar enquanto procura uma desculpa esfarrapada qualquer para ter feito merda de novo.

— Não é como se tivesse sido minha culpa — ele tenta se justificar e arruma a gravata. — Aquele homem é louco. Você viu as coisas que ele pediu? Bato na mesa com força, e Macedo praticamente pula na cadeira, tomando um susto. Respiro fundo, irritado.

— Eu estou pouco me fodendo se ele quer que você se vista de palhaço corra em círculos! — grito e vejo Macedo se encolher na cadeira.

— Se ele quiser colocar uma algema nas suas bolas, vai colocar a porra de uma algema nas suas bolas e você vai dizer que gostou, fui claro? Macedo faz que sim com a cabeça, mas não fala mais nada. Era só o que me faltava. Agora eu tenho que entrar naquela reunião e explicar para o dono da maior rede de shoppings da região que meus funcionários são uns inúteis e por isso o contrato que ele veio assinar hoje não está pronto. E cadê a irresponsável da nova secretária? Puxo a manga da camisa social para olhar a hora no relógio de pulso e vejo que são sete e dez. Atrasada no primeiro dia. Essa garota não vai durar aqui. Ela escolheu o dia errado para testar minha paciência. Meu humor está uma merda desde sexta-feira, depois que aquela louca deixou de pau duro na boate. Sou Alfonso Herrera, porra. Ninguém me deixa na mão daquele jeito. Deu vontade de encontrar aquela garota e dar umas boas palmadas naquele raseiro dela para aprender a não provocar um homem como eu. É claro que ela foi esquecida imediatamente e encontrei outra mulher disposta a resolver o problema sem qualquer dificuldade. Passei o final de semana inteiro enterrado em bocetas muito dispostas, mas meu humor não melhorou. Junta isso com o caos que essa empresa está, e é uma péssima ideia cruzar meu caminho hoje.

— O que você ainda está fazendo aqui? — pergunto para Macedo, que só continua me olhando. A vontade que tenho de o colocar no olho da rua é enorme, e eu faria exatamente isso se dar um emprego para ele não tivesse sido um acordo com um cliente. Um acordo merda para mim, consigo ver claramente agora. Está explicado por que ele não conseguia arrumar um trabalho por conta própria.

— Está esperando um convite para sair? Some daminha frente! Ele se levanta praticamente em um pulo e sai da sala, batendo a porta no caminho. Bufo e volto a ler o documento que tenho aberto no computador. Essa reunião é a chance de conseguir uma parceria milionária e não posso perder essa oportunidade.

Não vou perder essa oportunidade. Quando o relógio marca sete e vinte, pego meu celular e saio do meu escritório para ir para a sala de reuniões. Sem prestar atenção para onde estou indo, começo a digitar um e-mail para Raquel, minha secretária que saiu de licença-maternidade, para perguntar onde a substituta dela se enfiou, até que esbarro em alguma coisa. Alguma coisa não, alguém. Alguém estabanado que deixa várias pastas caírem no chão.

— Droga — ela diz e se abaixa no chão para começar a arrumar a bagunça. Com o cenho franzido, assisto à cena. A garota tem um cabelo loiro preso no topo da cabeça e, de onde eu estou, com ela ajoelhada na minha frente, consigo ver a sombra dos seios pequenos por dentro do decote da blusa de botões. Só tiro os olhos da curva delicada quando ela finalmente olha para cima. Os olhos azuis arregalados estão completamente aterrorizados, e a boca rosada está com os lábios partidos.

Ela parece não ter ideia do que dizer e continua ali, me olhando debaixo com a cara de boneca inocente de porcelana.

— E você, quem é? — pergunto quando essa situação ridícula começa ase estender por tempo demais. Cruzo os braços no peito, gostando de como ela parece tão pequena assim. A garota pisca algumas vezes e parece confusa.

— Você... — Ela pigarreia depois de a voz sair como um fio. — Você não sabe quem eu sou? — pergunta. Solto uma risada seca e ergo uma sobrancelha.

— Eu pareço ter tempo para perder com conversa fiada? Se disse que não sei, é porque não sei — respondo seco. Ela parece chocada por um segundo, mas se recupera rapidamente. Joga o queixo para cima em um desafio que seria adorável se eu não estivesse quase atrasado. Olho a hora de novo e volto a olhar para ela a tempo de ver se colocar de pé segurando as pastas na frente do corpo como se fosse um escudo protetor. De pé em cima dos saltos, a garota continua sendo muito pequena. Percorro os olhos pelo seu corpo antes de voltar para o seu rosto e ver que a pele branca está avermelhada.

— Anahi Portilla — ela se apresenta, estendendo uma mão para mim. Quando vê que não vou cumprimentar de volta, recolhe os dedos. — Sua nova secretária.

— Ah — digo, desdenhoso. — A irresponsável atrasada no primeiro dia de trabalho. Preciso me segurar para não rir da mudança brusca no seu rosto. Ela passa de assustada para ofendida.

— Eu cheguei no horário — ela se defende.

— Você estava...

— Senhor — corrijo. Ela joga os ombros para trás, arrumando a postura.

— ... estava com companhia e não quis interromper. Cheguei às sete e comecei a organizar sua agenda para o dia como Raquel me instruiu. Você... — Ela pausa quando aperto os olhos em um aviso claro. — O senhor tem uma reunião em poucos minutos com Arthur Duarte. Ele está esperando na sala de reuniões. Já levei água e pedi para o menino do outro andar buscar café para ele e para os advogados na loja aqui embaixo. Eu a olho de cima a baixo de novo, sem dar o braço a torcer. Dou um passo na sua direção, e ela quase se encolhe no lugar. Sorrio, finalmente.

— Quantos anos você tem, garota? — pergunto a poucos centímetros de distância.

— Vinte — responde, mordendo a pontinha do lábio. Perco o fio do pensamento por um segundo encarando aquele pedaço do seu corpo. Respiro fundo e volto a atenção para os seus olhos.

— Uma criança — declaro. — Vou confiar que Raquel sabia o que estava fazendo quando me mandou uma pirralha mal saída das fraldas, mas não tenho vocação para babá. Você trabalha para mim e vai ser muito bem paga, mas isso significa que vou exigir competência. Fui claro?

— Sim, senhor — ela sussurra, e uma onda estranha de satisfação corta meu corpo ao ouvir as duas palavras saindo dos lábios grossos.

— Muito bem — digo, passando por ela e seguindo em direção aoelevador. Aperto o botão e olho por cima do ombro para encontrar a garota estática no mesmo lugar, me olhando como se eu fosse uma assombração.

— Nós temos uma reunião, senhorita. Ou ainda não entendeu que precisa ser minha sombra? Que bosta de dia é esse que todo mundo está esperando um convite para fazer o próprio trabalho? Ela se recupera rapidamente, coloca as pastas na mesa e se inclina para pegar uma agenda. Aproveito o ângulo para conferir o traseiro redondo dentro da saia apertada, satisfeito com a vista. Se essa menina for uma completa idiota e não souber fazer nada, pelo menos é uma boa visão. Entramos no elevador e assisto deliciado enquanto ela tenta não olhar para mim a cada dois segundos. Anahi mal consegue disfarçar o interesse. Quando chegamos ao andar certo, ela começa a recitar meia dúzia de anotações que tem na agenda, e eu me surpreendo quando noto que são informações bastante úteis. Assim que chegamos à sala de reuniões, paro com a mão na maçaneta e olho para ela.

— Preparada? — pergunto. Ela move a cabeça para cima e para baixo em positivo. Seus olhos estão interessados e desejosos enquanto me encara, e dou um passo para mais perto dela, me aproveitando do andar vazio e sem plateia.

— Algum problema? — questiono. Anahi derruba os olhos pelo meu corpo do mesmo jeito que fiz com ela alguns segundos atrás e respira fundo, balançando a cabeça em negativa rapidamente. Mas vejo seu pescoço enrubescer e seu peito subir e descer em uma respiração funda. O cheiro doce do perfume que ela usa me parece familiar, mas não me lembro de onde. O que sei é que meu humor melhora um pouco com a visão da garota tão desconcertada com a minha presença. Meu pau decide que o final de semana ocupado não foi o suficiente para ficar satisfeito, porque dá sinal de vida dentro da calça. É uma pena que eu tenha uma regra tão rígida de não me envolver com  funcionarias, porque o jeito que ela me olha deixa claro que Anahi seria uma ótima diversão.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora