Capítulo 16

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Alfonso

Saí do quarto de Anahi no meio da noite depois de deixar a garota dormindo exausta e sem acreditar que passei tantas horas na cama com uma mulher sem foder do jeito que eu queria. E estava preocupado com o que eu ia encontrar quando ela acordasse, mas Anahi está se comportando como se nada tivesse acontecido desde que saiu do quarto. Ela repassou minha agenda para os próximos dias durante o café da manhã, comentou sobre pessoas que conheceu durante a viagem e sobre coisas que anotou sobre empresas concorrentes durante o voo. Perfeitamente profissional. Como se não tivesse gozado até quase desmaiar, como se não tivesse gritado meu nome a noite inteira, como se não tivesse engasgado na porra do meu pau tantas vezes que perdi as contas. Eu estou positivamente surpreso e puto para um caralho.

— Para onde? — pergunto dentro do carro quando ela coloca o cinto. Estamos saindo do aeroporto depois de desembarcarmos no Rio, e ela está com a cara enfiada no celular e uma ruguinha no meio da testa. — Anahi? Ela levanta o rosto para mim e pisca devagar, como se estivesse em outro mundo. — Preciso de um endereço — insisto e ergo uma sobrancelha. Ela abre e fecha a boca e volta a olhar para o celular. Bufo já sem paciência para o silêncio súbito dela. Não parou de falar o voo todo, mas depois que o avião pousou, não disse mais uma palavra.

— Eu... — Anahi volta a me olhar com a boca meio aberta e os olhos confusos e culpados. — Não tenho a menor ideia de para onde ir — diz com um fio de voz. Franzo o cenho.

— Não sabe o endereço da sua amiga? — questiono.

— Não. Quer dizer, sim! Mas a Dulce não está em casa. — Ela sacode o celular e suspira, voltando a ter um vinco entre as sobrancelhas. — A tia dela está doente. Ela me ligou alguns dias atrás, mas eu... Ela me olha de relance, e vejo o avermelhado tão característico tomar conta do seu pescoço. Daí me lembro de que a tal amiga ligou bem na noite em que ela me disse que... Puta merda, ainda não acredito que essa garota é virgem. Anahi pigarreia. — Ela não está em casa. Não está nem no estado.

— E não tem nenhuma outra amiga com quem você possa ficar? — pergunto. Ela nega com a cabeça e solta um suspiro pesaroso.

— O senhor pode me levar para casa? — pergunta baixinho. Sua voz está um tanto chorosa e sai um pouco falha. — Posso te passar o endereço se não lembrar.

— Eu lembro — garanto. — Mas achei que seu pai tivesse te colocado para fora. Ela dá de ombros e suspira.

— É isso ou pedir abrigo para o Marcos — sussurra e abraça o próprio corpo.

— Anahi...

— Por favor? — pede e mordisca o lábio inferior. Ela olha pela janela e não me encara mais. Aperto o volante com força depois de dar partida no carro, muito mais incomodado do que devia. Nos últimos dias, vi essa garota se comportar com uma confiança que não tinha visto antes. Ela passou de todos os limites gritando comigo daquele jeito, é verdade, mas foi simplesmente impecável no seu trabalho, muito mais competente do que eu esperava. Foi só pisar de novo aqui para isso tudo ir para o lixo. O trânsito não está ruim, e demoramos pouco mais de quarenta minutos para chegarmos. O porteiro libera a entrada assim que me vê, e sigo direto para a garagem.

— Hm... senhor, Herrera? — Anahi chama assim que estaciono e desligo o carro. Olho para ela e espero que diga alguma coisa. — Onde nós estamos?

— Na minha casa — respondo, tiro o cinto e saio do carro. Vou até a mala do carro para pegar nossas bagagens e logo escuto o som dos saltos dela batendo contra o chão enquanto se aproxima.

— O senhor precisa buscar alguma coisa aqui ou precisa que eu pegue um Uber para casa? — pergunta confusa. E eu não sei bem por que, mas a única coisa que preciso agora é que ela pare com essa porra de "senhor" para cá e "senhor" para lá porque está me tirando do sério. Jogo uma bolsa por cima do ombro e arrasto a mala de rodinhas com a outra mão. Sigo até o elevador e aperto o botão. Olho por sobre o ombro.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora