Capítulo 8

287 13 6
                                    


Anahi

— Ele fez o quê? — Dulce grita e me encara com os olhos escuros arregalados, tampando a boca de susto. — Anahi, quebra a cara daquele desgraçado!

— Fala baixo, Dulce. Senão daqui a pouco meu pai entra aqui e te bota para fora. Minha amiga revira os olhos e faz um gesto de indiferença com a mão. — Você precisa parar de deixar as pessoas fazerem o que querem da sua vida, Anahi! Pelo amor de Deus! Como você permite que esse homem te trate assim? Ele deve estar se achando o pirocudo de ouro do Olimpo, o deus imortal que maltrata as pessoas e sai impune porque ninguém fala nada! Solto um resmungo e termino de vestir meu pijama, ganhando tempo para responder Dulce. Sei que ela está coberta de razão, pois sempre está. Mas é tão difícil me impor... Ainda mais com aquele homem.

— Eu não sou como você, Dulce... — murmuro após me sentar na cama, já vestida após um banho quente pós-trabalho. Ou melhor dizendo, apósmatadouro.

— Você é sim! Só precisa acordar para vida, Anahi. Aprender a dizer "não", a expor sua opinião e, acima de tudo, a não deixar as pessoas te usarem desse jeito só porque elas têm dinheiro!

— Eu sei, eu sei. Não devia mesmo. — Passo os dedos pelos cabelos para desembaraçá-los, ainda olhando para a cara embasbacada de Dulce. — Estou me sentindo um lixo. Não sei se pela sacanagem que fiz com Marcos ou se por perder os sentidos quando o Alfonso chega perto de mim.

— Essa parte do chifre trocado achei boa, quero mais é que o Marcos se foda!

— Dulce! — Que foi? — Ela me olha com uma surpresa fingida, a cara de pau.

— É a verdade. Você é tonta e perdoou uma traição, mas deixa eu te avisar: pode ter certeza de que ele segue te chifrando por aí, enquanto você guarda essa periquita preciosa a sete chaves.

— Jesus... Escondo meu rosto nas mãos, constrangida e chateada. Eu não sei o que estou fazendo da minha vida. Alguém me dá uma luz?

Só queria ser uma pessoa corajosa uma vez na vida, sem medo de dizer todas as milhares de afrontas que rodeiam a minha mente, principalmente para aquele CEO arrogante de merda. Quem ele pensa que é? A piroca do Olimpo, como diz Dulce? Ele não pode simplesmente achar que resolve tudo abaixando meu decote e chupando meus peitos. Meu Deus... Foi exatamente isso o que Alfonso fez, não foi? Simplesmente se aproveitou do meu encanto, da minha excitação por ele, para virar o jogo, para me transformar na boboca sonsa e submissa que se rende. Não quero ser assim! Não posso ser. Estou cansada.

— Me ajuda... — sussurro. — O que eu faço?

— E você vai lá me ouvir, por acaso? — zomba, revirando os olhos epegando uma almofada em cima do colchão para apoiar nas costas. — Cansei de gastar minha saliva contigo, Anahi. Só aparece no meio do desespero para dizer que as coisas deram erradas porque você não me ouviu. — Não vou, Dulce. Por favor. Estou desesperada — choramingo, fazendo um beicinho pidão. Antes que ela possa falar alguma coisa, a porta do meu quarto se abre, sem uma batida sequer, e o rosto do meu pai aparece ali, fechado como sempre. Ele investiga o quarto com os olhos rapidamente, como um carcereiro procurando por um fugitivo, e sei sem olhar que Dulce está revirando os olhos. Ela não é a fã número um da minha família, principalmente pelo fato de que eles são os fãs número um de Marcos. Seu Danilo não diz nada, apenas olha e sai do quarto. Ele e dona Rose estão ainda menos felizes com Dulce porque acham que ela que colocou a "ideia absurda" de eu arrumar um emprego ao invés de me dedicar ao meu casamento. Não deixa de ser verdade, mas eles não precisam saber disso para piorar uma situação que já não é boa.

— Seus pais, viu? — ela resmunga, mas não tenho tempo para issoagora.

— Deixa eles, Dulce. Me ajuda... Prometo que seguirei tudo o que você me disser. Ela semicerra os olhos com desconfiança, mas por fim suspira e começa um discurso longo, constrangedor e tão real que fico animada para colocarem prática. Deus me ajude.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora