Capítulo 25

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Anahi

Achei que quando visse Alfonso novamente depois de tanto tempo, conseguiria controlar o coração acelerado, as pernas trêmulas e as malditas borboletas no estômago graças à raiva que estou sentindo. Como estava enganada... Que merda! Como que pode um sentimento ser tão forte a ponto de se esquecer do seu próprio nome? A ponto de esquecer como o outro te magoou e pisou nos seus sentimentos dessa forma? Isso é surreal. Mas meu Deus... Ele tinha que ser tão malditamente lindo? Tinha, Deus? A barba maior do que o costume o deixou com um ar ainda mais sério do que tem. Não vou negar que ver que Alfonso parece meio abatido me deixou contente. Alimentou meu ego frágil saber que pelo menos um sentimentozinho mínimo ele tinha por mim, nem que fosse um carinho por uma transa casual. Não tem como todos os momentos agradáveis terem sido coisas da minha cabeça. É impossível. Nem eu sou tão criativa assim para ver sentimentos em pequenos gestos. Não vou mentir que fiquei balançada quando Alfonso disse que também está apaixonado por mim. Caramba... Tudo isso foi o que sempre sonhei ouvir da sua boca desde que descobri que estava amando aquele brutamontes. Estava não, que estou. Infelizmente, amor não é algo que a gente joga no lixo assim. Menti para ele quando disse que o sentimento sumiu. Ele ainda está aqui. E parece que cresce junto com o bebê que carrego na barriga. Com meu filho...

— Anahi, tudo bem? Você parece meio perdida, meio desligada do planeta Terra — Dulce fala, tocando meu braço de leve com carinho.

— Está assim faz tempo, amiga. Tem certeza de que não quer conversar com o pirocudo do Olimpo direito?

— Para de usar esse nome, Dulce — resmungo, fazendo uma careta enquanto acabo com um pote todo de sorvete.

— Só me faz lembrar de coisas que quero esquecer.

— Desculpa. Ela faz uma careta e enfia a colher no seu pote. Hoje foi dia de afundar a tristeza em besteira. Eu me permiti isso mesmo que não seja o aconselhável. Dulce me força todos os dias a manter uma dieta saudável para cuidar da pequena vidinha que carrego, então nada de gordura em excesso, doce, carboidratos. Resumindo: nada de bom. — Não quero ver aquele grosseirão — respondo tardiamente, e ela suspira. Minha amiga é contra a ideia de eu afastar Alfonso da vida do meu filho. Talvez por ter crescido longe do pai. Dulce sempre sonhou em conhecer o homem que desapareceu no mundo assim que ela nasceu e coloca na cabeça que a vida dela teria sido mais fácil se tivesse a figura paterna em sua vida.

— Ele é o pai, Anahi. Tem direitos. E deveres.

— Eu sei. Disse que não quero ver, não que não vou. Solto um suspiro longo, com o coração apertado por saber que vou ter que conviver com Alfonso para sempre. Sem poder o beijar, o tocar, sentir seu coração batendo lentamente enquanto ele dorme com a mão tampando o rosto de leve e... Que saco! Preciso desligar minha mente daquele CEO arrogante do caramba.

— Amiga, ele te mandou flores todos os dias desde que se declarou para você. Então, dá para dizer que está tentando. São duas semanas de buquês caríssimos que você jogou fora.

— Por que está o defendendo de repente, Dulce? Não foi você que sempre defendeu que tenho que me valorizar, que preciso me amar e não posso deixar que todo mundo pise em mim?

— Eu sei, eu sei — murmura, levantando as mãos. — E sigo defendendo. Mas o olhar que vi no rosto daquele homem, Anahi... Ele te ama. Você pode não acreditar nisso, ele pode não se dar conta disso, mas eu sei reconhecer amor de longe. Sacudo a cabeça e desisto dessa conversa, pois ela me deixa esgotada todas as vezes que a Dulce insiste.

— Vou dormir, Dulce. — Me levanto do sofá e ando até a cozinha para deixar o restante do sorvete no congelador. Assim que estou indo para o quarto, a campainha da porta toca.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora