Anahi
Eu queria ser criança para sempre. Queria não ter responsabilidade, não ter consciência de coisas que machucam, de palavras que ferem ao serem ouvidas. Queria simplesmente acordar e a minha maior preocupação ser se chegarei a tempo na aula, se o desenho que amo vai cancelado ou não. Infelizmente, querer não é poder. Estou ferida, magoada e despedaçada por dentro. Terminei meu noivado novamente, mas desta vez não foi porque encontrei Marcos com outra pessoa. Não sei se continuou me traindo depois que reatamos, só acabei tudo de novo porque descobri que parei de me importar. Quando penso na ideia de vê-lo com outra pessoa, não me machuco mais. Foi aí que descobri que havia algo de errado com nosso relacionamento. Ele tentou me convencer a não acabar, implorou, tentou me comprar com a promessa de um futuro perfeito — agora só na cabeça dele —, mas não deu certo. Pela primeira vez em muito tempo, não titubeei e disse um "não" decidido. Acabou. Coloquei na minha cabeça de que tudo foi por causa da nossa relação falida e nada tinha a ver com o CEO com cara de mafioso que é meu chefe. De que nada tem a ver com o fato de ele estar... diferente, nem o de eu me sentir deslumbrada quando estou perto dele. De que nada ter a ver com as reações diversas que causa no meu corpo; na forma como minha mão sua quando chega perto, em como meu coração acelera assim que o vejo ou em como minha pele se arrepia quando ele fala perto de mim. Não tem nada a ver com isso. Alfonso é um homem peculiar. Ao mesmo tempo em que está na pose de homem arrogante e imbatível, está com uma expressão de menino quando está perto da mãe. Não sei se ele nota como age de forma distinta do que busca transparecer quando a senhora aparece, mas é uma cena bonitinha de ser ver ele sendo mais... humano. Digo que é por isso que estou abaixando o muro que ergui ao redor de mim desde que me impus para Alfonso e não porque ele me causa coisas que não devia sentir. Tento me desligar um pouco da minha vida pessoal e me entregar de cabeça nessa viagem a trabalho, mas está cada vez mais difícil quando lembro que não é somente o término do meu noivado que me incomoda.
— Anahi, você não vai ficar a viagem toda com essa expressão de choro e com esse bico, vai? Já não basta você ter ficado de cara virada durante todo o voo — Alfonso fala após fazermos o check-in no hotel que reservei. Fiquei em silêncio por todo o caminho até aqui, evitando responder as suas perguntas insistentes, porque não queria desabar no choro na sua frente. Ainda estou me segurando para que isso não ocorra.
— Não vou, senhor. Só preciso tomar um banho e ficar uns minutinhos sozinha para me recuperar. Eu vou ficar bem — respondo e o olho andando ao meu lado, com a pequena ruguinha charmosa que aparece sempre que ele franze ali, presente.
— Tem certeza? — Aceno confiante, me sentindo uma mentirosa, porque não sei o que vai ser da minha vida daqui para frente. De verdade. Quando chegamos em frente ao quarto dele, abro um sorriso fraco e forçado e aperto meus dedos.
— Precisa de mim antes do primeiro evento, senhor?
— Não, tudo bem. Pode se acalmar. Espero por você às onze horas. Terá a abertura da conferência com algumas palestras e em seguida um almoço. É importante que esteja bem vestida.
— Pode deixar. Aceno devagar e ando até a porta do quarto ao lado. Vai ser bom para mim ficar algumas horas sem o seu olhar em cima de mim, tentando me ler. No último mês de convívio nosso, descobri que Alfonso se irrita quando não consegue ler as pessoas, o que normalmente ele faz muito bem. É por isso que o homem fica me encarando com os olhos apertados o tempo todo, isso quando não está de cara feia. Estou quase fechando a porta, quando ele me chama. Dou um passo para trás e o olho com a testa franzida.
— Se precisar de alguma coisa, me diga.
— Eu... — gaguejo, com os olhos arregalados com a simpatia repentina e rara. — Obrigada. Ele apenas sacode a cabeça de leve e franze o cenho, olhando para o lado, como se questionasse a própria fala. Escuto sua porta fechando e entro no quarto de hotel, vendo minhas malas ao lado da cama. Os funcionários as trouxeram enquanto fazíamos o check-in. Vou imediatamente para a janela para apreciar a vista dos arranha-céus de São Paulo. Nunca tinha viajado assim, sem meus pais. Essa viagem promete ser mais uma mudança na minha zona de conforto. Apesar de tudo, estou animada. Vai ser difícil aproveitar para conhecer coisas novas, mas vou tentar. Fico mais uns minutinhos na janela vendo os carros passando a toda velocidade nas pistas abaixo do hotel de vinte andares de onde estou antes de ir esvaziar a mala. Trouxe de tudo um pouco pensando nos imprevistos, desde roupas sociais até um vestido de gala até roupas casuais. Exigência do meu querido chefe. Consigo organizar tudo nos cabides do guarda-roupa e aproveito para tomar um banho rápido para tirar o cansaço da viagem. Após sair do banheiro da suíte, visto um roupão e me deito na cama de casal enorme. Solto um suspiro ao sentir a maciez do colchão, mas meu momento de aproveitamento é interrompido por uma batida de leve na porta. Franzo a testa aí ir até lá, pensando se é alguém do hotel com alguma recomendação ou para cobrar alguma coisa, mas me surpreendo ao dar de cara com Alfonso ali. O choque é não apenas pela sua presença, mas pela sua vestimenta que me permite algumas tatuagens saindo pela manga da camiseta.
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Uma virgem resgatada pelo CEO - AyA
RomansAlfonso Herrera é um CEO frio, rude e que não tem interesse em relacionamentos. Com a vida rodeada de luxúria, o dono da maior rede de sex shops do país repele tudo o que não esteja relacionado ao sexo. Até conhecer Anahi Portilla, sua nova secretár...