Capítulo 9

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Alfonso

Faltando um dia para a viagem, esse escritório parece outro lugar. Vi uma transformação em Anahi que parece ter acontecido da noite para o dia e estou não só confuso, mas muito intrigado. Pouca coisa na vida consegue me surpreender, e essa garota atrevida está mesmo conseguindo alguns minutos da minha atenção. E, de uma forma muito estranha, meu respeito. Parece que uma guerra fria se instalou entre nós dois depois da discussão acalorada de algumas semanas atrás. Ela chega e sai calada, com a cara fechada, faz seu trabalho, diz "sim, senhor" e vai embora no fim do dia sem nem olhar duas vezes na minha direção. Exatamente o tipo de comportamento discreto e obediente que espero de qualquer um que trabalhe para mim. Então por que estou incomodado com isso? Não sei e não tenho tempo para me preocupar com bobagens. Dentro de alguns dias, o maior evento de produtos eróticos vai acontecer e há quase dez anos, essa convenção não existe sem a presença dos Herrera. Somos referência na área, e todos esperam pela última novidade que vamos lançar no mercado. Quem diria que depois de tanto tempo ainda estaria descobrindo novas formas de trazer prazer? Estou concentrado lendo um relatório e tomo um susto quando a portada minha sala é aberta de supetão. Levanto a cabeça, pronto para reclamar de sua intromissão, quando vejo que quem está andando na minha direção é a Ruth Herrera.

— Mãe? — Fico de pé, indo ao encontro dela. — Aconteceu alguma coisa? A mulher esguia e baixinha beirando os setenta anos, de cabelos tingidos de preto, estende os braços para me puxar para um abraço desajeitado.

— Aconteceu que faz semanas que não te vejo, garoto desnaturado — reclama, beijando minha bochecha. — Eu tentei pedir para ela esperar e... — Anahi entra na sala logo depois. Os olhos arregalados logo ficam confusos, como se estivesse vendo um ET. — E eu te expliquei que não preciso ser anunciada para ver meu próprio filho — minha mãe diz, sorrindo para a garota, e então a olha de cima abaixo. — Não conheço você — diz.

Vejo Anahi arrumar a postura e colocar um sorriso educado no rosto. — Anahi Portilla — ela se apresenta, estendendo a mão, que minha mãeaceita. — Estou substituindo a Raquel. Paro de prestar atenção na troca de figurinhas entre as duas quando minha mãe desembesta a falar sobre o que quer que seja e aproveito para olhar para Anahi como não faço há alguns dias porque ela está fugindo de mim. Tenho a impressão de que seu cabelo está um pouco mais curto. A porcaria do batom vermelho que ela cismou de usar também está na sua boca, fazendo ser impossível não olhar para os seus lábios toda vez que fala. Desde que ela começou a usar essa cor, tudo que consigo pensar é na sua boca bem em volta do meu...

— Alfonso? Pigarreio e volto a olhar para a minha mãe, que tem uma sobrancelha arqueada. Foi dela que peguei essa maldita mania.

— Sim? — pergunto, sabendo que provavelmente me perguntou alguma coisa.

— Anahi estava falando sobre a faculdade que pretende fazer na Cardoso Menezes. Você não conhece o diretor?

— Conheço muita gente em muito lugar — respondo um tanto seco esei que vou levar uma bronca como se eu fosse uma criança, mas estou ocupado puxando na memória se alguma vez Anahi falou sobre faculdade. — Você tem trabalho a fazer — digo para ela, que não se abala mais com aminha grosseria e simplesmente sai da sala depois de se despedir da minha mãe.

— Estou vendo que está muito ocupado maltratando seus funcionários e é por isso que não vai me ver há quase um mês — dona Ruth reclama enquanto anda em direção à cadeira em frente à minha mesa.

— Não estou maltratando ninguém — eu me defendo, voltando ao meu lugar.

— E sei que estou em falta com a senhora. As coisas estão corridas aqui na empresa. É sempre assim nessa época do ano. Ela dispensa o comentário com a mão, como se não pudesse se importar menos com qualquer desculpa que eu tenha para dar.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora