Capítulo 27

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Alfonso

Três meses depois

Respondo rapidamente a uma mensagem da minha mãe enquanto espero pelo elevador e ouço Raquel engatar em um monólogo apressado sobre uma reunião qualquer que tenho amanhã. Quando as portas se abrem, coloco a mão no sensor do elevador para impedir que se fechem. — Resolvemos isso amanhã — repito pela terceira vez. Faz dez minutos que estou tentando ir embora, e ela não para de falar.

— Já pedi para limpar minha agenda pelo resto do dia — digo mais uma vez.

— Eu estou de saída e não vou voltar mais.

— Mas, senhor...

— E você também está liberada. Vai passar o dia com seu filho — digo. Os olhos dela se arregalam, e a boca cai aberta. — Tenho certeza de que ele sente sua falta. Vejo os olhos da mulher marejarem, e é a primeira vez em todos os anos em que trabalha comigo que mostra qualquer tipo de emoção.

— Obrigada, senhor Herrera — diz baixinho.

Deixo as portas do elevador se fecharem e vou direto para a garagem. Com o trânsito infernal da cidade na hora do almoço, demoro mais do que planejei para chegar ao meu destino. Não tenho tempo de passar na floricultura para pegar outro buquê para Anahi dessa vez e mal chego a tempo do fim da sua aula. Saio do carro e espero encostado na porta. Anahi me aceitou ter por perto. Me deixou acompanhar a gravidez, ir às consultas e aceitou morar na casa que comprei para a gente, mas ainda não voltou para mim. Eu estou enlouquecendo. Ela está linda com a barriga crescendo a cada dia, agora já com quase seis meses de gravidez. Fiz questão que continuasse a faculdade até quando fosse possível, e ela vai conseguir terminar o semestre antes de trancar a matrícula para dar luz ao nosso menino. É mesmo um garoto. Vejo de longe quando ela sai do prédio acompanhado de uma mulher e de um homem, e meu estômago embrulha em um ciúme que tem sido muito recorrente. Ela gargalha de alguma coisa que o babaquinha diz, e ele a olha com um brilho malicioso. Dou um passo para frente e uso cada porra de autocontrole que não tenho para não ir até ela e a puxar para mim, para não mandar esse filho da puta tirar o olho da minha mulher. Anahi trava na metade do caminho quando me vê, e o sorriso que abre na minha direção me dá esperança de que ela vai voltar para mim.

— Alfonso? — diz, confusa. Lanço um olhar nada amigável para o idiota, que praticamente sai correndo para longe depois de se despedir dela. Ela troca dois beijinhos com a amiga e começa a vir na minha direção. — O que está fazendo aqui? Por que não está no trabalho?

— Vim te buscar — explico. Acaricio sua barriga, como tenho feito toda vez que a vejo. — Oi, meu amor — sussurro para o nosso filho e vejo o brilho emocionado no seu rosto. — Pensei que podíamos ir comprar o resto do enxoval dele juntos — comento, dando de ombros. — Você disse que ainda faltavam algumas coisas. Os olhos dela se arregalam, e Anahi parece sem saber o que dizer por alguns segundos.

— Você... quer ir comigo? Por quê?

— É meu filho também, Anahi — digo, tentando não ficar ofendido. Mas sei que falho porque sinto meu cenho franzindo e a expressão dela suaviza.

— Desculpa, é só... estranho. Te ver assim, todo envolvido. Eu não esperava isso — sussurra. Suspiro pesadamente e puxo seu rosto para mim. — Eu sempre vou estar envolvido com nosso filho, pequena. E com você. É melhor se acostumar com isso de uma vez. Ela morde a pontinha maldita do lábio, e eu solto um gemido baixo pela tentação que é.

— Vamos? — pergunto, e ela concorda com a cabeça. Abro a porta para ela, e Anahi senta no banco do passageiro. — Como foi a aula? — pergunto quando começo a dirigir.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora