Capítulo 18

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Anahi

Só queria encher a cara, a verdade é essa. Apesar dos pesares, gostei de ser menos eu mesma quando bebi demais na festa pós-conferência, mas meu querido chefe acha que manda em mim na vida também e não me deixa em paz.

— Você não disse para eu me divertir, Alfonso? Estou tentando.

— Tem como se divertir sem ficar bêbada, Anahi. Jamais fique vulnerável em ambientes assim. Pode ser perigoso.

— Tudo bem — falo concordando e olho ao redor, vendo as pessoas conversando. — E o que a gente faz aqui então? Fica olhando para a cara um do outro? Isso não é muito divertido.

— O que você quer fazer? — ele pergunta após soltar um suspiro.

— Não sei. Como eu disse, só vou a lugares como esse arrastada pela Dulce. O que você costuma fazer? Ele ergue uma das sobrancelhas pretas e grossas e sorri de lado.

— Eu fodo. Engasgo com o refrigerante e coloco a mão na boca, quase tossindo meu estômago.

— Calma, sem morrer. — Alfonso desliza para meu lado no sofá e bate de leve nas minhas costas. Quando me afasto, sinto meu rosto quente, não sei se pelo excesso de tosse ou se pelo constrangimento.

— Melhorou? — pergunta, e aceno de forma positiva. — O que quer fazer?

— Quero... Não sei. Dançar?

— Pode ir. Eu fico te esperando aqui — fala e indica a pista de dança com a cabeça.

— Ah, sozinha? É sem graça. — Você quer dançar comigo? — pergunta, franzindo a testa. É um bom ponto. Não seria apropriado, porque ele é meu chefe. Já é esquisito demais estar aqui com Alfonso sem dançar.

— Tudo bem. Preciso fazer valer você ter me arrastado até aqui. Eu me levanto com uma dose de coragem momentânea e ando até a pista de dança devagar. Gosto de dançar, apesar de não praticar muito. Uma música agitada começa a tocar, e finjo que estou com a Dai. Fecho os olhos porque o constrangimento é menor e não os abro nem mesmo quando sinto corpos esbarrando no meu ao dançarem. Não me importo se estou dançando bem, se só estou jogando a cabeça e batendo os braços, só quero esquecer um pouco os problemas que me rodeiam, a incerteza do meu futuro, o sentimento que cresce em mim e que sinto que não vou conseguir controlar. Danço sorrindo, me permitindo ser jovem, viver, dançar e sorrir como se não houvesse o amanhã. Danço uma sequência de músicas e sinto meu corpo suado, minhas pernas cansadas, mas não paro até sentir uma mão na minha cintura. Tiro rapidamente dali e sigo dançando, mas ela volta a se encaixar. Eu me viro e dou de cara com um homem insistente e muito bêbado.

— Não estou a fim, obrigada.

— Qual é, docinho. Só uma dança — fala enrolado com os olhos quase fechando.

— Hoje não. Quem sabe depois... — digo e me afasto, esperando que ele entenda o fora, mas a mão volta a cravar na minha pele, dessa vez perto demais da minha bunda. Bato na mão com força e grito um "ei!" em protesto. Antes que o homem possa reagir, eu o vejo sendo jogado no chão e socado. Alfonso... O homem passa a mão pelos cabelos e parece chocado.

— Vamos embora daqui — diz no meu ouvido e me conduz rapidamente em direção à saída. Entro no carro me sentindo assustada pela situação e pelo ataque de Alfonso ao homem, afinal, ele é uma pessoa pública e importante. Não pode sair socando quem quiser assim.

— Alfonso, você não devia...

— Quieta, Anahi. — Ele liga o carro e sai derrapando pela pista, dirigindo com a mandíbula travada e o corpo tenso.

Uma virgem resgatada pelo CEO - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora