— Que tal experimentar o chocolate amargo com noventa por cento de cacau?
Prae perguntou enquanto pegava uma barra de uma marca famosa e virava para olhar o rótulo.
— A vida já não é amarga o suficiente? – Mel respondeu
Prae quase revirou os olhos para a pergunta provocativa
— Noventa por cento é amargo até na alma
— É verdade, estar comigo já é bem difícil e amargo o suficiente...
Ela viu Mel pegar outra barra de chocolate da prateleira e virar o rótulo e continuou: — Não tem nada de doce, mas agora eu tenho um 'Caramelo'
— Como dizem os antigos, o doce dá tontura, mas o remédio é amargo — Mel respondeu, pegando um chocolate amargo com setenta por cento de cacau e colocando no carrinho — Caramelo pode adoçar, mas com moderação
— Mas se comer demais, não corre o risco de subir o açúcar?
— Não como há três anos, acho que minha vida precisa de mais doçura agora
— P'Mel... — Prae murmurou com a voz suave, seguida de uma risada carinhosa da namorada.
— Só estava brincando um pouquinho — disse a Doutora — Não fica brava, baby
— Você vai pagar caramelos do seu bolso, hein — Prae ameaçou — Isso não vai entrar na prestação de contas do orçamento mensal
— Aaaah, chefe Prae... — Melada arrastou as palavras — Tá bom, deixa pra lá, mudei de ideia
— Continua tão pão-dura quanto sempre, hein?
— Preciso economizar para pedir a mão de uma garota — Melada comentou, casualmente — E essa garota é cara. Se eu for compensar por tudo, o valor vai aumentar muito. Se eu oferecer pouco, ela pode não aceitar meu amor
— E você já perguntou se ela concordaria em ser pedida em casamento?
Prae devolveu a pergunta enquanto seus olhos passeavam pelas prateleiras de doces. Ela decidiu pegar mais um chocolate importado e colocá-lo no carrinho, junto com mais algumas marcas diferentes. Mel sempre foi fã de chocolate, e já havia dito para Prae que ajudava a aliviar o estresse, especialmente quando estava em campo. Lembrando disso, ela sempre se certificava de deixar chocolate para Mel em casa, no trabalho ou até mesmo no carro.
No início, ela achava estranho, mas com o tempo passou a achar fofo ver alguém tão imponente perguntar por chocolate como uma criança pedindo doce. O olhar suplicante por trás dos óculos quando ela dizia que não tinha nenhum era ao mesmo tempo comovente e encantador.
Mais do que isso, ela frequentemente usava o chocolate como suborno ou incentivo para conseguir que Mel concordasse com os pedidos que fazia. Claro que funcionava todas as vezes.
Mesmo que Mela dissesse que não era pelo chocolate que concordava, Prae havia aprendido que o ponto fraco da sempre calma e controlada Doutora Melada eram as várias barras de chocolate preto dispostas à sua frente.
— Você pode, por favor, perguntar por mim qual o valor? — Melada continuou com a provocação — Assim eu já começo a trabalhar e juntar o dinheiro
— Eu acho que ela não cobraria caro, Mel — respondeu Prae, divertida — Ela ficaria com pena de fazer uma mulher já de certa idade trabalhar tanto
— Dizem que quanto mais velha a mulher, mais apimentada ela fica — Mel não se deu por vencida, enquanto se movia para outra prateleira de doces. Seus olhos brilhantes percorriam os itens, e Prae não pôde evitar sorrir com aquela expressão — Tem certeza de que não quer experimentar?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jogo de amor e negociação
Mystery / ThrillerA história da Dra. Melada, uma negociadora que tenta salvar a vida de vítimas em uma situação de refém e tem que se meter em problemas com uma agente especial que não é qualquer agente especial, é sua ex-namorada, mas diz que não quer ser mais do qu...