Capítulo 07 - É a unica saída

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O corpo da médica congelou por um momento, cada músculo travado pela tensão que tomava conta do ambiente. O barulho na porta não era mais um som distante ou fácil de ignorar, se tornava batidas altas que aumentavam de intensidade, brutalidade. Podendo ouvir o metal rangendo a cada impacto, como se algo estivesse tentando forçar a entrada. 

E então a respiração dela ficou mais curta, mais pesada, e seus olhos se voltaram para o corpo imóvel de Josie, ainda presa ao concentrador de oxigênio que estava prestes a falhar.

Uma onda de terror a atingiu. O som era inconfundível. Aquilo não era vento, não era uma falha nas estruturas. Era algo vivo... ou o que restava de algo que já foi vivo. Um grunhido grave reverberou pelos corredores, um som inumano, gorgolejante, como se o próprio ar estivesse sendo dilacerado por algo grotesco. Zumbis... e não apenas um. 

Eram vários.

O peso dessa constatação fez o coração da loira saltar, batendo tão rápido que ela conseguia ouvi-lo em seus ouvidos, abafando momentaneamente os sons ao redor. Uma batida mais forte, quase violenta, sacudiu a porta, e ela percebeu que o tempo estava se esgotando.

-Merda... merda... merda...

Praguejou mentalmente, os olhos arregalados de puro medo. Josie estava vulnerável e totalmente dependente dela e do oxigênio... E então decidida, guardou a arma na cintura e correu para o concentrador de oxigênio, cada passo parecia mais longo, mais arriscado, como se o peso da situação estivesse a puxando para baixo. Os dedos dela tremeram ao desconectar Josie dos aparelhos, e o leve bip dos monitores a fez sentir uma pontada de culpa, como se estivesse cometendo um erro fatal. A garota continuava desacordada, alheia ao terror eminente, enquanto Lizzie tentava, desesperada, manter a calma.

Pegou o concentrador de oxigênio como havia feito no hospital, agradecia por ser um modelo portátil com alças para facilitar o transporte e jogou contra o ombro com mais força do que ela pretendia. O grunhido voltou, mais alto agora, como se os zumbis tivessem sentido seu medo, seus passos incertos, sua vulnerabilidade. E naquele momento a batida na porta tornou-se um som contínuo e ensurdecedor, metal contra carne podre, a única barreira que impedia aquelas criaturas de invadir.

Ela olhou para Josie, ainda deitada na cama, e sentiu o peso do mundo desabar sobre ela. Estava sozinha. Totalmente sozinha. E o que viria não era algo contra o qual ela gostaria de lutar.

Sem hesitar, ela inclinou-se sobre a cama e passou os braços em volta de Josie, tentando erguer o corpo inerte da garota. O esforço foi maior do que esperava. Josie estava leve, mas o medo e a tensão drenavam suas forças, tornando cada movimento um fardo. Lizzie a segurou com força, o concentrador de oxigênio balançando de forma desajeitada no ombro enquanto a outra ponta transferia o ar para garota, através de um inalador.

E então, sentiu a própria respiração se prender ao ouvir um som novo - o rasgo do metal. A porta estava cedendo.

-Por favor, voltem logo... - Sussurrou como uma prece perdida, os pensamentos em Hope e Penelope, as únicas que podiam ajudá-las. A desesperança tentou se infiltrar, mas ela não tinha tempo para isso.

Não agora.

Com Josie nos braços, deu um passo em direção às escadas do outro lado. Cada movimento era carregado de tensão, como se qualquer ruído pudesse atrair as criaturas para ela. Seus ouvidos estavam atentos a cada som, cada batida de metal, cada respiração inumana do outro lado da porta. Um grunhido mais próximo a fez parar de repente, os pés cravados no chão, enquanto o horror de estar sozinha com um corpo desacordado e zumbis tentando invadir tomava conta de seu ser.

E então fez a única coisa que poderia naquele momento, ela correu.

A arma que carregava estava presa firmemente na parte de trás de sua calça, mas ela sabia que, se os zumbis conseguissem entrar, a munição não seria o suficiente. A respiração dela ficou ofegante enquanto subia as escadas do prédio, o peso de Josie e do concentrador começando a desgastar suas forças. Cada degrau parecia um desafio interminável, e o eco dos grunhidos a cada passo fazia sua cabeça girar em desespero. Lizzie sentia o suor escorrer por sua nuca, um misto de esforço e medo. Ela precisava continuar se movendo. Precisava chegar ao topo, o lugar onde Hope costumava ir para olhar o céu, talvez lá pudesse encontrar alguma segurança.

Quando a Morte Desperta (Hosie)Onde histórias criam vida. Descubra agora