Capítulo 15 - O começo da jornada

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Em meio a grande cidade, Josie e Hope caminhavam em silêncio pela estrada deserta, seus passos ecoando suavemente na vastidão de uma cidade esquecida. O que um dia fora um cenário vibrante e cheio de vida agora era um deserto de ruínas, sufocado pela poeira e envolto em uma escuridão que parecia eterna. Prédios se erguiam ao redor, suas sombras alongadas formando silhuetas distorcidas que se arrastavam pelo chão, como se a própria cidade tentasse engolir qualquer um que ousasse passar por ali.

Hope seguia à frente, seus olhos azuis afiados como lâminas, analisando cada movimento à distância. Sua postura era rígida, os ombros erguidos com a tensão constante de quem já conheceu o perigo de perto. Cada passo era calculado, mas havia algo mais - uma inquietação implícita, uma vigilância que ela não conseguia abandonar. De vez em quando, lançava um olhar breve para a outra garota, como quem precisa se certificar de que ela ainda estava ao seu lado, segura.

Já Josie caminhava em um misto de nervosismo e curiosidade. Seus olhos castanhos percorriam as ruínas ao redor, tentando captar cada detalhe da destruição que os cercava. Havia algo de pesado no ar, uma sensação opressiva de perda, como se a própria esperança tivesse sido aniquilada daquele lugar. Ela apertava com força as alças da mochila, tentando se ancorar em seus próprios pensamentos, que vagavam sem rumo. Sentia a presença de Hope ao seu lado e isso a despertava sentimentos conflitantes. Havia algo na ruiva que a fazia se sentir segura, mas ao mesmo tempo, vulnerável. A maneira como Hope caminhava à frente, como se soubesse exatamente para onde estavam indo, dava a Josie um fio de esperança - uma esperança que ela não ousava admitir, mas que crescia em seu peito mesmo diante de toda a destruição ao seu redor.

Mas apesar de caminharem lado a lado, uma distância invisível parecia separá-las - não de corpos, mas de corações. Josie queria falar, quebrar o silêncio que crescia entre elas como uma barreira invisível, mas as palavras simplesmente não vinham.

A luz do sol caía em ângulos irregulares, iluminando apenas fragmentos do caminho à frente. Um vento frio soprou, fazendo os cabelos ruivos de Hope voarem levemente. Ela mantinha-se em silêncio, seus olhos atentos examinando cada detalhe ao redor, mas Josie podia sentir que algo a perturbava. Como se a cidade ao redor sussurrasse segredos e Hope estivesse tentando decifrá-los, mas sem conseguir encontrar as respostas.

-Você acha que vamos encontrar o que precisamos aqui? - A mais alta quebrou o silêncio, a voz baixa, mas carregada de hesitação. Ela olhou para a ruiva, esperando que suas palavras trouxessem algum conforto, uma sensação de segurança que tanto almejava.

Hope parou de repente, os olhos presos no prédio à frente - um armazém abandonado, coberto de grafites desbotados e janelas quebradas. Quando finalmente falou, sua voz era firme como de costume, mas havia uma leve hesitação, algo quase imperceptível que traía a incerteza escondida por trás de sua fachada.

-Vamos encontrar.

A resposta era decidida, mas Josie notou o que estava nas entrelinhas – uma hesitação que ela parecia querer esconder.

Enquanto seguiam adiante, a mais nova começou a notar os pequenos gestos de Hope que antes lhe escapavam. Os ombros, sempre tão rígidos, pareciam aos poucos relaxar. De vez em quando, a ruiva desviava os olhos do horizonte e os fixava nela, apenas por segundos, mas o suficiente para que Josie percebesse. Era um olhar rápido, quase furtivo, mas carregado de algo que a fazia questionar o que se passava por trás daquela fachada sempre controlada.

Elas pararam em uma praça deserta, os bancos enferrujados e as árvores retorcidas parecendo lutar contra o tempo e a devastação. Hope, pela primeira vez, sugeriu uma pausa, como se reconhecesse o cansaço que pesava nos passos da morena.

Quando a Morte Desperta (Hosie)Onde histórias criam vida. Descubra agora