Penelope mantinha as mãos firmes no volante, os olhos atentos à estrada deserta que se estendia à frente. Os faróis do carro cortavam a escuridão como lâminas, iluminando brevemente as linhas brancas que se movia pelo asfalto encharcado pela chuva. Dentro do carro, o som do motor e o ritmo constante das gotas escorrendo pelo vidro criavam uma trilha sonora quase hipnótica.
Lizzie, que estava sentada no banco do passageiro mantinha os braços cruzados, mas a tensão em seus ombros era evidente. Seus olhos estavam fixos no horizonte escuro, mas sua mente estava a quilômetros dali, revivendo cada momento da fuga. A sensação de ter deixado Mg e do perigo iminente ainda fazia seu coração bater em um ritmo irregular.
A fuga havia sido caótica. As duas mal tiveram tempo de pensar antes de se jogarem na tempestade que se formou no céu assim que saíram da base. Quando os primeiros pingos começaram a cair, transformando rapidamente a poeira da estrada em lama, Penelope sugeriu que procurassem abrigo. Mas não havia tempo e nem lugar. Estavam perdidas no meio do nada e a chuva se intensificava, dificultando a visão e tornando cada curva um desafio. Agora, com a tempestade longe, o peso da adrenalina ainda pulsava em suas veias assim como o desejo de encontrar um abrigo.
-Como ele está? - Penelope perguntou, quebrando o silêncio, sem tirar os olhos da estrada.
A loira desviou o olhar do horizonte e se virou ligeiramente, olhando para Clarke. O rosto dele, iluminado pelos lampejos dos faróis refletidos no retrovisor, estava pálido, mas sua respiração era constante.
-Parece melhor. Pelo menos agora está dormindo... - Respondeu, voltando a olhar para frente - Mas isso não significa que estamos fora de perigo.
A mais nova soltou um suspiro curto, seu olhar endurecendo ainda mais. O silêncio voltou a reinar, até que um som familiar se fez presente. O rádio do carro, ainda sintonizado na frequência dos militares, começou com um pequeno chiado seguido por uma voz robótica e firme.
-Unidade Delta, confirmado. Procurem nas estradas principais ao norte. As fugitivas não devem estar longe.
Ambas congelaram, seus olhares imediatamente indo para o painel do carro. Penelope moveu a mão rapidamente, abaixando o volume, mas não desligou. Ambas sabiam que precisavam ouvir cada palavra.
-Eles ainda estão atrás de nós...
Penelope assentiu, apertando os lábios. Ela sabia que esse momento de calmaria era temporário. O rádio continuava, mas agora com uma mistura de vozes e códigos que as deixavam ainda mais inquietas.
Lizzie olhou novamente para Clarke, que, mesmo dopado pelos remédios, parecia em paz por um breve instante. Havia uma vulnerabilidade naquele momento, algo que ela não conseguia ignorar. Eles estavam exaustos, sim, mas sabiam que não podiam parar.
-Se eles nos encontrarem... - Continuou divagando, mas Penelope a interrompeu segurando em sua mão que tremia sobre a perna.
-Ei vamos ficar bem.... eles não vão nos encontrar. Eu prometo.
Os olhos azuis focaram nos verdes da morena e naquele momento ela se permitiu acreditar. E com um breve suspiro ajustou o cinto de segurança e olhou para Penelope novamente.
-E se formos por uma rota alternativa? Desviarmos das principais?
A mais nova considerou por um instante, seus olhos ainda fixos na estrada.
-Pode ser nossa melhor chance, vamos precisar sair da estrada logo. Se ficarmos muito tempo aqui, é questão de tempo até nos localizarem.
O chiado do rádio se intensificou novamente, e as vozes foram ficando mais distantes, como se as unidades militares estivessem mudando de frequência ou se afastando. Penelope aproveitou a oportunidade e desligou o rádio por completo.
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Quando a Morte Desperta (Hosie)
FanficO ano era 2024, e o mundo enfrenta um colapso total devido a uma infecção zumbi de origem desconhecida. Hope, uma soldada marcada por cicatrizes profundas, é encarregada de uma missão crucial: levar Josie, uma jovem em coma, a uma base do governo. J...