A estrada parecia interminável, estendendo-se por várias horas. O ruído suave dos pneus no asfalto misturava-se ao ronco constante do motor, criando uma melodia quase hipnótica no silêncio da madrugada. Hope manteve-se concentrada, mas seus pensamentos começavam a vagar. Ela havia dirigido por horas sem descanso, e a estrada à sua frente parecia não ter fim.
Ao seu lado, Josie tinha finalmente sido vencida pelo cansaço. Seu corpo estava relaxado, levemente virado para o lado, com a cabeça encostada na janela. O luar fraco iluminava seu rosto destacando os contornos delicados de suas feições, e por um breve momento Hope permitiu-se um rápido olhar para a mulher e observou a respiração lenta e tranquila, podia ver seu peito subindo e descendo de forma suave.
Cada detalhe de seu rosto parecia capturar a atenção da ruiva de maneira quase involuntária. Havia uma paz ali que parecia inalcançável desde que o mundo se tornara um inferno. O cabelo castanho de Josie estava parcialmente bagunçado, e Hope sentiu uma súbita vontade de ajeitá-lo, como um gesto de cuidado que ela não sabia se caberia a alguém como ela.
Sem dizer nada, desviou o olhar de volta para a estrada. Ela não entendia completamente por que sentia aquele impulso de observa-la, de protegê-la. Talvez fosse o silêncio ao redor que tornava tudo mais íntimo, ou o fato de o mundo lá fora estar repleto de mortos e perigos constantes. E dentro daquele carro, o tempo parecia suspenso. Josie, dormindo ao seu lado parecia trazer uma sensação estranha e inesperada de tranquilidade.
E de tempos em tempos, Hope lançava olhares furtivos para ela, como se a visão de Josie dormindo fosse um tipo de âncora que a mantinha no controle e acordada. Não era algo consciente, mas a simples presença dela trazia algo que ela não estava acostumada a sentir: uma sensação de companhia, de estar menos só.
Porém, a realidade logo voltou a se impor. Ela ouviu um som baixo e metálico, uma espécie de estralo vindo do motor. Seu estômago afundou ao ver o ponteiro da gasolina se aproximando rapidamente da marca de vazio. Ela soltou um suspiro pesado, os dedos batendo contra o volante enquanto seus olhos varriam a escuridão ao redor. Desde que haviam saído de Nova York, não tinham visto nenhum posto de combustível ou sinais de vida. Apenas desolação.
Com um gesto rápido, pegou o mapa que tinha jogado no painel. Estavam em uma rodovia principal, e de acordo com suas anotações, havia uma pequena cidade a alguns quilômetros de distância. Talvez, com sorte, conseguissem encontrar algo por lá.
-Espero que dê certo... - Murmurou para si mesma, dobrando o mapa e voltando a focar na estrada.
Nesse momento, sentiu um movimento ao seu lado. Josie mexeu-se lentamente, como se estivesse lutando para acordar de um sono profundo, seus olhos piscaram algumas vezes antes de finalmente se abrir por completo, focando-se na paisagem que passava pela janela.
-O que... onde estamos? - A voz dela estava rouca, como se ainda estivesse presa entre o sono e a realidade.
Hope lançou-lhe um olhar rápido antes de responder.
-Estamos na rodovia. Saímos de Nova York há algumas horas - Ela fez uma pausa, hesitando por um segundo - Você estava exausta, precisava dormir.
A mais nova assentiu levemente, esfregando os olhos com a palma da mão - Eu nem percebi... Faz tanto tempo que eu não durmo direito, quero dizer... sem contar o coma.
A ruiva sabia exatamente como ela se sentia. O cansaço parecia uma sombra constante, sempre presente, mas raramente aliviado. Ela se permitiu um meio sorriso, mesmo que a outra não o visse.
-Como você está? - Perguntou, mantendo o tom casual, mas com uma preocupação genuína escondida nas palavras.
Josie piscou, olhando para a estrada à frente.
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Quando a Morte Desperta (Hosie)
ФанфикO ano era 2024, e o mundo enfrenta um colapso total devido a uma infecção zumbi de origem desconhecida. Hope, uma soldada marcada por cicatrizes profundas, é encarregada de uma missão crucial: levar Josie, uma jovem em coma, a uma base do governo. J...