Quando a Morte Desperta (Hosie)

Capitulo 28 - O fim da estrada

Clarke esfregou o rosto com força, como se tentasse apagar a confusão que latejava em sua mente. As palavras que acabara de ouvir pareciam se repetir incessantemente, cada uma mais estridente que a outra. Ele sentiu uma mistura de medo e alívio se chocando dentro dele, como uma tempestade que ele não sabia controlar.

Tudo fazia sentido agora. As conversas em voz baixa de seus pais. O modo como os médicos evitavam contato visual com ele. O pavor que via nos rostos deles sempre que falavam sobre Josie. Mesmo depois de tantos anos, as lembranças estavam frescas. E agora, sabendo o que sabia, ele percebeu que, no fundo, sempre teve razão para desconfiar.

Mas o que mais o aterrorizava era que talvez já fosse tarde demais para mudar alguma coisa.

-Espera aí... - A voz do rapaz quebrou o silêncio com um tom desesperado. Ele olhou de uma mulher para outra, os olhos arregalados de incredulidade - Vocês disseram que ela... acordou? Que... está viva? - Sua voz vacilava, oscilando entre a esperança e o medo de acreditar.

Lizzie trocou um olhar rápido com Penelope antes de responder. Sua voz era firme, mas tinha um toque de empatia.

-Sim, ela está viva. Encontramos Josie no hospital - Ela hesitou, respirando fundo antes de continuar - Foi por pouco. Se tivéssemos chegado um pouco mais tarde, eu... sinceramente não sei o que aconteceria com ela...

Clarke se levantou bruscamente, a cadeira rangendo alto no chão de madeira. Sua expressão era uma mistura de alívio e urgência.

-Onde ela está agora? Preciso vê-la.

-Calma ai garotão - A voz de Penelope foi cortante, mas havia algo no tom dela que fez Clarke congelar por um instante - Vamos explicar tudo primeiro e você precisa se acalmar. Não vai ajudar ninguém agindo assim.

Ele permaneceu imóvel por um momento, os punhos cerrados ao lado do corpo. Mas, por fim, voltou a se sentar, seus olhos fixos nas duas mulheres, exigindo respostas.

-Josie não está aqui agora - Continuou a morena, se acomodando na cadeira - Ela foi ao local do acidente junto com uma pessoa de confiança.

Clarke franziu o cenho, confuso - Por que ela voltaria lá?

Lizzie parecia estar escolhendo as palavras com cuidado - Ela... não se lembra de nada, Clarke. Nem de você, nem do acidente e nem de seus pais. Depois do acidente, ela perdeu tudo. As memórias. Quem ela era.

O mais novo piscou, como se o mundo tivesse parado por um segundo - Vocês estão dizendo que ela... esqueceu de tudo? - Sua voz soava oca, quase um sussurro.

-Sim - Sussurrou balançou a cabeça lentamente, os olhos agora voltados para Clarke. - Estamos tentando ajudá-la a lembrar. Achamos que voltar ao local do acidente pode trazer alguma coisa de volta.

Ele inclinou-se para frente, pressionando as têmporas com os dedos, como se tentasse aliviar a dor de uma nova onda de pensamentos - E vocês acham que isso vai funcionar? Que ela vai se lembrar de tudo só porque voltou lá?

A mais velha suspirou, cruzando os braços e olhando para um ponto qualquer no chão - Não sabemos. Mas é tudo que temos agora. Algo aconteceu naquele dia, as memorias dela e a mordida no ombro... tudo esta ligado naquele vale.

Penelope, que estava em silêncio até então, inclinou-se na cadeira e encarou o rapaz diretamente - Foi a escolha dela. Josie quer respostas, e essa era a única forma que fazia sentido para ela. Nós a apoiamos porque... bem, ninguém mais pode fazer isso.

Clarke recostou-se na cadeira, a cabeça inclinada para trás, encarando o teto como se buscasse alguma resposta perdida no vazio. Após um momento, ele voltou a olhar para as duas.