. • ☆ Capítulo 36 ☆ • .

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A luz da lua mal se atrevia a entrar pelas cortinas pesadas, projetando sombras trêmulas nas prateleiras cheias de grimórios que, a cada dia, pareciam mais pesados

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A luz da lua mal se atrevia a entrar pelas cortinas pesadas, projetando sombras trêmulas nas prateleiras cheias de grimórios que, a cada dia, pareciam mais pesados. Eu me sentava à mesa, tentando manter a postura firme, mas meus olhos já não suportavam o peso das palavras no pergaminho à minha frente. Sete meses. Sete meses desde que Malia desapareceu. E o ar ao meu redor parecia mais sufocante a cada nova tentativa falha.

Passei a mão pelos cabelos soltos, agora bagunçados, tentando encontrar qualquer resquício de esperança. As velas tremiam, como se sentissem a tensão que tomava conta de cada canto desta sala, um lugar que um dia eu considerava um refúgio. Meus dedos deslizavam pelas páginas gastas, mas o desespero me consumia. Não pode ser, eu repetia para mim mesma. Eu não posso ter esgotado todas as opções. E, no fundo, eu sabia que a cada dia, a chance de encontrar Malia diminuía.

Senti uma lágrima quente descer silenciosamente pelo rosto. Mas não, não podia me deixar abater agora. Levantei-me com um movimento brusco, a cadeira arrastando-se com um som áspero pela madeira. Revirei outra pilha de livros, minha frustração crescendo com o cansaço. 

Deve haver algo... — murmurei para mim mesma, cada vez mais perdida. As palavras nas páginas começavam a se confundir, e eu me agarrava à esperança, mesmo que ela já estivesse desvanecendo. Malia era mais do que uma amiga, era minha irmã de alma. Eu não podia — não iria — desistir.

Levantei-me lentamente, os músculos rígidos de tanto tempo sentada, e fui até a cozinha em busca de um pouco de água. O silêncio da casa parecia mais pesado à medida que a noite avançava, e o som abafado de meus passos no chão de madeira ecoava pelo espaço vazio. Abri a torneira, deixando a água correr por alguns segundos antes de encher o copo. O líquido gelado escorreu pela minha garganta, mas não trouxe o alívio que eu esperava. Apenas serviu para me lembrar de como tudo parecia sem vida desde que Malia desaparecera.

Olhei pela janela da cozinha. A escuridão da noite lá fora era opressiva, mas hoje eu iria até os Cullens. Eu e Theo havíamos transformado isso em um hábito: uma vez por semana, passávamos por lá, em busca de qualquer nova informação que pudesse nos dar uma pista sobre onde Malia estava. Às vezes, só ficávamos lá, vegetando, revivendo memórias, esperando que algo — qualquer coisa — surgisse. Era a nossa forma de manter a esperança viva, mesmo que, no fundo, já estivéssemos esgotados.

Terminei a água e deixei o copo na pia com um suspiro. Peguei minha jaqueta no encosto da cadeira e me preparei para sair. O ar frio da noite seria uma distração temporária para a dor que nunca me deixava. Enquanto fechava a porta atrás de mim, respirei fundo e senti o cheiro da floresta ao longe, misturado com a brisa suave que passava pelas árvores. Cada passo que dava em direção à casa dos Cullens me lembrava do quanto tudo isso havia se tornado parte da minha rotina — uma rotina que eu desejava nunca ter precisado criar.

Theo provavelmente já estaria lá. Ele sempre chegava antes de mim, como se a ideia de voltar àquela casa o conectasse de alguma forma à Malia. Sabíamos que as chances de encontrarmos algo novo eram mínimas, mas era a única coisa que nos mantinha em movimento, que nos impedia de ceder completamente ao desespero.

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