. • ☆ Capítulo 37 ☆ • .

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Fazia algum tempo desde que a figura encapuzada aparecesse pela última vez

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Fazia algum tempo desde que a figura encapuzada aparecesse pela última vez. Com passos sempre calmos e cuidadosos, ela depositava a marmita e a garrafa de água ao meu lado, sem me encarar diretamente. Mas hoje, minha cela estava vazia, silenciosa, e presença aquela que, por mais misterioso que fosse, havia se tornado previsível, estava ausente. A comida, como de fantasia, tinha um sabor metálico e artificial, e eu engolia cada pedaço tentando ignorar o gosto.

Nos últimos dias, o padrão mudou. Eles me tiram da cela, sempre com a mesma firmeza, e me levam a uma sala ampla com equipamentos de ginástica. Ali, não sou mais Malia, apenas uma marionete que responde aos comandos. Um grupo de pessoas de jaleco branco observa cada movimento, anotando algo em pranchetas sem me dirigir uma única palavra. É estranho: às vezes, me pedem para correr, levantar pesos, ou pular obstáculos, e, em outros benefícios, colocar uma tela na minha frente com jogos que parecem testes de reflexos e memória.

Antes de cada sessão, eu me conecto a um monitor por fios que prendem ao redor da minha cabeça. O barulho dos eletrodos clicando em contato com a pele arrepia meus sentidos, e, naquele momento, um medo constante me consome. Imagine que uma dor excruciante vá me atingir a qualquer instante, mas, curiosamente, isso nunca acontece.

Uma vez, tentei questioná-los. As palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse contê-las, uma mistura de frustração e cansaço: "Por que eu tenho que jogar esses jogos? Qual o sentido de tudo isso?" Mas o silêncio em resposta foi garantido. Nenhuma palavra, nenhum olhar, apenas anotações. Fiquei ali, como se não passasse de um objeto a ser treinado, alguém cujo sofrimento e questionamento não merece resposta.

De volta à cela, o cansaço físico me pesa. Não é apenas o corpo que está exausto; minha mente também carrega um peso insuportável. Minhas lembranças e pensamentos se misturam e se fragmentam com a passagem dos dias, e o sentimento de que algo está errado cresce cada vez mais. Tento me apegar a alguma coisa, uma fagulha de esperança ou lembrança uma familiar, mas as paredes frias e o teto de concreto esmagam qualquer impulso de resistência.

Fico esperando, sem saber ao certo pelo quê: talvez pela figura encapuzada que traria a marmita, ou por alguma mudança no padrão. Algo que me desse uma resposta, uma saída, ou ao menos uma prova de que ainda existe além desses testes.

O campo de ginástica estava irreconhecível. O chão coberto de tatames dava ao lugar uma atmosfera diferente, quase cerimonial, e o espaço parecia mais vazio, despojado de qualquer equipamento que pudesse oferecer pistas sobre o que eu esperava ali. Eu puxei o ar com mais força, tentando entender o que estava prestes a acontecer, mas havia um desconforto crescente em mim, uma inquietação que me deixava em alerta.

O macacão preto que me deram, justo ao corpo, parecia feito para me lembrar que eu estava exposto, sem a proteção de nada além da minha própria força. As linhas brancas que traçaram minha silhueta pareciam quase fluorescentes sob a luz fria do ambiente, desenhando-me como uma espécie de alvo.

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