O Fruto Proibido

capítulo 32

Talvez eu realmente tenha voltado no tempo, porque aqui estou, correndo desesperada pela calçada da universidade, com o coração na boca e amaldiçoando Dante. Fora da universidade, ele é o homem perfeito. Mas dentro daquele ambiente... ele se transforma no professor mais implacável que existe.

Olho o relógio no pulso enquanto entro pelo portão principal. Três minutos. Apenas três míseros minutos para cruzar corredores, subir escadas e conseguir um lugar na sala antes que ele trave a porta. Viro o último corredor praticamente voando e, finalmente, chego à porta...

— Nem pensar, Scarllete. — Dante se vira para mim, a expressão séria. — Quinze minutos de tolerância. Você está... — ele faz questão de olhar o relógio e enfatiza cada palavra com um ar de reprovação — ... dezessete minutos atrasada.

Respiro fundo, tentando acalmar a raiva que começa a borbulhar. Minha culpa? Ele que me fez ficar acordada até tarde ontem à noite. Mas aqui estou, de pé no corredor, implorando.

— Por favor, professor. Só dessa vez. — Tento parecer convincente, mas seu olhar é gelado, como se eu fosse apenas mais uma aluna entre tantas outras.

— Scarllete, já lhe disse antes e vou repetir: você é aluna como qualquer outra. Todos os outros chegaram no horário. Use um despertador da próxima vez — ele sentencia, fechando a porta com calma.

Respiro fundo, frustrada. Ando até o banco do corredor e me sento, olhando para a porta fechada e sentindo a irritação crescer. Dante, eu te adoro, mas neste momento eu te odeio.

Enquanto tento digerir a situação, escuto passos no corredor. A porta se abre um pouco e, para minha surpresa, Dante aparece, agora com uma expressão menos rígida.

— Scarllete, quer revisar a matéria depois da aula? — Ele diz baixo, um leve sorriso surgindo no canto da boca, embora seus olhos mantenham a seriedade.

— Claro, professor — respondo, tentando segurar um sorriso.

Ele voltou para a sala, e eu me ajeitei no banco do corredor, tentando disfarçar o sorriso bobo. Nesse momento, meu celular vibrou, e vi que era uma mensagem de Liam.

> "Essa atuação de professor e aluna merece um Oscar, sério! Até esqueço que vocês têm praticamente um relacionamento."

A gargalhada veio involuntariamente, e precisei abafar o som para não atrair ainda mais atenção. Respondi rapidamente, imaginando a cara de Dante ao saber que estávamos sendo observados tão de perto.

> "Lembre-se disso na próxima vez que ele decidir ser tão rigoroso comigo. Acho que ele leva essa atuação muito a sério."

Logo, Liam respondeu de novo, não resistindo ao humor característico dele.

> "Confesso que a cena foi ótima, mas parecia mais pessoal do que profissional. Acho que ninguém na sala perdeu o 'olhar de maldade' do professor Dante."

Revirei os olhos, rindo baixo. Antes que eu pudesse digitar outra resposta, Liam enviou mais uma mensagem.

> "Vocês dois são um show à parte, Scar. Me avisa quando a temporada acaba."

Soltei um riso um pouco mais alto dessa vez, atraindo olhares curiosos de alguns alunos que passavam pelo corredor. Guardei o celular, respirando fundo para recompor a expressão.

Quem visse de fora, provavelmente nunca suspeitaria que eu e Dante já éramos praticamente inseparáveis fora dali. E, honestamente, talvez esse jogo fosse a parte mais divertida de toda essa situação.

Depois de mais alguns minutos, finalmente a aula terminou, e eu assisti enquanto os alunos saíam um a um da sala. Fiquei no corredor, esperando Dante fazer seu teatro até o fim. Ele demorou alguns segundos para aparecer, olhando em volta antes de finalmente cruzar os braços e me lançar aquele olhar calculado.