Emilly Brooks
A vida longe da minha irmã não foi nenhum pouco fácil, depois de a ter deixado em um convento sofri muito e nunca mais tive notícias suas, tive que aprender a sobreviver e a me virar no mundo.
Tive ajuda de algumas pessoas,mas ainda sim se eu não tivesse aprendido muitas coisas talvez não estaria aqui hoje.
Na mesa do escritório a revolta dominava meu corpo, tinha acabado de perder meu marido e não conseguia notícias do paradeiro de Evie, por mais que eu soubesse onde ficava o convento estava difícil entrar em contato com ela.Sei que ela já completou dezoito anos e que só faltava terminar esse ano letivo para que fosse embora do convento,mas será que algo teria acontecido e ela tivesse ido antes?
Talvez teria fugido dali por não aguentar a rigidez.Peguei o telefone e liguei para Alejandro Dantas- um contato muito importante do meu falecido marido- um delegado que nos mantinha informados sobre tudo, principalmente quando tínhamos um carregamento importante de drogas e armas.
Não estava fácil para mim, a máfia dificilmente respeita mulheres no comando, subestimam nossas capacidades para o mundo do crime e acham que somos frágeis. Eu aprendi a ser bem fria com a vida, mas a saudades de minha irmã me cercava.Fui forçada a deixá-la para trás, não tive alternativa se não ela passaria fome junto a mim nas ruas e graças a madre que a acolheu isso não aconteceu,entretanto,o que está acontecendo agora com ela?
Logo agora que finalmente posso revê-lá, será que não deseja mais me ver?O telefone bipou mostrando estar chamando e ao terceiro toque Alejandro atendeu com sua voz grossa dizendo “Alô”.
— Preciso de ajuda para encontrar alguém! Consegue me fornecer qualquer tipo de informação que tenha sobre essa pessoa?— questionei ele.
—Claro! Só me manda o nome e data de nascimento que vou vê o que acho!
—Não,você não entendeu! Preciso que investigue tudo que achar sobre,mesmo que não ache algum tipo de registro preciso que tente achar essa pessoa…é importante Alejandro.
—Tudo bem chefe! — Alejandro sempre teve a mania de zombar da minha posição.
Embora fossemos grandes amigos sempre percebi um certo interesse dele por mim,mas nunca lhe dei esperanças.
Sempre fui muito apaixonada por Stevies, e não posso me envolver com alguém agora, Stevies tinha recém falecido e as leis da máfia são bem claras e rígidas, aí de quem não cumpri-las.Eu sou uma mulher e bastante superestimada pelos sócios, imagina se em meio ao luto do meu marido eu logo apareço com outro?
Los diabos negros não me perdoariam e me tirariam do poder que é o que eles mais querem, mas ainda não podem fazer isso.
Não, enquanto eu tiver um herdeiro na barriga, um bom “dom” sempre precisa de um herdeiro homem para herdar seu império e sua posição na máfia e foi o que Stevies fez.Acertei outras coisas que precisava saber com Alejandro e desliguei a ligação respirando fundo de nervoso, passei as mãos pela barriga pensando em meu filho.
Stevies,sempre muito teimoso e prepotente, foi querer se crescer em cima dos The Canadians e eles os cercaram e o mataram sem dó nem piedade.Nós dependíamos dos The Canadians para alguns contatos de carregamentos de armas e drogas,entretanto, depois que Matteo Garcia se afastou da liderança deixando sua primogênita e seu marido no comando eles decidiram se fundir por conta própria nos deixando de lado, tínhamos que tentar não perder essa pontinha do iceberg ela faz toda a diferença.
E acabamos não conseguindo e ele foi morto por isso, os The Canadians começaram um forte investimento em fazer outras máfias falirem impedindo carregamentos de chegar e até fazendo alianças com os maiores inimigos que temos.
Tudo me indicava que uma guerra começaria e eu estava tentando impedi-la a todo custo,não poderia ir para uma guerra de domínio de poder agora,tentei marcar uma reunião de proposta de negócio com Zoe e espero que dê certo,pois estou de cabeça quente demais.Me encontrar com Zoe seria um passo para levantar uma bandeira branca, o problema da máfia é que tudo é uma sociedade,porém, alguns são sócios majoritários e ficam no topo e no momento quem está no topo sou eu e posso acabar escorrendo para a boca do capeta.
Amber Heard
Há alguns dias eu vim para a casa desse estranho - corrigindo papai - é terrivelmente estranho e desconfortável conviver com alguém que eu só sei o nome e olha que muitas vezes acabo chamando ele pelo nome errado.
Ficar longe do convento nessa fase difícil do falecimento de Evie está me martirizando, sem as meninas aqui me sinto meio sozinha. Claro que conversamos de vez em quando,porém,não é como antes que ficávamos sempre grudadas.Meu pai,Levi, está com uma guarda provisória esperando o reconhecimento de paternidade, obviamente teríamos que fazer um DNA e ainda tem que ter uma testemunha que acredito eu que será minha madrinha.
Também acho que a justiça irá questioná-lo sobre o porquê de querer assumir minha paternidade agora,porém,até isso acontecer ,ou, até que eu complete dezoito anos, sou obrigada a ficar aqui com ele.Ficar longe do convento,das meninas e do Dean é estranho. Apesar que as coisas não estavam das melhores entre nós dois,não depois da morte de Evie ou do aparecimento de meu pai.
Talvez ele estivesse com medo de que ficássemos separados,ou, preocupação de me acontecer algo como o que ocorreu com Evie.De qualquer forma tudo andava bem esquisito,mas afinal de contas aqui nada é muito normal,né? Eu transo com um padre que já foi ator pornográfico o que é algo totalmente inapropriado.
Minhas amigas são noviças e são lésbicas,menos Maxine que é bissexual, minha mãe engravidou quando estudava em um colégio interno para garotos e garotas.
E meu pai bom… ele ainda é um mistério.De qualquer forma o ano está quase acabando e o meu aniversário está prestes a chegar, a liberdade está quase batendo na porta,mas a culpa e os pensamentos intrusivos também.
Esse tempo longe de todos,por mais estranho que seja me parecia bom, eu podia ficar aqui sozinha dentro do meu quarto com meus pensamentos e por mais insalubres que eles fossem ninguém me julgaria ou atrapalharia.A missa do sétimo dia do falecimento de Evie é daqui dois e eu tenho que ir pedir meu pai para ir, é tão estranho chamá-lo assim. Quer dizer que tudo é estranho,inclusive a maneira como ele quer que a gente se reúna na mesa na hora do jantar, eu sei que é bom ele estar tentando se aproximar e compensar o tempo perdido.
Mas, não sou mais uma garotinha. Nunca serei a garotinha do papai como ele quer me fazer ser.Desci as escadas de maneira apressada para perguntar e logo subir para o quarto, a escada de madeira dá pequenos estalos a cada degrau que desço. Me deparo com Levi, sentado no sofá com um óculos de grau lendo um papel que parece ser importante já que está bem concentrado.
Engulo em seco, parece que a todo momento eu e ele ficamos tensos perto um do outro. É visível o desconforto do desconhecido,somos dois desconhecidos.
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QUENTE COMO O INFERNO
RomanceAmber Heard tem uma vida que causa inveja em muitas garotas de Dark City, é a namorada de um jogador e melhor amiga da vocalista de uma banda bem conhecida na sua cidade. No terceiro ano do ensino médio sua vida ia às mil maravilhas até que junto ao...