21

390 40 21
                                    

Depois de corrermos por longos minutos, despistando umas cinco ou seis pessoas, finalmente chegamos ao carro do Apollo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Depois de corrermos por longos minutos, despistando umas cinco ou seis pessoas, finalmente chegamos ao carro do Apollo. Ele abriu a porta para mim, e quando entrei, uma onda de suor gelado escorreu pelo meu rosto, mesmo em um dia frio.

— Eu ainda não acredito que você fez isso — ele disse, tentando controlar a respiração enquanto ligava o ar-condicionado.

— O que? — perguntei, limpando a testa com a mão trêmula.

— Me beijou, na frente de todo mundo — ele respondeu, seu olhar carregando um leve sorriso que parecia querer se formar.

Era a primeira vez que via Apollo sorrir tanto em um intervalo tão curto de tempo, e isso me agradava mais do que eu poderia expressar.

— Ué, eu disse que só manteríamos isso em segredo até o estadual. Eu fui campeã hoje, então não tinha porque esconder mais — falei, e observei o rosto dele se iluminar por um instante, apenas para se fechar logo em seguida.

— Eu sei, mas depois dessa semana, eu nem lembrei disso. Pensei que, sei lá, nada disso — ele disse, apontando para si mesmo e depois para mim — fosse real, pelo menos não da sua parte.

Essas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu não queria ter ignorado Apollo por uma semana, não era que eu não sentisse nada por ele — eu sentia! E isso era o problema, porque a única pessoa que havia amado antes dele me destruiu completamente. A confiança me parecia uma armadilha dolorosa e difícil de escapar.

— Eu não devia ter te ignorado por tanto tempo. Desculpa, é só... É só que ver o Lucas naquela festa me fez reviver tudo que ele me fez passar, e eu fiquei apavorada. Era como se, toda vez que eu fechasse os olhos, conseguisse sentir ele me machucar de novo... — a voz falhou, e uma pausa me foi necessária para respirar, sentindo os olhos arderem.

Apollo me observava com uma intensidade que me confortava, e colocou a mão sobre meu joelho, como se quisesse me transmitir coragem.

— Eu passei a semana inteira revivendo tudo que aconteceu comigo pelo menos uma vez por dia, e é horrível, cansativo. Eu me sinto tão, mas tão pequena... Como se não conseguisse ser nada além daquela garota frágil, machucada e assustada. E porra, como eu odeio me sentir assim — falei, a voz quase falhando de novo enquanto ele acariciava meu joelho, trazendo uma sensação de segurança.

— Não é que eu não quisesse responder você ou não quisesse seu apoio naquela hora. É que você foi a primeira pessoa que eu deixei encostar em mim depois de tudo que passei, a primeira que eu quis beijar. Toda vez que alguém encostava em mim, eu revivia tudo, sentia-me suja e minúscula de novo. Mas com você, eu nunca me senti assim. Sempre me sinto ótima quando estamos juntos. Quando estamos juntos, consigo esquecer tudo de ruim que aconteceu. Mas quando estou sozinha, tudo volta para me assombrar, me deixando apavorada, com medo de que tudo aconteça de novo.

No fundo, eu sei que você jamais faria algo assim comigo. Mas, infelizmente, o que sinto em relação a tudo isso não vai mudar de uma hora para outra. Confiar e me entregar a alguém é complicado para mim. Eu gosto de você, meu Deus, como eu gosto de você! Dos seus olhos puxados, do jeito como seu sorriso parece ser só meu. Você disse que queria fazer parte da minha vida em tudo, nos momentos ruins e nas noites difíceis, e eu quero isso, quero mesmo! Acho que nunca quis tanto algo. Mas ainda é muito difícil para mim.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora