𝑳𝒆𝒐𝒏𝒐𝒓
A semana tinha sido incrível. Ganhar o estadual era algo que eu realmente precisava; trouxe uma felicidade e uma autoconfiança que há tempos eu não sentia. Mais uma vitória que eu ia carregar, mais uma prova de que eu era capaz.
Outra novidade era que eu tinha voltado a fazer acompanhamento com a psicóloga, pra tratar do meu estresse pós-traumático. Era complicado, às vezes até exaustivo. Reviver tudo o que aconteceu era doloroso, mas eu sabia que era necessário se quisesse melhorar, então me esforçava.
Naquele momento, eu estava no meio de uma missão aparentemente impossível: escolher uma roupa. Íamos sair para um lugar muito bacana em SP, uma roda de cultura de rua, hip-hop na veia. Não era uma batalha de rima, mas um espaço onde tocavam raps clássicos e a vibe era toda old school. Só que, enquanto eu tentava decidir, Apollo estava sentado na cama, mexendo no celular, claramente impaciente com a minha demora. E não o culpo — eu já estava ali, indecisa, fazia mais de uma hora.
— Que tal essa? — pergunto, segurando uma calça cargo e uma camiseta do Tupac num tom mostarda.
— Vai ficar uma delícia — ele diz, dando aquele olhar de aprovação antes de voltar ao celular.
— Você não ajuda, hein? Diz a mesma coisa pra qualquer opção! — reviro os olhos, resmungando.
— Fazer o quê se você fica irresistível com qualquer coisa? — ele responde, me olhando dos pés à cabeça e depois juntando os dedos pra mandar um beijo estalado.
Mordo o lábio pra conter o sorriso. Apollo sempre era assim. Mesmo impaciente, irritado ou chateado, ele me tratava do mesmo jeito, sem perder a leveza. E isso me desmontava. Ele era incrível, doce na medida certa, autoritário na medida certa. Essas primeiras semanas de namoro estavam sendo tudo o que eu nunca pensei que teria. Ríamos de memes, jogávamos FIFA, assistíamos filmes, e ele sempre arranjava um jeito de me surpreender. Uma rosa no caminho, um adesivo novo pro meu skate, LEDs novos pra me ajudar nos vídeos... Eu tentava achar algum defeito nele, mas era difícil. Até as falhas pareciam qualidades aos meus olhos. A única coisa que eu não curtia tanto era a superproteção dele, mas, na maior parte do tempo, nem me incomodava — era só algo que eu não estava acostumada.
Me aproximo e dou um selinho nele.
— Você é o melhor — digo.
Ele sorri e volta pro celular.
Solto um suspiro, sem ideia de qual roupa escolher. Até que tive uma ideia.
— CLEYSON MARCELO! — grito, chamando o Neo, e Apollo toma um susto.
— Que foi, mulher? — ele responde, tirando a mão do peito, e eu caio na risada.
Neo aparece na porta do quarto.
— O que eu fiz agora? — ele pergunta, entrando.
— Até agora, nada. Escolhe uma roupa pra sua irmã. — Faço um coração com as mãos.
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Mil Versos -apollo Mc
Romanceleonor era uma das maiores mcs do rio de janeiro, era apaixonada pelo que fazia , e recentemente foi considera a rainha do tanque , por ser a MC feminina com mais títulos naquela batalha , Léo conheceu a cultura através do seu irmão neo , depois de...