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Depois de um dia naquela roda de samba — que, mesmo que eu odiasse admitir, era incrível, ainda mais para ser em SP —, depois de sambar por horas e ficar com o Apollo assim que chegamos em casa, eu estava esgotada

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Depois de um dia naquela roda de samba — que, mesmo que eu odiasse admitir, era incrível, ainda mais para ser em SP —, depois de sambar por horas e ficar com o Apollo assim que chegamos em casa, eu estava esgotada. Tomei um banho rápido e apaguei. Dormi bem, como nos últimos dias, embora tenha sentido o Apollo levantar da cama pelo menos umas três vezes. Acho que essa é a desvantagem de quem não bebe; demora mais para pegar no sono.

Acordo com uma sede que parece tomar conta de mim. Após minutos de preguiça, levanto devagar, tentando não acordar o japonês que dorme ao meu lado.

Calço meu chinelo e saio do quarto. Na sala, vejo os primeiros raios de sol iluminarem uma parte do vidro da janela. Passo por ali e vou até a cozinha. Abro a geladeira, pego minha garrafa de água, bebo e a guardo de novo.

Então, a tela do meu celular acende em cima do balcão com uma notificação. Aproximo-me, pego o celular e vejo que é uma mensagem de um número desconhecido. Clico para abrir e, ao ler, sinto meu corpo congelar.

Só duas pessoas me chamavam pelo meu segundo nome: uma era minha mãe, quando ficava brava; a outra, o cara que destruiu minha vida

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Só duas pessoas me chamavam pelo meu segundo nome: uma era minha mãe, quando ficava brava; a outra, o cara que destruiu minha vida. Minha mãe está morta... o que só pode significar uma coisa. Lucas.

Flashback on

Eu tinha acabado de ganhar mais uma folhinha numa batalha de bairro no RJ. Estava longe de casa, em Mesquita. Após o freestyle do campeão, sentei-me no balanço da praça para esperar o horário do próximo trem para Caxias. Foi quando um cara se aproximou.

— Aí, você mandou bem lá em cima. Folhinha merecida — disse o garoto de cabelo longo e cacheado, se aproximando.

Eu sabia quem ele era: um dos MCs, o mais experiente ali. Alguns diziam que ele era um dos fundadores da batalha da Telemar, mas ninguém nunca mencionava o nome dele.

— Valeu. Como você se chama, mesmo? — perguntei.

— Da Penha. Todo mundo me chama assim — ele respondeu, acendendo um cigarro.

— Não quero seu vulgo de MC, quero saber seu nome de verdade — falei, e vi um sorriso leve se formar em seu rosto enquanto soltava a fumaça.

— Acho que você é a primeira pessoa a perguntar. Sou Lucas. E você? E nem pense em falar “Leeh”. Quero seu nome de verdade — ele falou, usando minhas palavras contra mim, arrancando uma risada minha.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora